DataFolha: 98% dos jovens querem que Ensino Médio prepare para mercado de trabalho
Levantamento foi encomendado pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande Por Bruno Alfano — Rio Quase todos os jovens brasileiros (98%) que estão hoje no Ensino Médio das redes públicas querem uma escola que os prepare para o mercado de trabalho e 9 em cada 10 gostariam de escolher uma área para aprofundar estudos durante a etapa, afirma pesquisa DataFolha encomendada pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande. Retomada: Com testagem e reforço, primeiro semestre presencial já apresenta bons resultados nas escolas brasileirasEnsino superior: Após cortes, reitor de universidade federal relata contas de água e luz atrasadas e evasão de alunos O levantamento foi realizada entre 8 de fevereiro e 18 de abril deste ano, com representatividade nacional, regional e para cada uma das 27 Unidades da Federação.Ela aponta ainda que a grande maioria dos estudantes acredita que a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg pode melhorar a aprendizagem e 2 em cada 3 jovens querem cursar o Ensino Superior. — Os jovens querem uma escola que amplie seu leque de oportunidades, que ofereça escolhas que lhes permitam trilhar diferentes caminhos de vida, a educação técnica e o ensino superior. Ressignificar o ensino médio deve ser uma grande prioridade para a atuação das próximas gestões , tanto no governo federal, quanto nos estados — afirmou Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação. O levantamento aponta ainda que os jovens pretendem continuar estudando após concluir o Ensino Médio. São 65% os que desejam cursar uma faculdade (36% somente a faculdade e 29% conciliando com trabalho), embora dados do IBGE apontam que apenas 24% dos jovens de 18 a 24 anos estão no Ensino Superior. Além disso, 22% dos estudantes querem fazer um curso técnico após o Ensino Médio (12% só o curso técnico e 10% conciliando com trabalho). — As mudanças curriculares em curso, trazidas pelo chamado Novo Ensino Médio, precisam ser aprimoradas e implementadas pelas próximas gestões, juntamente com outros fatores estruturais, como a expansão das escolas em tempo integral, a valorização e a formação de professores, avanços na infraestrutura e na gestão escolar e o apoio dado pelas Secretarias de Educação às escolas — afirma Gabriel. No novo ensino médio, que já começou a ser implementado neste ano, são 1.800 horas de formação básica (em todas as disciplinas) mais 1.200 horas de itinerários formativos, em que os estudantes supostamente poderão escolher entre disciplinas eletivas, aprofundamento de uma das áreas de conhecimento e Projeto de Vida, em que os professores trabalham as competências socioemocionais, de carreira e de mercado de trabalho. O modelo é defendido por entusiastas como flexível e com potencial de aumentar o interesse dos jovens. Mas críticos afirmam que a redução dos conteúdos de formação geral é prejudicial. Especialmente para os estudantes mais pobres, na avaliação desses especialistas. Eles alertam que estes não terão oferta adequada nos itinerários formativos na escola pública —o que, na prática, significa que não terão a possibilidade de cursar o ensino técnico e nem terão muitas escolhas. A pesquisa ainda aponta que mais de 80% dos jovens enxergam como alta a probabilidade de estudar em escolas com características iguais às de tempo integral. — O desenvolvimento do Protagonismo e do Projeto de Vida são dois aspectos chaves desse modelo e que chamam atenção dos estudantes por serem componentes curriculares que os preparam melhor para o futuro ao mesmo tempo em que consideram a experiência pessoal de cada um. Não à toa, um em cada três estudantes que já estudam no Ensino Integral considera que Projeto de Vida é sua característica preferida — destaca Ana Paula Pereira, diretora-executiva do Instituto Sonho Grande. https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/noticia/2022/08/datafolha-jovens-querem-preparacao-para-trabalho-e-possibilidade-de-escolha-no-ensino-medio.ghtml
Taxa de desemprego pode chegar perto de 8,5%, diz presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira, 15, que a retomada do mercado de trabalho brasileiro foi surpreendente e avaliou que a taxa de desemprego no País pode chegar perto de 8,5%. “Isso volta muitos anos atrás em termos de desemprego. Essa é a grande surpresa. Outros países têm mudança estrutural de mão de obra, mas o Brasil é destaque na América Latina”, enfatizou Campos Neto, em evento promovido pelo Instituto Millenium. O presidente do Banco Central avaliou que ainda há um hiato no mercado de trabalho, e admitiu que é difícil prever a taxa neutra de emprego no País. “Alguns economistas falam entre 6% e 9%, alguns que estimavam 9% agora falam em 7%.Há um dispersão grande no mercado sobre taxa neutra de desemprego e não tentamos estimar. O nosso entendimento é de que ainda há hiato, ainda há sobra nessa conta”, respondeu Campos Neto. https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2022/08/15/taxa-de-desemprego-pode-chegar-perto-de-85-diz-presidente-do-bc.htm
Dia Mundial da Juventude: desemprego é desafio para jovens e para a sociedade
Reportagem especial sobre a data aborda medidas para inclusão da nova geração no mercado de trabalho Perfis de jovens 12/08/22 – “Disseram que eu precisava ter experiência profissional. Mas como vou ter, se não me dão uma chance?”, questiona a estudante Maryana Melo, de 18 anos. Essa é uma dificuldade compartilhada por grande número de jovens na fase de transição da educação formal para o mercado de trabalho. E as transformações sociais, econômicas e tecnológicas, aceleradas com a pandemia da covid-19, podem estar agravando esses desafios, o que exige atenção de todos os atores envolvidos nas políticas para inserção de jovens no trabalho. Essa reportagem especial celebra o Dia Internacional da Juventude, comemorado anualmente em 12 de agosto. Criada em 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data tem o objetivo de celebrar o papel dos jovens para gerar mudanças e debater os desafios enfrentados pela juventude mundial. Desemprego Entre os brasileiros de 14 a 17 anos que integram a força de trabalho (ou seja, que estão em busca de emprego), 36,4% estavam desempregados no primeiro trimestre deste ano. Na faixa etária de 18 a 24 anos, o índice era de 22,8%. Os números são bem superiores aos registrados há uma década: no mesmo período de 2012, a taxa de desocupação para a população de 14 a 17 anos era de 22,1%, e, na faixa etária de 18 a 24, era de 15,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pandemia e crise A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem alertado para o problema do desemprego entre jovens no mundo todo, especialmente a partir da pandemia. Entre os problemas advindos da crise de saúde para essa parcela da população estão a interrupção de programas educacionais e de formação e do vínculo com o mercado de trabalho, a perda de emprego e de renda e a perspectiva de mais dificuldades para, no futuro, encontrarem uma ocupação. A crise econômica agrava os desafios. Para boa parte da população jovem, buscar emprego se tornou uma necessidade, em razão da queda da renda das famílias. Em 2021, o rendimento mensal real domiciliar por pessoa foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Pior trajetória “Com o mercado formal incapaz de absorver essa força de trabalho, cresce o risco de a nova geração de trabalhadores se sujeitar a empregos de pior qualidade – com remunerações mais baixas e sem proteção social”, alerta a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Kátia Arruda, que, por sete anos, coordenou o Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho. “Isso simboliza uma tendência de pior trajetória para esses jovens”, diz, lembrando que o problema penaliza, principalmente, quem é mais pobre. Evasão escolar Outra consequência negativa dessa realidade é que ela pode levar à interrupção dos estudos. No ano passado, a taxa de abandono escolar no ensino médio na rede pública mais que dobrou: 5,6% dos estudantes deixaram a escola, frente a 2,3% em 2020. E acessar o ensino superior se torna um objetivo cada vez mais distante. Para se ter uma ideia, os volumes de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para a faculdade, foram os dois piores da história em 2020 e 2021. Desigualdade Sem educação formal e sem empregos que proporcionem o desenvolvimento profissional, fica ainda mais difícil acessar melhores empregos e melhores condições de vida no futuro. A OIT alerta que esse contexto pode trazer implicações sociais mais profundas, como aumento das desigualdades e da instabilidade decorrente do crescimento de conflitos sociais. “Temos uma geração grande de jovens nessa transição e estamos dando poucos incentivos para se qualificarem. Se perdermos esse timing, pode haver uma cicatriz, porque o efeito no mercado de trabalho é de longo prazo”, destaca o especialista em Mercado de Trabalho e Políticas de Emprego do escritório da OIT no Brasil, Aguinaldo Maciente. “O jovem que não se qualifica adequadamente, agora, para ser um trabalhador produtivo e com melhor remuneração terá impactos em toda a sua vida. E o setor produtivo também sentirá esses efeitos”. Na opinião dele, o tema requer atenção imediata no país. Pessimismo Chama a atenção, ainda, que os jovens brasileiros estão pouco otimistas. A pesquisa The Changing Childhood Project, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e divulgada em 2021, perguntou a diferentes gerações suas opiniões sobre o mundo. O levantamento foi realizado em 21 países. Ao serem questionados sobre se o mundo está se tornando um lugar melhor para cada nova geração, somente 31% de adolescentes e jovens brasileiros disseram que sim, o segundo percentual mais baixo (atrás apenas do Mali, país da África Ocidental). Mas os brasileiros estão entre os que mais citam a educação como principal fator para o sucesso (59%, ante 36% da média dos demais países). O segundo fator mais mencionado foi trabalho árduo (para 27% dos jovens). Encurtando distâncias Para a ministra Kátia Arruda, a situação exige uma ação da sociedade e uma política pública eficaz. “A Lei da Aprendizagem”, defende, “é uma dessas políticas, que já mostrou resultados importantes e que não pode ser diminuída”. A Lei 10.097/2000, chamada Lei da Aprendizagem, foi criada para regulamentar essa modalidade de contratação e, dessa forma, encurtar a distância entre a educação formal e o mercado de trabalho. Seus dispositivos objetivam a criação de vagas para estudantes com mais de 14 anos e estabelece uma série de regras para que adolescentes e jovens tenham acesso a emprego digno, com a minimização do impacto sobre a vida escolar ou acadêmica. A legislação foi alterada, em maio de 2022, pela Medida Provisória (MP) 1.116, ainda em apreciação pelo Congresso Nacional. “Essa é uma das políticas públicas mais importantes da atualidade para a inserção de jovens no mercado de trabalho”, defende a ministra do TST. “Ela exige que jovens continuem tendo acesso à educação formal e possibilita que aprendam
Exigência de divulgar salário em vagas de emprego trará foco a plano de cargos e salários de empresas; entenda
Política salarial tem como objetivo definir o que é pago ao trabalhador de acordo com as responsabilidades e exigências dos cargos em relação à realidade do mercado e tem ainda a função de atrair e reter os profissionais. Por Marta Cavallini, g1 O projeto de lei que determina a divulgação da faixa salarial em anúncios de emprego pode trazer grandes mudanças para as empresas – entre elas, o foco em relação aos funcionários já contratados e a necessidade de uma política transparente de cargos e salários. O projeto de lei 1.149/22, que tramita na Câmara dos Deputados, determina a obrigatoriedade de informar a faixa salarial na divulgação das vagas e vale para empresas públicas e privadas. Em caso de descumprimento, a multa é de cinco salários mínimos. “As empresas terão que se readequar para não ficar em desvantagem no mercado de trabalho, com políticas mais claras de cargos e salários. Ou seja, uma grande mudança com impacto relevante para todas as partes. Vencerá este jogo quem tiver a marca empregadora mais forte”, avalia Ketlhenn Layla Xavier Monteiro, analista de Recursos Humanos da Confirp Contabilidade. Para a especialista, se a lei for aprovada, o foco será em relação a quem já está contratado. “Imagine que para suprir uma vaga complexa a empresa tenha que elevar os valores que paga normalmente para funcionários que atuam na mesma função, mas que recebem menos. Por isso, será de extrema importância realizar o mapeamento das competências juntamente com os cargos e salários para enxergar de forma ampla e criar um plano de ação dentro da organização”, alerta. Segundo ela, as empresas podem ter os melhores benefícios, mas as que pagam mais sempre estarão à frente na visibilidade das vagas no mercado, aumentando a competividade pela mão de obra qualificada. Assim, haverá a necessidade de estabelecer boas políticas de remuneração, com um processo apurado de cargos e salários. A importância da política de cargos e salários Ketlhenn explica que a política de cargos e salários exerce papel determinante no desempenho e no resultado das empresas – ela define a importância e a preocupação que a organização dá ao seu potencial humano e como ela retribuiu o trabalho executado. “Com isso, a construção do plano de cargos e salários torna-se de fundamental importância, pois é somente a partir dele que podemos pensar em outras estratégias como a implantação de um plano de carreira, planos de treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e outras práticas de remuneração, como programas de remuneração variável, participação nos lucros e resultados, remuneração por habilidades e competências, entre outras”, diz. O que é plano de cargos e salários De acordo com a especialista em RH, a política de cargos e salários é uma estratégia que equilibra os salários, ou seja, paga o trabalhador de acordo com as responsabilidades e exigências dos cargos em relação à realidade do mercado, e tem a função de atrair e reter os profissionais. “É fundamental para que a empresa possa desenvolver uma gestão transparente, por meio do mérito pelos resultados obtidos e pela evolução técnica, a partir de critérios lógicos e bem definidos”, diz. Como implementar Para implementação desse plano de cargos e salários é necessário o alinhamento entre a diretoria e os gestores e o envolvimento de profissionais de RH que conheçam as metodologias de avaliação de cargos e trabalhem no detalhamento de todas as informações de forma clara e objetiva. Definição dos salários A definição dos salários envolve pesquisa de mercado para desenvolver estatisticamente os comparativos e equilibrá-los com a oferta externa e a realidade econômica da empresa, aplicando-os de acordo com a estrutura da companhia. Para chegar a uma remuneração adequada, é feita uma pesquisa de mercado dentro dos cargos semelhantes. São ainda levados em consideração a complexidade das atribuições, o perfil requisitado e o nível hierárquico, além da localidade, do porte e da atividade da empresa. As empresas precisam fazer essa pesquisa de forma rotineira para se adequarem ao momento do mercado. Avaliação dos cargos Dentro do plano de cargos e salários estão descritas as atribuições de cada função, as exigências de formação e de experiência e as faixas salariais. As avaliações dos cargos devem ser feitas de acordo com seu peso de importância na atividade da empresa, sendo que as atribuições de cada um devem ser detalhadas com a participação de gestores, equipe do RH e ocupantes dos próprios cargos por meio de questionários e entrevistas complementares. Como são definidas as faixas salariais Os cargos geralmente são divididos em níveis júnior, pleno e sênior, pois nesse caso é levado em conta o tempo de experiência do profissional. Por isso, as faixas salariais são diferentes para cada nível. O mesmo cargo pode ter grandes variações de salário dependendo do nível de experiência do profissional. Nessa conta entram ainda o quanto a experiência é relevante para o cargo, o que pode aumentar ainda mais a diferença entre o nível júnior e sênior, por exemplo. Além disso, o salário também varia de acordo com o tamanho da empresa. A exigência de formação também determina as faixas salariais. Cargos que estão com grande demanda de mão de obra e escassez de profissionais por justamente pedirem formações, experiências e conhecimentos específicos tendem a ter salários mais valorizados. Nesses casos, eles geralmente são precificados pelo mercado e não pela política salarial da empresa. https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2022/08/16/exigencia-de-divulgar-salario-em-vagas-de-emprego-trara-foco-a-plano-de-cargos-e-salarios-de-empresas-entenda.ghtml
MP que flexibiliza regras trabalhistas em caso de calamidade pública é promulgada e vira lei
Segundo a medida, podem ser adotados home office, antecipação de férias, redução da jornada de trabalho e suspensão de contrato. Por g1 — São Paulo A Medida Provisória (MP) que flexibiliza regras trabalhistas em caso de calamidade pública municipal, estadual ou nacional foi promulgada nesta terça-feira (16) e agora é a Lei Nº 14.437. A promulgação foi publicada no “Diário Oficial da União (DOU)”. O Senado aprovou a MP dia 3 de agosto, um dia após a Câmara aceitar a proposta. O texto foi editado pelo governo no dia 28 de março e precisava ser aprovado pelo Congresso até o próximo dia 7 de agosto para não perder a validade e virar lei permanente. O texto-base da medida provisória foi aprovado por 51 votos a 17. Na sequência, um destaque, proposto pelo PT, foi rejeitado por 39 votos a 19. Pressionados pelo prazo, deputados e senadores evitaram promover alterações no conteúdo da medida provisória a fim de encurtar a tramitação e facilitar a aprovação. Aprovada sem mudanças em relação ao que foi enviado pelo Executivo, a MP foi à promulgação pelo Congresso. O texto autoriza o Poder Executivo federal a adotar, em situações de calamidade pública, medidas trabalhistas alternativas e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, que prevê a redução proporcional da jornada de trabalho e do salário, ou suspensão temporária do contrato de trabalho, mediante acordo entre empregador e empregado, com pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm). As regras do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda já haviam sido adotadas em 2020 e 2021, em meio à pandemia da Covid-19. A lei permite, em caso de calamidade pública: adoção do regime de teletrabalho (home office ou trabalho remoto);antecipação de férias individuais;concessão de férias coletivas;aproveitamento e antecipação de feriados;regime diferenciado de banco de horas;suspensão da exigência dos recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O prazo permitido para adoção das regras é de até 90 dias, prorrogável enquanto durar o estado de calamidade pública. Ao enviar a MP para o Congresso, em março deste ano, o governo argumentou que, com as mudanças, “pretende-se preservar o emprego e a renda, garantir a continuidade das atividades laborais, empresariais e das organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, e reduzir o impacto social oriundo da ocorrência de estado de calamidade pública nos entes federados”. Já o senador Paulo Paim (PT-RS) criticou a medida. Segundo o parlamentar, o texto possibilita a realização de uma ‘reforma trabalhista’ nos casos de calamidade pública. “É uma reforma trabalhista antecipada. Cada estado de calamidade é uma realidade. Ora, município X ou Y decide lá que é estado de calamidade. Se ele tiver o aval da União, ele pode fazer uma reforma trabalhista, negando os direitos dos trabalhadores. Uma medida provisória como esta, pelo menos naquele caso da pandemia, foi amplamente discutida por todos nós, com votos contrários e a favor. E como que agora nós vamos deixar a boa vontade lá do município de decretar o estado de calamidade e automaticamente nós teremos aí uma série de direitos que desaparecerão”, disse o petista. Veja as medidas: Facilitação do regime de teletrabalho O empregador poderá alterar o regime de trabalho presencial para home office (teletrabalho ou trabalho remoto), além de determinar o retorno ao regime de trabalho presencial, independentemente da existência de acordos individuais ou coletivos, dispensado o registro prévio da alteração no contrato individual de trabalho. Essa alteração será notificada ao empregado com antecedência de, no mínimo, 48 horas, por escrito ou por meio eletrônico. Antecipação de férias individuais O empregador informará ao empregado sobre a antecipação de suas férias com antecedência de, no mínimo, 48 horas, por escrito ou por meio eletrônico. As férias antecipadas não poderão ser gozadas em períodos inferiores a 5 dias corridos e poderão ser concedidas por ato do empregador, ainda que o período aquisitivo a que se referem não tenha transcorrido. O empregado e o empregador poderão, adicionalmente, negociar a antecipação de períodos futuros de férias, por meio de acordo individual escrito. O adicional de um terço relativo às férias concedidas poderá ser pago após a sua concessão, a critério do empregador, até a data em que é devido o pagamento do 13º salário. No caso de pedido de demissão, as férias antecipadas gozadas serão descontadas das verbas rescisórias devidas ao empregado. Concessão de férias coletivas O empregador poderá conceder férias coletivas a todos os empregados ou a setores da empresa, mas deverá notificá-los, por escrito ou por meio eletrônico, com antecedência mínima de 48 horas. Não se aplicam o limite máximo de períodos anuais e o limite mínimo de dias corridos previstos na CLT, ou seja, é permitida a concessão por prazo superior a 30 dias. Aproveitamento e antecipação de feriados Os empregadores poderão antecipar o aproveitamento de feriados federais, estaduais, distritais e municipais, incluídos os religiosos, e deverão notificar, por escrito ou por meio eletrônico, o conjunto de empregados beneficiados, com antecedência de, no mínimo, 48 horas, com a indicação expressa dos feriados aproveitados. Os feriados poderão ser utilizados para compensação do saldo em banco de horas. Regime diferenciado de banco de horas Ficam autorizados a interrupção das atividades pelo empregador e o regime especial de compensação de jornada, por meio de banco de horas, em favor do empregador ou do empregado, estabelecido por meio de acordo individual ou coletivo escrito, para a compensação no prazo de até 18 meses. A compensação de tempo para recuperação do período interrompido poderá ser feita por meio da prorrogação de jornada em até duas horas, a qual não poderá exceder 10 horas diárias, e poderá ser realizada aos finais de semana. Essa compensação do saldo de horas poderá ser determinada pelo empregador independentemente de convenção coletiva ou de acordo individual ou coletivo. Suspensão da exigência dos recolhimentos do Fundo de Garantia O Ministério do Trabalho e Previdência poderá suspender a exigibilidade dos recolhimentos do FGTS de até quatro competências, relativos aos estabelecimentos dos empregadores situados em municípios em estado de calamidade pública reconhecido pelo