Voltar ao escritório não aumenta conexão de funcionários com o trabalho, indica estudo
Valor Econômico Quem trabalha no modelo presencial se sente mais desconectado do que aqueles que estão no híbrido ou remoto, mostra levantamento com mais de 5 mil funcionários e executivos de 12 países Por Barbara Bigarelli Os trabalhadores se sentem desconectados com suas organizações após dois anos de pandemia e voltar ao escritório não tem sido uma solução para melhorar esse sentimento, afirma um novo estudo global realizado pela Accenture. Apenas uma em cada seis pessoas se sente fortemente conectada no trabalho, e os funcionários no escritório são os menos conectados de todos. Entre as pessoas que trabalham presencial, de acordo com o estudo, 42% dizem que não se sentem conectadas ao seu trabalho, contra 36% entre aquelas que estão atuando em modelos híbridos e 22% que estão totalmente remotos. O estudo entrevistou 5.000 funcionários em todos os níveis de habilidade, bem como 1.100 executivos do alto escalão, em 12 países, incluindo o Brasil. “Independentemente do espaço físico, o que os funcionários mais querem é se sentir parte de um propósito maior, sentir que o trabalho que fazem contribui com a empresa, com o cliente e com a sociedade, e conectados mental e emocionalmente com seu trabalho”, diz Luciana Lutaif, diretora da prática de talentos e organização da Accenture. Segundo a executiva, os dados indicam que os funcionários até demonstram uma visão positiva sobre o trabalho híbrido, em que possam estar presencialmente nos momentos que fazem sentido, como reuniões de time, treinamentos e integração. “O que não querem é ser obrigados a retornar ao escritório para realizar atividades que poderiam ser feitas de forma remota, como a participação em reuniões virtuais”, afirma Lutaif. Esses dados também contrariam uma visão de muitas lideranças, no Brasil e exterior, que têm mandado seus funcionários voltarem ao escritório por acreditarem que isso trará benefícios em termos de conexão, senso de pertencimento e fortalecimento da cultura corporativa. Entender como esse retorno, bem como os novos modelos de trabalho, estão impactando a conexão de funcionários e empresas é importante, segundo Lutaif, porque o “sentimento de conexão ou desconexão é determinante para os resultados da empresa, seja em produtividade, lucratividade, satisfação dos clientes, marca empregadora e índices de atração e retenção de talentos”. “Quanto mais os funcionários se sentem conectados, mais se engajam com sua atividade, buscam o próprio desenvolvimento, se sentem seguros para trazer ideias criativas e inovadoras, e entregam com maior produtividade. O resultado desse engajamento costuma ser refletido diretamente nos resultados da empresa, pois colaboradores engajados atendem melhor aos clientes, impactando também no NPS da organização. Somamos a isso a melhora na produtividade”, afirma. O estudo descobriu que as empresas nas quais as pessoas se sentem altamente conectadas podem ganhar 7,4% a mais no crescimento da receita a cada ano. Além disso, em um momento que empresas colocam e testam novos modelos de trabalho, particularmente o híbrido, os funcionários não se sentem ouvidos. Apenas um em cada quatro relata que os líderes respondem às suas necessidades, se comunicam regularmente e sentem que os membros da equipe são tratados igualmente. “Eles querem também sentir que são escutados e ficarem seguros para serem como são e trazer as suas contribuições pessoais”. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/05/31/voltar-ao-escritorio-nao-aumenta-conexao-de-funcionarios-com-o-trabalho-indica-estudo.ghtml
Reforma tributária: Prefeituras, agricultura e serviços rejeitam PEC a ser votada no Senado
Estadão Texto cria um Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) Dual para unificar impostos federais em uma contribuição e criar um imposto único de Estados e municípios BRASÍLIA – As prefeituras e os setores de serviços e agricultura manifestaram contrários à tramitação da reforma tributária prevista na Proposta de Emenda à Constituição 110, prevista para ser votada na quarta-feira, 1º, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado. O texto cria um Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) Dual para unificar impostos federais em uma contribuição e criar um imposto único de Estados e municípios. Segundo as prefeituras, a proposta “fere a autonomia dos municípios”, “trará prejuízos à população que não estão sendo devidamente considerados” e “retira dos municípios cerca de R$ 354 bilhões em 15 anos”. “Nesse sentido, os municípios propõem a simplificação do ISS por meio da edição de uma nova Lei Complementar nacional, que unifique as legislações locais, extinga a atual lista de serviços, preveja a cobrança do imposto em alíquota única municipal, com obrigações acessórias uniformes, cobrança do tributo por fora, incidência majoritariamente no destino e sistema de arrecadação nacional”, sugerem. O documento é assinado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que reúne as capitais e a cidades com mais de 80 mil habitantes, o que representa 61% da população e 74% do PIB, a Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf) e o Fórum Nacional de Secretários Municipais de Fazenda e Finanças. Na nota, as entidades pedem aos senadores que não aprovem a PEC 110/2019, que volta à pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta-feira. O debate anterior sobre a proposta na comissão ocorreu há mais de dois meses, em 16 de março. A reforma contida na PEC 110/2019 unifica a cobrança de tributos em um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), criando um IVA Dual, dividido em dois tributos: um federal, unindo PIS e Cofins na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), e outro subnacional, chamado de IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que unificaria o ICMS, cobrado atualmente pelos Estados, e o ISS, receita própria dos municípios. Cria ainda o Imposto Seletivo (IS) em substituição ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Serviços e agricultura A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) – que representam as empresas dos setores de serviços e agricultura – também se manifestaram contra a proposta. Os líderes desses setores acham que a proposta não faz sentido, e que todos os ajustes precisam ser acertados ainda na CCJ e que avance no momento oportuno, e não às vésperas da eleição. Segundo eles, os alimentos e até medicamentos também devem sofrer aumento de carga. O relatório da PEC 110 foi lido na sessão de 23 de fevereiro da CCJ pelo senador Roberto Rocha e, desde então, tem grandes resistências. Na sessão do dia 16 de março, ocorreram intensos debates entre os senadores e, diante da iminente derrota, a votação foi adiada e as discussões encerradas. Prevista então para votação em 23 de março, a sessão não ocorreu pela dificuldade de avançar em acordos. A PEC voltou à pauta no dia 6 de abril, mas novamente sem consensos, os senadores não deram quórum e não ocorreu a sessão da CCJ. O tema manteve-se em evidência com o desejo do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) de aprová-lo. Contudo, grande parte dos líderes no Senado acredita que o momento pré-eleitoral não é adequado para votar uma matéria desta dimensão e que isso deve ser tratado na próxima legislatura, com o presidente eleito. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,reforma-tributaria-prefeituras-agricultura-servicos-pec-senado,70004080287
Como está a alfabetização de dados nas empresas
Valor Econômico Pesquisa com 2 mil profissionais, de empresas com mais de 500 funcionários, indica que companhias têm um longo caminho para criar uma cultura orientada por dados Por Adriana Fonseca Por muito tempo falou-se do analfabetismo digital. Agora, estamos na era do analfabetismo de dados. Entram nessa classificação profissionais que não têm, ao menos, habilidades básicas relacionadas ao assunto. Na definição da Tableau, plataforma de análise da Salesforce, uma pessoa alfabetizada em dados tem a habilidade de explorar, entender e se comunicar com dados – o que inclui a capacidade de pensamento crítico para usar, interpretar e tomar decisões com dados e, depois, transmitir a importância e o valor deles às pessoas. Uma nova pesquisa, feita este ano pela Forrester Consulting a pedido da Tableau, identificou que, apesar de as organizações estarem coletando e processando mais dados do que nunca, a capacidade dos trabalhadores de entender, analisar e usar esses dados para uma melhor tomada de decisões e avanço dos objetivos corporativos não acompanhou o crescimento tecnológico. Foram ouvidas pouco mais de 2 mil pessoas, entre líderes e liderados, em 10 países, incluindo o Brasil. Todos os entrevistados trabalham em empresas globais com mais de 500 funcionários. Globalmente, e também no Brasil, saber conceitos básicos de dados foi considerada a habilidade mais importante no momento pelos entrevistados, sejam eles gestores ou funcionários. Outras competências citadas em destaque pelos brasileiros, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, foram boa comunicação e computação básica. Segundo a pesquisa, 82% dos gestores dizem esperar pelo menos uma alfabetização de dados básica de todos os funcionários da companhia – incluindo, portanto, aqueles que atuam fora dos departamentos de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg. Mais de três quartos dos tomadores de decisão que responderam à pesquisa esperam, atualmente, que os trabalhadores usem dados sempre que possível. No levantamento, os gestores disseram que menos de 40% dos seus funcionários usavam dados intensamente como parte das suas funções três anos atrás. Hoje, esse número é 55%, e a estimativa é que alcance 69,5% até 2025, globalmente. Jaime Müller, country manager da Tableau no Brasil, explica que essa “noção básica” esperada do funcionário significa que, ao ter acesso aos dados, apresentados de forma visual, o profissional consiga entender as variáveis e obter parâmetros mínimos de informações para tomadas de decisões. “Muitas vezes somos expostos a muitos dados, mas não conseguimos entendê-los, porque estão em formatos complexos, requerem um conhecimento prévio que não foi passado ou porque não estão contextualizados”, afirma. Em um nível mais avançado de conhecimento, aí sim para profissionais mais técnicos, entram as habilidades específicas de ciência dos dados, inteligência artificial e aprendizado de máquina, além de técnicas avançadas de análise. Apesar da necessidade crescente para que o profissional seja alfabetizado em dados, menos da metade dos funcionários ouvidos na pesquisa (47%) recebeu ofertas de treinamentos em habilidades básicas de dados. O que se vê mais comumente, comenta Müller, é o profissional aprendendo “ad hoc”, ou seja, no dia a dia do trabalho, à medida que se faz necessário. Entre os treinamentos relacionados a dados mais comuns ofertados às equipes estão aqueles que fornecem a capacidade de usar ferramentas de visualização e análise de dados (35%), os que possibilitam a capacidade de usar ferramentas ou linguagens de dados estatísticos (29%) e os que permitem aprender a ler saídas de dados relevantes à função exercida (27%). Para 69% dos gestores ouvidos, a falta de habilidades de dados impede que os funcionários usem informações eficientemente na tomada de decisões. Quando perguntados sobre quais habilidades deveriam ser aprendidas principalmente durante o trabalho, ambos os entrevistados brasileiros, líderes e funcionários, colocaram noções avançadas em dados em primeiro lugar (63,7%). Outras habilidades destacadas foram pesquisa, apresentação e gerenciamento de projeto. Ainda que os treinamentos possam ajudar, Müller ressalta a importância de implementar uma cultura de dados na companhia. Trata-se de um conjunto de comportamentos e crenças coletivos que inclui os dados nas operações, mentalidade e identidade de uma organização. “A implementação dessa cultura é fundamental”, diz. “Hoje, o mundo está repleto de dados. A grande questão é como organizar tudo isso em um processo cultural.” Para ele, ter uma cultura de dados implementada na empresa significa “desbloquear o poder dos dados para todos os funcionários trazerem uma visão mais estratégica e embasada, que traga benefícios aos seus departamentos”. “Não é a ferramenta ou a https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg que torna a empresa ‘data driven’, são as pessoas.” Além de permitir tomadas de decisão mais assertivas e rápidas, a alfabetização em dados e uma cultura orientada a essa jornada são fatores de atração e retenção de talentos. Na pesquisa, quase 80% dos funcionários disseram ser mais provável permanecer em uma empresa que oferece treinamento suficiente para as habilidades de dados que eles precisam. “Empresas que estão em estágio mais avançado da jornada ‘data driven’ melhoram a atratividade de talentos, porque as pessoas que têm acesso a dados para exercer seus trabalhos estão mais satisfeitas”, diz Müller. Na visão do executivo, as faculdades ainda não preparam os alunos para terem essa visão orientada a dados. “Houve um crescimento grande de cursos ligados a dados – ciência de dados, engenharia de dados e etc -, mas isso não é o suficiente”, comenta. “Nas outras carreiras isso ainda não chegou como disciplina fundamental.” Para ele, esse é um movimento que vai acabar sendo natural com a chegada do 5G e a transformação provocada pela pandemia, tornando negócios “digital first”. “Não será mais um assunto à parte, mas integrante da formação curricular de uma pessoa”, acredita. Müller lembra que já há algumas iniciativas nesse sentido, como o ensino de marketing digital dentro da carreira de marketing. https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/05/30/como-esta-a-alfabetizacao-de-dados-nas-companhias.ghtml
Desemprego recua para 10,5%, mas ainda atinge 11,3 mi de pessoas, diz IBGE
UOL A taxa de desocupação ficou em 10,5% no trimestre encerrado em abril, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse foi o menor percentual para esse trimestre desde 2015, quando foi de 8,1%. Em relação ao trimestre anterior, a taxa caiu 0,7 ponto percentual, e, no ano, a queda foi de 4,3 pontos percentuais. A população desocupada recuou 5,8% frente ao trimestre anterior, o que representa 699 mil pessoas a menos. No ano, a queda foi de 25,3%, menos 3,8 milhões de pessoas desocupadas. Apesar dos recuos, 11,3 milhões de pessoas continuam desempregadas. Já o número de pessoas ocupadas, de 96,5 milhões, é o maior da série histórica, iniciada em 2012, e mostrou alta de 1,1% na comparação com o trimestre de novembro a janeiro e de 10,3% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Isso equivale a um aumento de 1,1 milhão de pessoas no trimestre e de 9 milhões de ocupados no ano. Nesse trimestre, estamos diante da manutenção do processo de retração da taxa de desocupação, que vem ocorrendo desde o trimestre encerrado em julho de 2021, em função, principalmente, do avanço da população ocupada nos últimos trimestres. Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE No mês passado, a taxa de desocupação foi estimada em 11,1% no trimestre encerrado em março, ficando estável frente ao trimestre anterior. Também houve estabilidade no número de desempregados, que totalizou 11,9 milhões de pessoas. Já a população ocupada, estimada em 95,3 milhões, caiu 0,5% na mesma comparação. Segundo a coordenadora do IBGE, aumentos da ocupação se deram nos grupamentos de Transporte, armazenagem e correio; Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais; e Outros serviços. Os demais grupamentos ficaram estáveis. “O grupo Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi impulsionado pelo crescimento em educação, que inclui tanto a rede pública como a privada. Em outros serviços, destaca-se o aumento nos serviços de embelezamento, como cabelereiros, manicure e esteticista”, diz Beringuy. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/05/31/ibge-pnad-continua-mensal-abril-2022.htm