Presidente do Sindeprestem é uma das 25 personalidades mais influentes da prestação de serviços na América Latina

A Staffing Industry Analysts (SIA) selecionou nomes que mantiveram a prosperidade do ecossistema de mão de obra apesar da pandemia O presidente da Fenaserhtt e do Sindeprestem, Vander Morales, é um dos 25 líderes do setor de prestação de serviços da América Latina que se destacaram pela condução das políticas de emprego, mantendo a força de trabalho motivada e produtiva na pandemia, segundo a Staffing Industry Analysts (SIA). O ranking Latin America 25 já está na sexta edição.  Para Morales, ser indicado mais uma vez como um dos 25 líderes do setor na América Latina é motivo de orgulho e um indicativo de que o Brasil demonstra, a cada ano, um protagonismo maior na prestação de serviços terceirizáveis e trabalho temporário. “O setor de serviços é um segmento indispensável para a geração de empregos e movimentação da economia, e somos reconhecidos por isso graças ao incansável trabalho das nossas entidades representativas”, diz.

Ano começou pior do que se imaginava, afirma FGV Ibre

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Valor Econômico – 21/02/2022 – O início do ano tem sido mais difícil que o previsto, com inflação alta e atividade fraca. As perspectivas adiante não são animadoras: problemas persistem e se somam aos riscos associados de inflação nos Estados Unidos e ao cenário pré-eleições presidenciais no Brasil, avalia o Boletim Macro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio (FGV Ibre), em sua edição de fevereiro, antecipada ao Valor. Na percepção do FGV Ibre, o início deste ano tem sido mais difícil do que se imaginou pelas pressões inflacionárias no front internacional e também pelo aumento dos preços de commodities, como petróleo e produtos agrícolas, impulsionada por problemas climáticos. O documento observa que no Brasil a “inflação vai além dos problemas climáticos” e deve continuar elevada nos próximos meses. “Apenas quando entrar a redução da tarifa de energia, em razão da melhora do nível de reservatórios, teremos um recuo da inflação mensal. A expectativa é que ela fique em torno de 5,6% no ano, mas há riscos de novas revisões para cima”, diz. “Em relação à atividade econômica, os indicadores divulgados recentemente confirmam a tendência de desaceleração, em especial para o comércio varejista.” “Não tem muito otimismo, também porque se está em um período de eleição”, afirma Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro. “E 2022 já está meio dado. A política monetária vai atuar mais. E o legado de 2021 para 2022 foi ruim, já estamos pagando o preço. O Brasil está desacelerando bastante de 2021 para 2022, desconectado do mundo. Desaceleração tem no mundo todo, mas questões domésticas brasileiras acirraram essa desaceleração, dada a pressão inflacionária muito intensa.” Na seção sobre inflação, o economista André Braz lembra que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou em janeiro alta de 0,54%, maior resultado desde 2016, refletindo pressões de dois tipos. “Alguma temporárias, associadas a fatores sazonais, e outras mais persistentes, relacionadas a repasses promovidos pela indústria e por empresas prestadoras de serviços”, diz. Os efeitos sazonais causados por variações climáticas contribuíram para elevar preços de alimentos in natura como hortaliças e verduras. Além da herança em safras anteriores marcadas por seca, geadas, incêndios e atraso na colheita, o clima castigou lavouras no Sul, como milho e soja. Outra parcela do IPCA foi pressionada por aumentos nos preços de bens duráveis, semiduráveis e serviços, que continuam confirmando o espalhamento das pressões inflacionárias. “Teremos inflação ainda salgada neste início de ano, e não tem muito espaço [para ceder]”, diz Silvia. O FGV Ibre prevê inflação de 5,6% em 2022. A economista acrescenta que a inflação corrói o poder de compra dos salários e leva as empresas a terem dificuldade de se organizarem. “Pagamos o preço de ter um Banco Central que vai manter a política monetária mais apertada”, afirma. Esse cenário pode recrudescer com a aceleração da inflação nos EUA. “O maior risco internacional para as economias emergentes em 2022 é a natureza do processo inflacionário na economia americana”, diz o economista Samuel Pessôa na parte sobre internacional. O cenário-base é que, após o conjunto de choques que atingiu a economia americana e a global, haja neste ano e no próximo reversão desses choques, argumenta Pessôa. “Mas o grande risco é, após a reversão dos choques, a inflação adquirir inércia e ficar rodando sistematicamente em um nível acima da meta de 2% ao ano.” Se isso ocorrer, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) terá de trazer a política monetária para terreno contracionista, de modo a produzir uma desaceleração do crescimento, ele argumenta. Nesse sentido, a mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom) deixa clara a preocupação dos dirigentes do Banco Central com o quadro inflacionário prospectivo. A estimativa do FGV Ibre é que o BC eleve a taxa de juros até 12,25% neste ano. Isso tende a minar ainda mais a atividade já fraca. O cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021 se manteve em 4,6%. O FGV Ibre revisou a projeção de crescimento do PIB no quarto trimestre de 0,6% para 0,5% na variação trimestral e de 1,7% para 1,6% na variação anual. Com inflação ainda alta e avanço da taxa de juros, a estimativa de crescimento do PIB neste ano deve ser baixo, de 0,6% no ano. O setor agropecuário deve crescer 2,8%, a indústria, contrair-se 1,1%, e o setor de serviços, expandir 1,3%.

Após perder indústrias, Osasco vira polo tecnológico

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O Estado de S.Paulo – 20/02/2022 – De cidade industrial há duas décadas para uma fase mais dependente do comércio, Osasco, na Grande São Paulo, muda novamente sua vocação e caminha agora para se tornar polo tecnológico na área de serviços. Pelo menos dez grandes empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg foram para a cidade nos últimos cinco anos, em especial nos últimos três. Após a chegada do Mercado Livre, em 2016, e do iFood, em 2018, seguiram-se (não nessa ordem) B2W, Dafiti, Facily, Rappi, Shopee, Shopper e Ascenty – que neste ano abrirá sua quarta unidade local, com investimento de R$ 220 milhões. Uber e 99 estão finalizando suas sedes locais a serem inauguradas até o fim do ano. Foram essas companhias que ajudaram o município de mais de 700 mil habitantes a ficar em primeiro lugar na lista dos que mais cresceram, em porcentual, na geração de empregos em 2021. Juntas, empregam atualmente 42.170 funcionários e muitas seguem contratando este ano. “Falava-se muito que Osasco ia virar uma cidade dormitório”, diz Gerson Pessoa, secretário de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Econômico. A cidade, então, passou a trabalhar para mudar sua vocação para a área de serviços e acabou usufruindo da onda de empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg trazidas pela pandemia. AtrativosAlém de investir em um centro de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para formação de mão de obra, que está em construção, a cidade reduziu de 5% para 2% o Imposto sobre Serviços (ISS) para atrair esse tipo de atividade. “Agora, caminhamos para ser, de fato, validada como cidade de serviços tecnológicos”, afirma Pessoa. Em 2021, o município registrou saldo recorde de 24 mil vagas abertas. Para a nova sede, o Uber abriu em outubro 60 vagas para engenheiros e 100 para áreas como comercial, comunicação, operações, atendimento e desenvolvimento de negócios. Atualmente, a empresa tem 170 vagas abertas e vai operar com modelo híbrido de trabalho. Chamada de Uber Campus, a área abrigará o Centro de Tecnologia do Uber, salas de reuniões, restaurante, cafeteria, academia, sala de amamentação, áreas para a prática de yoga, alongamento e meditação e espaço para pets. Segundo a empresa, a escolha da cidade levou em conta a disponibilidade de espaço adequado para seus projetos futuros, a proximidade com São Paulo e o fácil acesso a transporte público. O iFood tem mais de 400 vagas para áreas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, muitas delas em Osasco, onde tem até horta em sua sede.

Diplomados que trabalham por conta própria são recorde

Folha de S.Paulo – 19/02/2022 – Entre as ofertas de vaga para trabalho formal com baixo salário e os bicos como esteticista, a assistente social Aline Morais, 32, acabou ficando com a segunda opção. Tendo feito faculdade antes da pandemia, ela acabou desistindo da área de formação. “Os salários que ofereciam eram mais baixos do que os da minha época de estágio. Fazer faculdade sempre foi um sonho, mas acabei guardando o diploma na gaveta.” O impacto da pandemia no mercado de trabalho levou um número recorde de brasileiros com ao menos um curso superior a aderir ao trabalho por conta própria, seja fazendo bicos ou se tornando empreendedores. No terceiro trimestre de 2021, o grupo chegou a 4,03 milhões, o maior para o período de julho a setembro em uma série histórica desde 2015. O número de graduados por conta própria que podem estar em situação mais precarizada, os sem CNPJ, chegou a 2,1 milhões, um aumento de 14,1%, na comparação do terceiro trimestre de 2021 com o mesmo período de 2019 —antes da pandemia. Entre aqueles com CNPJ, que também reúnem os brasileiros que estão empreendendo, esse aumento foi ainda maior no período, de 37,2%, chegando a 1,93 milhão. Os dados foram compilados pela pesquisadora Janaína Feijó, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas). As estatísticas, retiradas da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) Contínua, são recordes para o trimestre desde 2015, quando a pesquisa começou a acompanhar o grau de qualificação dos trabalhadores. A pandemia levou em dois anos a um acréscimo de 259 mil trabalhadores no grupo dos conta-própria sem registro, que foram fazer bicos para se reinserir no mercado, diz Feijó. “Nesse universo, está o engenheiro que virou motorista de aplicativo ou o balconista de loja que virou entregador de comida.” “A pandemia fez sofrer ainda mais os trabalhadores com menor qualificação, mas os dados mostram que mesmo os que tinham ensino superior foram obrigados a fazer movimentos bruscos de carreira”, diz a pesquisadora. O percentual dos trabalhadores por conta própria com ensino superior também aumentou desde o início da pandemia. Até o terceiro trimestre de 2019, os que faziam bico eram 9,5% do total de autônomos sem registro, enquanto os com CNPJ representavam 28,6% dos formalizados. Em 2021, eles correspondiam a 11% e 30,9%, respectivamente. Feijó aponta que o maior crescimento entre os graduados que têm CNPJ, que a pandemia levou ao empreendedorismo, pode apontar alguns sinais de como o mercado de trabalho deve ser nos próximos anos. Enquanto os sem CNPJ, que estão fazendo bicos, são um reflexo da baixa formalização do mercado de trabalho, o aumento de empreendedores pode indicar sinais de dinamismo no pós-pandemia, diz. “Quem consegue ter um CNPJ geralmente é aquele que pegou o pouco capital que tinha para abrir um negócio, identificou uma demanda reprimida por um produto ou serviço e quer ficar mais tempo nessa atividade.” Graduada em processos gerenciais, Kellen Apuque, 32, é um exemplo desse segundo grupo. Ela resolveu apostar todas as fichas no trabalho por conta própria durante a pandemia. A moradora de Belo Horizonte (MG) é MEI (microempreendedora individual) —ou seja, tem CNPJ. Em 2020, Kellen decidiu que havia chegado o momento de concentrar seus esforços em uma consultoria para empresas sobre diversidade na área de recrutamento e seleção. Antes da crise sanitária, Kellen tinha emprego com carteira assinada, embora já prestasse serviços de forma autônoma. Segundo ela, a preocupação das empresas com diversidade cresceu durante a pandemia, o que fez a profissional se dedicar ao seu próprio negócio. Kellen presta serviços a companhias de maneira online. “Não foi por falta de oportunidade que decidi trabalhar por conta própria. Há necessidade de uma área de recursos humanos mais humanizada nas empresas. Minha proposta é trabalhar pela inclusão e pela diversidade no mercado”, conta. O pesquisador Bruno Ottoni, da consultoria IDados, avalia que, após o tombo gerado pela pandemia, a atividade econômica teve uma reação insuficiente para absorver, em empregos de qualidade, toda a mão de obra à procura de oportunidades no Brasil. Assim, o trabalho por conta própria tende a ser mais buscado, com ou sem CNPJ, e inclusive por profissionais com mais estudo, indica Ottoni. “Empregos com carteira assinada têm custos para o empregador. Em um cenário de incerteza elevada na economia, como é o caso atual, o empregador costuma ficar desestimulado a contratar com carteira”, afirma. Conforme o pesquisador, a chamada pejotização também pode ter acelerado na pandemia o trabalho por conta própria —nesse caso, com CNPJ. O fenômeno tende a diminuir os custos sobre as empresas na hora de contratar os serviços de um profissional com registro formal. “O elevado grau de incerteza na pandemia pode ter acelerado o processo de pejotização”, diz Ottoni. O economista Fábio Pesavento, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em Porto Alegre, concorda. “Os custos para as empresas ficam menores”, aponta. Na visão Pesavento, ter um CNPJ também facilita a vida dos profissionais que desejam empreender. Em boa medida, esse pode ser o caso dos MEIs. Por outro lado, o trabalho autônomo sem CNPJ está mais associado aos populares bicos, sinaliza o professor. Ou seja, a atividades que são realizadas por profissionais que não encontram outras oportunidades no mercado e que precisam de alguma fonte de renda com urgência. “A pessoa tem de sobreviver, pagar as contas. A pandemia inflou isso”, diz Pesavento. TRABALHO SEM CHEFE DEVE SEGUIR CRESCENDO EM 2022Conforme economistas, o trabalho por conta própria tende a seguir em níveis elevados em 2022. A projeção está relacionada com a perspectiva de baixo desempenho econômico neste ano. O cenário de incertezas eleitorais, inflação persistente e juros mais altos, previsto para os próximos meses, dificulta a absorção de toda a mão de obra sem emprego. No trimestre encerrado em novembro de 2021, período mais recente com dados disponíveis, o Brasil tinha 12,4 milhões de desempregados. “A projeção é de o mercado de trabalho andar de lado neste ano. Com isso, o trabalho por conta própria tende a

Direitos e deveres no home office ainda carecem de regras claras

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Folha de S.Paulo – 19/02/2022 – Conta de luz mais cara, jornada de trabalho sem fim e dificuldades de promoção futuras para quem optar por não voltar ao escritório. Quase dois anos após o início das medidas de distanciamento e com as empresas tentando voltar ao modelo presencial, o home office ainda gera dúvidas entre os trabalhadores. No início das medidas de isolamento no Brasil, em março de 2020, o modelo mais próximo à nova realidade dos trabalhadores era o do teletrabalho, regulamentado pela reforma trabalhista de 2017, e muitos empregados e empresas tiveram de aderir ao home office pela primeira vez. Ao longo da crise sanitária, então, o governo publicou uma sequência de medidas provisórias e recomendações, como as MPs 927 e 936, que flexibilizaram parte das regras previstas na CLT. As medidas, no entanto, estavam atreladas ao estado de calamidade por conta da pandemia, e perderam a validade antes que a crise sanitária acabasse. Na prática, com o avanço da vacinação, as flexibilizações e novas ondas de Covid-19, as empresas têm se organizado para decidir sobre o fornecimento de equipamentos de trabalho, o número de dias fora do escritório e a compensação por aumento de gastos ou mudanças nos contratos. Na empresa da especialista em comércio exterior Cristiane Paulucci, 54, os empregados conseguiram aulas virtuais de ginástica laboral e meditação online. As equipes também receberam em casa cadeiras de escritório e outros equipamentos de apoio. Ela, que tinha um cômodo em seu apartamento usado para receber visitas, resolveu contratar uma arquiteta Fernanda Moreira e investir cerca de R$ 13 mil para transformar o espaço em escritório e sala de estudos. “Quando o escritório voltar ao normal, a ideia é ir três vezes por semana. Por um lado, economizo cerca de 1h20 no trânsito todos os dias, mas acho importante e saudável ter o contato com as pessoas e sair de casa. Ir para o escritório duas vezes por semana seria o ideal.” Moreira conta que a busca por clientes que passaram a trabalhar mais tempo em casa e precisavam reformar ou criar um escritório foi uma das principais demandas nos últimos anos. As necessidades variavam de acordo com a função e os equipamentos fornecidos pelas empresas. Mas nem todos os conflitos que vieram com o home office foram resolvidos pacificamente. No ano passado, por exemplo, um juiz do Trabalho no Rio de Janeiro determinou que a Petrobras fosse responsável pelos custos mensais dos funcionários em casa, a partir de uma ação coletiva do Sindicato dos Petroleiros local. Os trabalhadores exigiam que a petroleira arcasse com os custos de internet, energia elétrica e fosse responsável por disponibilizar a estrutura física para o trabalho em casa. Após recursos, a empresa teve de manter apenas uma verba de apoio. Para o especialista em direito do trabalho Roberto Calcini, a pandemia exige uma regulamentação mais cuidadosa do trabalho em casa. “A relação entre empregados e empresas sofreu um processo de acomodação em razão dos dois anos de pandemia, mas sem que tenhamos, até agora, uma efetiva segurança jurídica sobre o assunto.” Ele avalia que é urgente a criação de uma nova legislação que detalhe melhor os direitos e obrigações do trabalhador, a partir das demandas criadas com a pandemia. “A única diretriz normativa atualmente vigente é a do teletrabalho na CLT, de 2017, anteriormente, portanto, ao início da pandemia, e que não dispõe especificamente sobre o home office.” No primeiro ano da crise sanitária, entre março e agosto de 2020, as ações na Justiça do Trabalho envolvendo home office chegaram a aumentar 270%, até pela novidade que essa modalidade de trabalho trouxe para empresas e empregados. O TST (Tribunal Superior do Trabalho) aponta que o número de processos envolvendo teletrabalho e home office chegaram a 258 em 2021, alta de 263% ante 2019, no pré-pandemia. No Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, ​foram 155 processos abertos por temas relacionados no ano passado —em 2019, eram cinco. Segundo advogados, ainda há lacunas na legislação em relação ao controle de jornada, às horas extras e à privacidade no uso do computador, por exemplo. No caso da ajuda de custos, Calcini entende que a empresa é obrigada a dar, já que a casa do funcionário se tornou uma extensão do escritório durante a pandemia. “A jornada de trabalho também deve ser a mesma de antes, com controle de jornada.” Os especialistas em legislação trabalhista lembram que o potencial de crescimento das ações trabalhistas pode ser maior, já que muitos funcionários deixaram de acionar a Justiça para não arcar com o pagamento de honorários advocatícios, caso perdessem as causas. Em outubro de 2021, o STF (Superior Tribunal Federal) entendeu que essa cobrança imposta pela reforma trabalhista é inconstitucional, e a tendência é de aumento no número de processos relacionados ao home office. Segundo o também especialista em direito do trabalho Denis Sarak, onde há insegurança jurídica, há conflito. “A lacuna da nossa legislação favorece a desinformação e consequentemente os conflitos. Ainda não temos uma legislação específica sobre o home office, apenas projetos de lei.” HOME OFFICE PODE SER BARREIRA PARA AVANÇAR NA CARREIRAFuncionária de uma empresa no Rio Grande do Sul, Paloma Seixas, 28, nunca havia se imaginado trabalhando de casa. Com a pandemia e o fechamento temporário do escritório, ela se mudou de Viamão, na Grande Porto Alegre, para Garopaba, no litoral de Santa Catarina, e não pensa em voltar. “A rotina aqui é muito mais tranquila, sinto como se a gente tivesse morado aqui a vida inteira. Parte da empresa está em modelo híbrido [presencial e remoto] desde o fim do ano e me deram opção de continuar em casa, mas temo que não consiga crescer na empresa, se continuar morando longe.” Para o professor Peter Cappelli, que dirige o Centro de Recursos Humanos da Wharton School of Business, nos Estados Unidos, a preocupação de Seixas não é exagero, e é quase certo que os trabalhadores que não quiserem voltar ao escritório terão dificuldades na carreira. “As pessoas que ficarem no escritório