Bolsonaro deve vetar saque do saldo do vale-alimentação

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve vetar a possibilidade de o trabalhador sacar em dinheiro o vale-alimentação que não for usado, presente em proposta que altera regras do benefício. O governo deve alegar que a medida traz insegurança jurídica. Membros do governo avaliam que, apesar de a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) indicar que o benefício tem caráter indenizatório, o pagamento em dinheiro desse saldo gera dúvidas sobre a natureza dos recursos —podendo ser vista como remuneratória e, portanto, passar a sofrer tributação. A possibilidade já havia sido antecipada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente e relator do projeto —decorrente de uma MP (Medida Provisória) enviada pelo governo para mudar as regras do benefício. A proposta foi aprovada no começo de agosto pelos congressistas. O prazo para sanção é esta sexta-feira (2). Parlamentares darão a palavra final sobre o texto, podendo derrubar os vetos do chefe do Executivo. O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia em Brasília – Adriano Machado – 30.ago.22/ReutersSegundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a possibilidade de o auxílio-alimentação poder ser sacado em dinheiro pelos funcionários caso não seja usado em 60 dias ainda é um risco ao setor. Para a entidade, essa medida desvirtua a função primordial do auxílio, que é garantir a alimentação do trabalhador, pois permitirá que o valor seja usado em outros tipos de gastos. Há controvérsia sobre a mudança. Para Fernanda Borges Darós, advogada e sócia do escritório Silveiro Advogados e especialista em direito empresarial (PUC-RS), a medida é acertada. “É preciso lembrar que o auxílio-alimentação pertence ao trabalhador e cabe a ele dispor deste recurso da melhor forma que lhe aprouver, desde que não desvirtue a sua finalidade”, afirmou. De acordo com ela, tanto o auxílio quanto o vale-refeição podem estar previstos em negociação sindical ou serem ofertados pelo empregador por liberalidade por meio de inscrição no PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Portanto, não integra a remuneração do empregado e não cabe tributação, como Imposto de Renda. Bolsonaro deve vetar ainda outro trecho, conforme indicou equipe econômica à época da votação no Congresso. Parlamentares incluíram a possibilidade de repasse das sobras da contribuição sindical obrigatória, que foi extinta em 2017, para centrais sindicais. Presidente de honra da Força Sindical, Paulinho da Força (SD-SP) foi escolhido relator da MP pela proximidade que tem com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O dispositivo que trata da possibilidade de repasse do saldo residual de contribuição sindical para centrais deve encerrar disputa pelo recurso, que pode superar R$ 600 milhões. Essa verba teria sido repassada ao Ministério do Trabalho por erros de preenchimento na época. Estes recursos já deveriam ter sido entregues às entidades, segundo elas —e o texto as atende. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/bolsonaro-deve-vetar-saque-do-saldo-do-vale-alimentacao.shtml

Quais são os desafios para a continuidade da retomada do mercado de trabalho

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O mercado de trabalho segue dando bons sinais ao longo de 2022. A melhora no primeiro semestre pode ser explicada tanto pela volta da circulação de pessoas e mobilidade, o que acontece graças ao controle da pandemia e avanço da vacinação, como também por um aquecimento da economia maior do que era esperado no início do ano. Nesses últimos resultados, os dados positivos têm sido disseminados e com destaque para serviços e comércio, justamente os que mais sofreram ao longo da pandemia e que se beneficiam por essa volta da circulação. Ao mesmo tempo, têm atingindo quase todas as categorias de trabalho, inclusive com maior crescimento dos empregos formais, que geralmente são relacionados com empregos de maior produtividade e salários. Apesar dessa retomada do mercado de trabalho, a renda média real do trabalho continua em patamar muito baixo. O maior desafio encontrado agora é manter esse ritmo de criação de vagas e expandir essa melhora para a renda, onde vai ser possível ver um crescimento do poder de compra dos consumidores. Para isso, o primeiro passo é conseguir controlar a inflação, que acaba sendo uma vilã no orçamento das famílias mensalmente. Mas o cenário da manutenção desse ritmo de recuperação é que deve ser o mais difícil. Com o controle da covid-19, a atividade econômica passa a ser a principal responsável por ditar esse dinamismo. As últimas previsões mostram que a virada para 2023 deve mostrar uma desaceleração da economia brasileira e, consequentemente, atingir a retomada dos empregos. Em resumo, no curto prazo, ainda pode ser esperada novas reduções da taxa de desemprego, mas, quando se olha ao médio e longo prazos, essa melhora pode estar limitada. Fatores como incerteza adicionada pelo período eleitoral, variáveis macroeconômicas em patamar negativo e riscos fiscais para 2023 ainda pesam no sentido contrário da recuperação do mercado de trabalho. https://www.estadao.com.br/economia/rodolpho-tobler-desafios-mercado-de-trabalho/

Serviços seguem ‘estrela’ do PIB, e empresários fazem caixa enquanto esperam 2023 mais difícil

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A esperada recuperação do setor de serviços deu as caras mais uma vez no segundo trimestre de 2022. A alta de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no período teve participação relevante do segmento, o maior da economia brasileira, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria teve desempenho mais positivo na passagem do primeiro para o segundo trimestre, com alta de 2,2%, mas os serviços seguem como ‘estrela’ do PIB, com desempenho significativo em todas as comparações: frente ao trimestre anterior, a alta foi de 1,9%; ante o mesmo trimestre de 2021, de 4,5%; e, no acumulado em quatro trimestres, de 4,3% – enquanto isso, a indústria ainda tem resultados modestos. O consumo das famílias subiu 2,6% no trimestre ante os três meses anteriores, quase que inteiramente puxado pelos serviços. Dados do Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicados antes da divulgação desta quinta, davam sinais de que ao menos 80% de todo o crescimento do consumo das famílias no trimestre viria dos serviços. E cerca de 40% sairiam de alojamento e alimentação. “Tivemos o melhor agosto da nossa história. E também o melhor Dia das Mães, o melhor Dia dos Pais, o melhor domingo…”, conta Leonel Paim, sócio dos restaurantes Osteria Generale e Via Castelli, em São Paulo. De abril para cá, os negócios de Paim têm batido recorde atrás de recorde ao unir a retomada do salão com a operação aperfeiçoada de delivery — lição que ficou dos tempos de fechamento da pandemia. As entregas representam hoje 40% do faturamento. Mas as boas notícias são dos últimos trimestres. Paim teve que demitir 35 funcionários para passar pelos momentos mais críticos dos restaurantes. Não fez dívidas bancárias apenas porque não conseguiu tomar empréstimos. Foi recusado tanto pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) quanto pelo programa estadual Desenvolve SP. “Estava pronto para quebrar, mas queria cair de pé. Tenho funcionários com 30 anos de casa. Um deles conheci enquanto namorava, e hoje ele é avô. Queria ao menos pagar a multa para destravar o FGTS de todos”, afirma o empresário. O misto de delivery, negociação com fornecedores e aportes dos sócios segurou as pontas até a reabertura. Ainda assim, houve alguma dificuldade para calibrar os estoques e pagar salários cheios quando havia incerteza se bares e restaurantes poderiam ficar abertos. Passado mais esse momento, foi hora de aproveitar o retorno dos clientes, que se intensificou após a vacinação contra a Covid-19. A cautela, porém, persiste. Paim diz que não espera que o furor permaneça. “Havia muitos eventos represados, comemorações não feitas, vontade de festejar o que não foi festejado. Uma hora isso passa”, afirma.Preocupações que seguemO temor de Paim é compartilhado por empresários e economistas ouvidos pelo g1. Em resumo, a percepção é de que os bons números da economia no primeiro semestre deste ano foram resultado de uma abertura mais vigorosa e de estímulos à economia, mas a conjuntura à frente é mais desafiadora. Isso porque a subida de juros deve começar a causar uma desaceleração de investimentos no país e a perspectiva de uma recessão global pode prejudicar o crescimento pela via da exportação. Por fim, o aumento de despesas do governo – que driblou o teto de gastos para garantir suporte à economia em ano eleitoral – deve cobrar seu preço na virada do ano, com mais receio de investidores globais sobre as contas do país. Sempre que isso acontece, há mais pressão sobre o câmbio e inflação. Juliana Trece, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e coordenadora do Monitor do PIB, afirma que o resultado do PIB neste segundo trimestre reforça o desempenho melhor do que o esperado da economia brasileira, mas os números podem não se repetir em 2023. No primeiro semestre, a economista vê um claro efeito da demanda represada pelo consumo de serviços por conta dos fechamentos da economia nos últimos anos. Faixas de renda mais alta da população conseguiram acumular algum dinheiro, que foi despejado na economia agora. Além disso, houve ajuda da liberação emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas como as duas principais medidas que injetaram dinheiro no consumo das famílias. “O crescimento veio de meios artificiais, não de um motor robusto. A dúvida é quando os efeitos da política monetária vão começar a afetar a taxa de desemprego e a atividade econômica, o que tira mais renda da população”, diz a economista.Outro ponto importante é que não há clareza da agenda econômica dos principais candidatos à presidência da República, e parte das políticas de incentivo à economia podem terminar na virada do ano. Por fim, o aumento de gastos para financiá-las aumenta a desconfiança do mercado financeiro sobre a sustentabilidade das contas públicas. “Estamos em ano eleitoral e independentemente de quem vencer, teremos um 2023 com muitos desafios”, afirma. ‘Lua de mel’ com ressalvasNa segunda metade do ano, novos estímulos governamentais devem segurar o crescimento em alta. O boletim Focus desta semana aponta que o PIB deve chegar a 2,10% em 2022, contra 2,02% previsto anteriormente. Já para 2023, a previsão de alta recuou de 0,39% para 0,37%. Por ora, são duas as medidas que devem ampliar o consumo: a primeira é o teto do ICMS para produtos essenciais — que forçaram a redução dos preços de combustíveis, por exemplo, e devem ajudar uma realocação da renda que iria para esses insumos em direção a outros gastos. A segunda é o reforço de renda com a aprovação da PEC Kamikaze, que permitiu o aumento de valores de políticas sociais, como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e a concessão de vales para taxistas e caminhoneiros. “Cerca de 80% do setor de bares e restaurantes fatura na faixa de R$ 20 mil por mês. Os auxílios são ‘injeção na veia’ na base da pirâmide, que é o público-alvo desses empresários”, diz Paulo Solmucci, presidente da

Setor de serviços cresce 1,3% com reabertura e estímulos de FGTS e INSS

O setor de serviços cresceu 1,3% no Brasil no segundo trimestre de 2022, frente aos três meses imediatamente anteriores, informou nesta quinta-feira (1º) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado é reflexo de fatores como a continuidade da retomada dos serviços presenciais, melhora no mercado de trabalho, medidas de estímulo (FGTS e antecipação do INSS) e crescimento do crédito, segundo o IBGE. A alta da inflação no período e o aumento dos juros jogaram no sentido contrário. Os serviços formam o principal setor do PIB (Produto Interno Bruto) pela ótica da oferta, com peso de cerca de 70%. No segundo trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior. O ramo de serviços vai de pequenos comércios, bares e restaurantes a instituições financeiras e de ensino. Também é o principal empregador no país. Dentro dos serviços, outras atividades de serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) puxaram a alta. Em outras atividades de serviços, estão os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia. Restaurantes e hotéis fazem parte da lista, afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Com o resultado, o segmento de outras atividades de serviços está 4,4% acima do patamar pré-pandemia. Além da demanda reprimida, medidas de estímulo adotadas pelo governo federal às vésperas das eleições também respingaram no setor, conforme analistas. Liberação de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e antecipação do 13º de aposentados estão entre as ações registradas no segundo trimestre que ajudaram a puxar o crescimento do PIB. A recuperação de serviços, contudo, encontra ameaças no cenário dos próximos meses. A inflação ainda afeta os preços do setor, e os juros mais altos jogam contra o consumo. Na indústria, a alta foi de 2,2%. Trata-se do segundo resultado positivo consecutivo do setor, após queda de 0,9% no quarto trimestre do ano passado. O instituto destaca os desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos. Também ficaram acima da variação do PIB os crescimentos de 2,7% na construção, de 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação. Parte das fábricas ainda enfrenta escassez de insumos, um quadro influenciado pelo desajuste das cadeias produtivas na pandemia. A alta dos preços de matérias-primas também desafia o segmento industrial. A agropecuária, terceiro dos grandes setores do PIB pela ótica da oferta, variou 0,5% no segundo trimestre deste ano. Preços de commodities agrícolas subiram no mercado internacional após o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro. No entanto, as cotações deram sinais de trégua nos últimos meses, em meio a projeções de desaceleração da economia global. A agropecuária também foi afetada neste ano pela seca em regiões produtoras como o Sul. Apesar dos efeitos climáticos negativos, a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar o recorde de 263,4 milhões de toneladas em 2022, conforme estimativa de julho do IBGE. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/setor-de-servicos-o-principal-do-pib-cresce-13-no-segundo-trimestre.shtml

Eleição, inflação e retenção de talentos: o que tem tirado o sono dos CEOs de grandes empresas

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A vida tem sido turbulenta para os CEOs das grandes empresas nos últimos meses. Depois de enfrentar os efeitos da pandemia, seja nos indicadores financeiros ou no modelo de trabalho, os executivos se depararam com a guerra na Ucrânia, inflação alta e uma eleição presidencial, que deixa o ambiente mais nebuloso no mundo dos negócios. Para completar a lista de assuntos que têm tirado o sono desses líderes, há ainda o problema de escassez de talentos, novos comportamentos do consumidor e até um processo de reestatização. Nesse cenário, o desafio é encontrar estratégias num cenário cheio de incertezas e ainda manter o time engajado. “Hoje o mais importante é ter agilidade na transformação porque tudo muda rapidamente e de forma inesperada”, afirma o CEO da Vicunha, Marcos De Marchi. Na avaliação dele, o papel do presidente é conseguir montar uma equipe capaz de criar mecanismos e ferramentas para superar qualquer desafio, seja uma eleição, uma pandemia ou inflação alta. Além das questões macro, a organização interna das empresas, que vêm enfrentando grandes transformações turbinadas pela pandemia, também preocupa os CEOs. O conselheiro da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), César Souza, fundador da Empreenda – consultoria de reflexão estratégica, que tem clientes como Basf, 3M, Nestlé, Embraer e Comgás –, afirma que hoje a falta de comprometimento dos times e mudanças constantes no ambiente organizacional estão dificultando a execução da estratégia. A ausência de gestores qualificados para cargos de liderança, por sua vez, sugere um apagão de talentos. “Na última pesquisa que fizemos, 71% dos 250 líderes empresariais que ouvimos disseram que não tinham líderes qualificados no time para executar sua estratégia. Isso é gravíssimo.” A diretora-geral do Twitter no Brasil (cargo equivalente a CEO na empresa), Fiamma Zarife, faz questão de destacar que vida de CEO não é cheia de glamour, vitórias e troféus. “Há muito trabalho duro, ansiedade e tensão envolvidos na tarefa de fazer um negócio prosperar. É preciso equilibrar muitos pratos.” De um jeito ou de outro, no entanto, cabe ao executivo encontrar soluções para resolver os problemas. O CEO da empresa de educação Inklusiva, Carlos Jacobino, diz ainda que fatores externos, como uma pandemia, também obrigam os profissionais a reinventar o negócio e suas diretrizes, reorganizar os times e, muitas vezes, tomar decisões que impactam a vida das pessoas, como nos casos que exigem demissão. Para completar, diz César Sousa, outros assuntos que também são desafios a serem superados pelos CEOs são a busca constante por inovação, a transformação digital e a sucessão familiar. Segundo ele, esse último ponto representa “um inferno” para os fundadores de empresas que querem passar o bastão para a próxima geração. “Os filhos vão para o exterior fazer MBA e voltam dois anos depois com ideias completamente diferentes para o negócio. A transição tira o sono por causa desse choque geracional”, exemplifica. O ponto mais crítico, no entanto, é a mudança de hábitos dos consumidores, que estão cada vez mais difíceis de fidelizar. “Os CEOs atiram para tudo quanto é lado porque não conseguem botar o dedo no pulso do cliente para saber o que ele quer”, explica. “As empresas ainda não têm uma cultura voltada para os clientes, estão muito voltadas para si e para o produto. Aí gastam fortunas em publicidade, mas ainda assim não conseguem fidelizar.” Confira o que dizem os CEOs entrevistados pelo Estado: ‘Desafio é ter agilidade para acompanhar mudanças rápidas e inesperadas”De Marchi, da Vicunha, diz que mudança e encarecimento da logística preocupamDe Marchi, da Vicunha, diz que mudança e encarecimento da logística preocupam Foto: VLADI FERNANDESApesar da instabilidade de uma eleição que vem pela frente, o CEO da indústria têxtil Vicunha, Marcos De Marchi, afirma que hoje a maior preocupação na empresa é ter agilidade na transformação dos processos para acompanhar as mudanças que ocorrem de forma tão rápida e inesperada. “A eleição é só parte do cenário. Estamos em todos os países da América Latina e as eleições sempre mudam tudo. Mas tem outras coisas desafiadoras, como a mudança na logística por causa da pandemia”, diz o executivo. “Rotas que antes eram baratas hoje são caríssimas e complicadas. É preciso preparar a empresa para ser ágil.” Segundo o engenheiro, que veio da indústria química, a pandemia criou outra “saia justa” em sua trajetória como CEO por conta da maxidesvalorização do real. “Foi um desafio enorme na época. A gente aprendeu a adotar medidas duras com respeito ao social”, relembra, dizendo que foi bastante teimoso junto ao conselho da empresa que liderava para conseguir evitar demissões. “Reduzimos os salários de todos, inclusive da diretoria. Seria bobagem demitir por causa de alguns meses de instabilidade. Foi tenso, mas dali a três meses retomou com tudo e ainda veio o trunfo positivo, com a retomada do consumo de produtos químicos ligados à sanitização.” Hoje, De Marchi afirma que não tem mais medo de nada como líder empresarial e acredita que regras claras de governança, equilíbrio emocional e um networking de confiança sejam as principais armas em cargos como o dele. “A gente opera em vários países difíceis, onde a estabilidade política e econômica já é ‘punk’”, observa. “Mas, para nós que viemos da era da inflação, não é um bicho papão. O papel do CEO é trazer especialistas e orquestrar para que a empresa funcione em qualquer cenário.” Com os dias contados na Vibra Energia e de malas prontas para assumir a Eletrobras, Wilson Ferreira Junior conta que o que tem tirado seu sono são possíveis retrocessos na economia. Ele se refere a uma possível reestatização da empresa recém-privatizada pelo governo, conforme cogitou o candidato e ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. “Neste momento, a eleição me preocupa. Eu sou um liberal e, portanto, defendo a economia de mercado, a competição e a capacidade de atração de capitais via privatizações e concessões”, diz o executivo. Ferreira Júnior comandou a reestruturação da Eletrobras no governo Temer e saiu em 2021 para fazer o follow on da então BR-Distribuidora, hoje Vibra Energia. Após a privatização da