Trabalho híbrido gera nova onda de benefícios

Valor Econômico – 20/01/2022 – O impacto da pandemia nos novos modelos de trabalho e na questão da saúde mental no ambiente corporativo têm levado diretores de recursos humanos a falarem em “uma nova onda” de benefícios. “A primeira era foi a da competitividade, oferecendo além do que a legislação exige para se diferenciar. Agora, o quê [portfólio] e o modo como você disponibiliza [personalizado] é o que acabará gerando engajamento e identidade das pessoas com as empresas”, diz Izabel Branco, vice-presidente de relações humanas da empresa de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg TOTVS. Essa nova onda engloba alinhar a estratégia de inclusão e diversidade no desenho do programa de benefícios, tornar a experiência com eles mais digital e flexível e inserir no portfólio oferecido serviços focados em bem-estar e saúde mental, mostra uma pesquisa da consultoria Willis Towers Watson, obtida pelo Valor. Realizada no segundo semestre de 2021 com 287 empresas brasileiras, sendo 61% multinacionais, que juntas têm cerca de 1 milhão de empregados, a pesquisa indica que inclusão e diversidade (59%), avanços na https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg para benefícios (57%) e trabalho remoto (56%) são as principais influências externas que norteiam as estratégias de benefícios hoje. “Comparada à última edição, feita em 2019, a nova forma de as pessoas trabalharem com a pandemia mudou a necessidade em relação aos programas”, afirma René Ballo, líder da área de benefícios da consultoria. A ampliação do home office, por exemplo, aumentou a demanda por auxílio para cobrir custos dos funcionários em casa, e esse auxílio veio para ficar, segundo diretores de RH de grandes empresas. No começo da pandemia, a TOTVS enviou cadeiras e monitores aos funcionários e, agora, com parte de sua força de trabalho ficando remotamente, com contrato de teletrabalho, disponibilizará um auxílio por mês para custos de luz e internet e uma consultoria para avaliação ergonômica. Para gerentes executivos, diretores e vice-presidentes que têm carro como benefício, a empresa trocou o vale combustível por um vale mobilidade que pode ser usado para zona azul, bicicleta, estacionamento e transporte público. Na Unilever, que colocou em prática seu modelo híbrido de trabalho em janeiro de 2022, com gestores e equipes combinando quando ir ao escritório e quando ficar em home office, os vales alimentação e refeição foram reunidos em um cartão único, permitindo que o funcionário eleja qual a porcentagem de valor para cada uso. A empresa também começa a ofe Dasa e Serasa Experian também estão oferecendo o auxílio home office – nesta última, 50% da equipe ficará remoto e terá aporte de R$ 1,2 mil para compra de equipamentos, além de um valor mensal de R$ 150. O grande desafio diante dos novos modelos de trabalho é garantir flexibilidade e liberdade de escolha, conciliando o que é definido pela legislação trabalhista e acordos sindicais. Aumentar essa flexibilidade dos benefícios é o principal objetivo relacionado à experiência do empregado para 48% das empresas ouvidas pela Willis Towers Watson. Para alcançá-lo, as companhias têm se apoiado em soluções mais digitais. Embora apenas uma em cada sete empresas use https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg de ponta para administrar benefícios, 79% querem que, nos próximos dois anos, o digital esteja incorporado em tudo que oferecem. “A digitalização dos benefícios hoje tem a ver com ‘employee experiente’, a experiência que vou prover na jornada do funcionário com a empresa”, avalia Flavio Balestrin, vice-presidente de recursos humanos para América Latina da Serasa Experian. Ele não acha que o tradicional portal de serviços do RH vai desaparecer, mas unificar tudo o que está disponível em um único lugar é fundamental para entregar uma melhor experiência. A companhia tem feito isso e concentra o processo de reembolso, telemedicina, opções de downgrade ou upgrade do plano de saúde ou alocação de auxílio educação em um único portal. Em breve, colocará a opção de o funcionário escolher qual porcentual de vale alimentação e refeição quer ter e a possibilidade de mudar isso com uma frequência maior. Na pesquisa da Willis Towers Watson, duas em cada cinco empresas estão considerando adotar um hub digital que abrigue todos os benefícios. Já aplicativos são o foco atual para disponibilizar benefícios para 28% das organizações ouvidas. Na fintech Creditas, os funcionários têm acesso aos mesmos benefícios que os clientes da empresa têm no app, podendo, por exemplo, tomar algum empréstimo facilitado. Também podem negociar antecipação salarial. Há outros apps para benefícios de saúde mental ou física, com Zenklub ou Gympass, por exemplo. No fim de 2021, os funcionários da fintech começaram a receber “o cartão verde”, que reúne os vales alimentação e refeição – com bandeira Mastercard e sem limite diário – além de valor fixo para gastos com saúde, mobilidade e educação. A empresa também estuda o uso de um valor para cultura no cartão. “Com o cartão, gestores podem direcionar o que faz mais sentido para determinada área, o próprio funcionário pode gerenciar onde quer gastar mais, e podemos criar motivações específicas, como direcionar uma premiação (em dinheiro) para a área de vendas, por exemplo”, diz Viviane Sales, vice-presidente de Creditas @Work, plataforma de benefícios corporativos da fintech. “Hoje, o próprio funcionário se autoatende e o RH consegue gerenciar por lotes.” A adoção de ‘smart cards’ é a principal tendência na área de benefícios flexíveis, avalia René Ballo, da Willis Towers Watson. “Com agravamento da pandemia e o isolamento social ficou claro para nós que cada um dos nossos mais de 1,5 mil funcionários possui uma necessidade diferente conforme o momento de vida e a composição familiar. Alguns querem gastar mais em restaurantes, outros preferem utilizar um valor flexível para colocar mais combustível ou usar em aplicativo de de transporte”, diz Adriana Ueno, head de remuneração e benefícios, people analytics e serviços de RH do Neon. O banco também adotou um cartão para unificar benefícios. Fornecedora desse serviço, a startup Flash viu a sua base de usuários (funcionários de empresas) crescer de 30 mil em janeiro de 2021 para 300 mil em janeiro de 2022, representando 4 mil companhias. Com o cartão, os profissionais de RH configuram o orçamento que
Quase metade das pequenas indústrias de SP enfrenta algum tipo de paralisação, aponta pesquisa

O Estado de S.Paulo – 20/01/2022 – Duas em cada dez pequenas indústrias do estado de São Paulo chegaram ao fim do ano de 2021 com a maior parte de suas atividades paralisadas ou totalmente paradas. Além do aumento de custos e da dificuldade de obtenção de insumos, o empresário industrial ainda enfrenta dificuldades para receber pagamentos. Quase um terço (32%) das micro e pequenas indústrias paulistas tinham clientes inadimplentes em dezembro, segundo uma pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria no Estado de São Paulo (Simpi), encomendada ao Datafolha e obtida com exclusividade pelo Broadcast. No mês de dezembro, apenas 54% das micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo estavam funcionando normalmente. Os demais 46% enfrentavam algum tipo de paralisação na produção: 26% do total de indústrias operavam com uma pequena parte das atividades paradas, 17% funcionavam com a maior parte do parque fabril paralisado; e 3% estavam completamente parados. “Nunca na pesquisa que começou em 2013 teve um período tão longo e tão continuado com um problema de elevação de custos da matéria-prima e dos insumos. Nunca teve um período tão longo, estamos falando em 12 meses desse cenário, de desabastecimento de matéria-prima e atraso na entrega”, ressaltou o presidente do Simpi, Joseph Couri. O Índice de Custos das Micro e Pequenas Indústrias ficou em 73 pontos em dezembro de 2021, numa escala de 0 a 200 pontos. Quanto mais baixo o resultado, mais empresas atingidas por alta significativa de custos. Devido ao cenário de alta persistente de preços, o índice de custos terminou o ano de 2021 com uma média em 67 pontos, pior resultado já registrado desde 2013. Os sucessivos aumentos na tarifa de energia elétrica também prejudicaram o desempenho dos negócios: 71% das empresas relataram encarecimento significativo na conta de energia ao longo do ano passado. “Esses aumentos de custos das empresas necessariamente impactarão preço de venda”, alertou Couri. O executivo pondera que o momento é de queda na renda das famílias e perda de poder aquisitivo da população, o que afeta a demanda doméstica e limita a capacidade de as empresas industriais repassarem para os preços dos produtos essa alta nos custos de produção. Segundo Couri, essa dificuldade de reajustar preços para amenizar o impacto do encarecimento do processo produtivo coloca a retomada dos negócios industriais em risco. DinheiroAlta persistente de preços impactou no desempenho de pequenas indústrias do estado de São Paulo, aponta pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria no Estado de São Paulo (Simpi) Foto: Fábio Motta/Estadão“As empresas não têm capital de giro para passar o mês”, ressaltou o executivo. A pesquisa mostrou que 44% das pequenas empresas industriais tinham capital de giro insuficiente em dezembro, enquanto 48% tinham recursos exatamente na medida necessária. Apenas 8% dos industriais relataram ter dinheiro sobrando no caixa da empresa. Como resultado, muitos empresários precisaram recorrer ao crédito caro: 16% apelaram ao cheque especial como fonte de recursos para o capital de giro entre novembro e dezembro, 7% pegaram empréstimo corporativo e 3% tiveram que recorrer a um empréstimo pessoal. Segundo Couri, a pesquisa mostra os empresários industriais mais otimistas em relação a 2022, mas pondera que o ano ainda deve ser “desafiador” sob diferentes aspectos, tanto políticos quanto econômicos. A coleta de dados da pesquisa ocorreu de 10 a 20 dezembro de 2021. O Simpi calcula que 42% das micro e pequenas indústrias brasileiras estão localizadas no estado de São Paulo.
Inflação de 2021 supera 47,7% dos acordos salariais do setor privado

O Estado de S.Paulo – 20/01/2021 – Quase a metade das negociações salariais do setor privado perdeu para a inflação em 2021. Esse foi pior resultado em quatro anos, desde que o Dieese começou, em 2018, a avaliar as negociações inseridas na base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho. Se for considerada uma série mais longa, iniciada em 1996 e que leva em conta uma amostra menor, de 800 categorias, o resultado foi o mais fraco desde 2003. No ano passado, 47,7% das negociações salariais ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC do IBGE, que fechou 2021 com alta de 10,16%. Já 36,6% das negociações empataram, e apenas 15,8% superaram a inflação. O reajuste médio de 16,3 mil negociações concluídas e inseridas até 6 de janeiro na base de dados ficou em 0,86% abaixo da inflação. “Antes de 2018, a gente trabalhava com um painel mais restrito, que incluía as principais negociações”, diz o sociólogo Luís Ribeiro, técnico responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Contratações Coletivas do Dieese. Entre 1996 e 2002, a fatia das negociações que perdia para inflação girava em torno de 40%. Em 2003, com a inflação em alta, 58% das negociações ficaram abaixo do INPC. De 2004 em diante, a parcela de negociações com reajustes acima da inflação predominou. Mas, com recessão em 2015, o quadro piorou, observa. Ele destaca que, desde 2018, com o enfraquecimento da atividade agravado pela pandemia e a alta do desemprego, a situação complicou para o trabalhador. “É um cenário delicado que resulta da combinação de inflação alta com grande ociosidade no mercado de trabalho”, observa o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi. A grande parcela de reajustes salariais perdendo para inflação pode limitar o consumo e a atividade, com desdobramentos sobre a inadimplência. “É menos dinheiro injetado na economia”, diz, ressaltando que a prioridade do brasileiro hoje é comprar itens básicos.