Desemprego se desliga mais dos efeitos da pandemia, mas tem cenário econômico desafiador, apontam economistas

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Valor econômico Especialistas destacam taxa de participação da força de trabalho, ainda relativamente baixa Por Marcelo Osakabe, Valor — São Paulo Apesar de apresentar estabilidade, a taxa de desemprego do primeiro trimestre de 2022 tem dados que apontam mercado de trabalho ainda apertado, que passa a se desligar do cenário de pandemia mas que será comandado mais pelo quadro ecômico desafiador, segundo economistas. Os últimos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua reforçam a leitura de que o mercado de trabalho brasileiro pode estar mais apertado do que parece, sugere o J.P. Morgan. Em relatório a clientes, o banco ressalta ainda o fato de que as taxas de demissão estarem subindo, ainda que a taxa de participação esteja estável desde o fim do ano passado. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no país atingiu 11,1% no primeiro trimestre de 2022. O dado representa uma estabilidade em relação ao trimestre anterior (11,1%) e ficou abaixo do trimestre móvel encerrado em fevereiro (11,2%). Nas contas dos economistas do J.P., a taxa de desocupação com ajuste sazonal caiu a 10,9% em março, o menor nível desde o início de 2016. “O recuo foi resultado tanto de uma forte geração de emprego – que cresceu 0,7% na passagem do mês, com ajuste, no ritmo mais intenso desde setembro, e de alguma estabilização na taxa de participação”, afirmam. O relatório ressalta ainda que, fora do setor industrial, a renda média nominal segue crescendo, mas renda real segue prejudicada pela inflação em alta. “Estimamos que os salários estão crescendo a uma taxa de 17,8% em relação ao mesmo período do ano passado na construção civil e 10,2% no setor de serviços”, dizem o economistas do J.P. O desemprego no país também ficou abaixo da mediana das expectativas de 28 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma taxa de 11,4%. O intervalo das projeções ia de 11,3% a 11,7%. A estabilidade da taxa de desemprego no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores surpreendeu, mas pode ser explicada pela manutenção do ímpeto da geração de vagas que era vista no fim do ano passado, bem como uma taxa de participação ainda relativamente baixa, diz o economista da Guide, Victor Beyruti. “Houve ainda queda da informalidade e da subocupação. Tudo isso contribui para uma melhora do rendimento nominal e do salário médio”, diz o analista. A renda média real habitual do trabalhadores ficou em R$ 2.548 no primeiro trimestre, um aumento de 1,5% frente ao quarto trimestre (R$ 38 a mais). Este é a primeira alta frente ao trimestre anterior desde setembro de 2020, segundo a Pnad Contínua. Apesar dos dados positivos, a Guide entende que a taxa de ocupação da economia deve permanecer baixa, à medida em que a taxa de participação se recupera apenas lentamente. “Com a normalização da pandemia, também devemos ver alguma diminuição desse ímpeto, levando em conta ainda a piora esperada da economia e o aperto monetário promovido pelo Banco Central. Já o rendimento real dos trabalhadores pode ver alguma melhora, já que a inflação deve desacelerar”, diz Beyruti. A Guide espera uma taxa de desemprego de 11,4% no fim do ano, com população ocupada de 95,5 milhões. A estabilidade da taxa de desemprego na passagem entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022 reflete uma normalização do mercado de trabalho após os dois anos de pandemia, avalia o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi. Em sua opinião, o movimento reflete a recuperação de setores que seguem abaixo do período pré-pandêmico, como serviços, alimentação e turismo. Para Imaizumi, a taxa de desemprego segue não sendo o melhor indicador para observar o mercado de trabalho hoje. “Na pandemia, ele não subiu tanto porque muita gente deixou de procurar emprego. Até hoje existe mais gente que está fora do mercado”, comenta. Em sua avaliação, o que tem chamado atenção é a taxa de atividade, dado que relaciona a força de trabalho com a população economicamente ativa. “Esse é o único indicador que permanece abaixo da pandemia. Isso acontece em outros países também, mas lá fora ele continua se recuperando. No Brasil, segue estável.” Em março, a taxa de atividade chegou a 62,1%, contra 63,4% de fevereiro de 2020. Para a LCA, a perspectiva adiante é que o mercado de trabalho deixe de ser dependente do cenário sanitário e passe a olhar o cenário econômico, que não é promissor. Ainda assim, a consultoria espera um acréscimo total de 3,5 milhões de pessoas ocupadas em 2022, ainda que isso não resulte em queda mais vigorosa da taxa de desemprego, para abaixo de 11%. “Isso acontece porque muitas pessoas ainda devem voltar a procurar emprego”, diz. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/04/29/desemprego-se-desliga-mais-dos-efeitos-da-pandemia-mas-tem-cenario-economico-desafiador-apontam-economistas.ghtml

Economia cresce 0,34% em fevereiro, aponta IBC-Br do Banco Central

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Valor Econômico Média móvel trimestral do indicador, usada para captar tendências, reduziu 0,02% em relação aos três meses encerrados em janeiro Por Larissa Garcia, Valor — Brasília O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,34% em fevereiro, na comparação dessazonalizada com janeiro, conforme divulgado nesta segunda-feira (02) pela autoridade monetária. Em janeiro, o indicador teve queda de 0,73% (dado revisado de queda de 0,99%). O resultado de janeiro veio ligeiramente abaixo da mediana das estimativas colhidas pelo Valor Data, de crescimento de 0,4%. O dado, contudo, ficou dentro do intervalo das projeções, que iam de queda de 0,1% a alta de 0,9%. Em relação a fevereiro do ano passado, por sua vez, houve alta de 0,66%. Em 12 meses, o IBC-Br subiu 4,82%. Devido às constantes revisões, o indicador acumulado em 12 meses é mais estável do que a medição mensal. Por fim, na média móvel trimestral, usada para captar tendências, o IBC-Br teve queda de 0,02% em relação aos três meses encerrados em janeiro. O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC, de frequência mensal, permite acompanhamento mais frequente da evolução da atividade econômica, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) de frequência trimestral, descreve um quadro mais abrangente da economia. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/05/02/economia-cresce-034percent-em-fevereiro-aponta-ibc-br-do-banco-central.ghtml

Procura por trabalho trava neste ano e desemprego do trimestre fica estável

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Folha de S.Paulo Taxa de desocupação foi de 11,1% de janeiro a março, diz IBGE Leonardo VieceliRIO DE JANEIRO A taxa de desemprego no Brasil ficou estável com a procura por vagas de trabalho travada no primeiro trimestre de 2022, indicou nesta sexta-feira (29) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De janeiro a março, a taxa de desocupação foi de 11,1%, mesmo nível do quarto trimestre de 2021. O novo resultado veio abaixo das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam uma taxa maior, de 11,4%. A marca de 11,1% é a menor para o trimestre até março desde 2016. À época, a taxa também estava em 11,1%. Segundo o IBGE, o número de desempregados ficou praticamente estável no início de 2022, em 11,9 milhões. A população desocupada era de 12 milhões nos três meses anteriores. Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa é considerada desempregada quando não tem trabalho e segue em busca de vagas. Quem não tem emprego e não procura oportunidades não entra nessa condição. De acordo com Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, a busca por vagas travada explica a taxa de desocupação estável. O desemprego estacionado chamou atenção, porque, tradicionalmente, o indicador apontava aumento no primeiro trimestre. Isso costumava ocorrer após o encerramento de contratos temporários da reta final de ano. A população ocupada com algum trabalho até recuou para 95,3 milhões de janeiro a março, mas em nível menos intenso do que em anos anteriores, destacou Adriana. A baixa foi de 0,5% (menos 472 mil pessoas) na comparação com o trimestre de outubro a dezembro. “Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, disse a pesquisadora do IBGE. Os dados integram a série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que começou em 2012. A Pnad envolve tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos. A população fora da força de trabalho —que não estava ocupada nem desocupada— foi de 65,5 milhões no primeiro trimestre de 2022. Houve crescimento de 1,4% (mais 929 mil) ante o final de 2021. Adriana lembrou que, no começo do ano, há alguns fatores sazonais que tendem a dificultar a procura por trabalho e a inserção no mercado. “Tem a questão das férias. Muitas pessoas interrompem a busca por trabalho. Isso está mais relacionado a mulheres com filhos, por não ter creches funcionando. Também há estudantes [nessa situação], em virtude das férias”, apontou. O economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, diz que o início de 2022 ainda não foi “normal”, já que a pandemia provocou impactos econômicos duradouros. Essa situação, argumenta, pode ajudar a explicar diferenças em relação ao primeiro trimestre de anos anteriores. “Ainda é um começo de ano diferente. Estamos falando do mercado de trabalho após dois anos de muitos impactos gerados pela pandemia. Alguns setores, como alojamento e alimentação, estavam bem abaixo e ainda precisavam recompor a mão de obra”, avalia. Atingida em cheio pela fase inicial da Covid-19, a atividade de alojamento e alimentação, que reúne hotéis, bares e restaurantes, teve acréscimo de 142 mil ocupados entre o final de 2021 e o começo de 2022. Com o resultado, o número de trabalhadores nesse ramo subiu de 5,2 milhões para 5,3 milhões. A variação positiva de 2,8% foi a maior entre os setores pesquisados. “A gente ainda está vivendo o efeito de uma expansão muito vigorosa da ocupação no final do ano passado. Da mesma forma que podemos ter dispensa de trabalhadores no começo do ano, isso também pode ser um pouco retardado. Não necessariamente vai ocorrer em janeiro, fevereiro”, ponderou Adriana Beringuy, do IBGE. A construção, por outro lado, perdeu 252 mil ocupados no primeiro trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores. Assim, a população ocupada nesse ramo, que reúne uma parcela expressiva de informais, recuou de 7,5 milhões para 7,2 milhões. A baixa foi de 3,4%, a mais intensa da pesquisa. RENDA VOLTA A SUBIR, MAS SEGUE FRACA Ao longo do ano passado, a reabertura de vagas de trabalho foi marcada por uma sequência de quedas na renda média do trabalho. Disparada da inflação, volta de informais ao mercado e criação de empregos com salários mais baixos são explicações apontadas para o rendimento enxuto. No primeiro trimestre de 2022, a situação teve diferença. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a renda média de quem seguiu trabalhando voltou a crescer. O indicador foi estimado em R$ 2.548, um avanço de 1,5% em relação a dezembro (R$ 2.510). Nesse recorte, foi a primeira alta desde o trimestre de julho a setembro de 2020. O resultado coincide com a redução da taxa de informalidade, que mede o percentual de ocupados sem carteira ou CNPJ em relação ao total de trabalhadores em atividade. Esse indicador recuou de 40,7% para 40,1% entre o final de 2021 e o começo de 2022. O número de trabalhadores por conta própria, que ganhou força ao longo da pandemia, recuou 2,5% desta vez, para 25,3 milhões. Em números absolutos, 660 mil autônomos deixaram o mercado. Desse total, a maior parcela, de 475 mil, era de informais. Os empregados com carteira, no sentido contrário, subiram 1,1% (mais 380 mil), para 34,9 milhões. “De modo geral, quando a participação dos trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada tende a crescer”, pontuou Adriana Beringuy. Na comparação anual, porém, a renda média seguiu no vermelho. Frente ao trimestre finalizado em março de 2021 (R$ 2.789), houve uma retração expressiva de 8,7%. O valor de R$ 2.548, registrado em 2022, é o menor para o primeiro trimestre na série histórica do IBGE, iniciada em 2012. “Por mais que a gente veja sinais de melhora no mercado de trabalho, a situação ainda é delicada. A pandemia deixou marcas negativas”, aponta o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. “Em 2022, a renda não deve recuperar 100%