Trabalhadores querem que empresas exijam vacinação de colegas, diz LinkedIn

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Folha de S.Paulo – coluna Painel S.A. Na retomada do trabalho presencial, os brasileiros estão preocupados com a vacinação dos colegas, segundo pesquisa do LinkedIn com mil pessoas. Cerca de 90% consideram importante que as empresas exijam a imunização contra a Covid para retornar aos escritórios. Para aproximadamente 85% dos entrevistados, é importante que as empresas realizem testes para detectar a doença. Eles também dizem que pretendem perguntar aos colegas de trabalho com quem interagem diariamente se eles tomaram a vacina. Milton Beck, diretor-geral do LinkedIn para a América Latina, afirma que o resultado serve de alerta aos gestores que estão organizando o retorno ao escritório. Segundo ele, os brasileiros também têm tido preferência pelo modelo híbrido. O executivo diz que, no Brasil, o LinkedIn ainda não tem data para voltar ao trabalho presencial, e também não decidiu se vai exigir que os funcionários estejam vacinados.

Governo deve vetar desoneração de 17 setores se não houver como compensar perda de arrecadação

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Folha de S.Paulo O projeto que estende até 2026 a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores deve ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se não houver mudança no texto. A proposta tem o objetivo de manter a redução dos custos de contratação de trabalhadores por empresas dos ramos que mais empregam no país. O incentivo a esses setores está previsto para terminar em dezembro de 2021. O formato atual da proposta avançou na Câmara nesta quarta-feira (15), ao ser aprovado na Comissão de Finanças e Tributação. A votação foi simbólica. Aliados do governo também apoiaram o projeto. A proposta não prevê uma medida que compense as perdas aos cofres públicos. Isso, segundo membros do governo e técnicos do Congresso, contraria regras orçamentárias. “Nós sabemos que o governo vai vetar o projeto. Isso o governo já disse. Mas o governo não está atrapalhando [o andamento da proposta], porque a ideia é buscarmos uma saída definitiva, que, se for encontrada, soluciona essa questão e vale para todos os setores da economia”, disse à Folha o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), relator do projeto. A estratégia do governo é deixar que o Congresso assuma a liderança da articulação pela aprovação de um novo imposto digital, nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Esse novo tributo substituiria os encargos sobre contratação de mão de obra de todas as empresas. Essa troca de tributação é defendida pelo ministro Paulo Guedes (Economia), mas, após diversos entraves para apresentar a proposta desde o início do governo, a equipe dele adota agora uma postura diferente —deixando o Congresso assumir a linha de frente do plano de desonerar a folha de pagamento de todos os setores. O prazo é apertado. Caso não haja consenso para uma ampla desoneração da folha até o fim do ano, o Congresso deverá então derrubar o veto ao projeto relatado por Goergen. Com isso, o benefício dos 17 setores estaria garantido até 2026. “Se não conseguirmos uma solução definitiva [desoneração ampla], daria tempo de derrubarmos o veto”, afirmou o relator. Técnicos do governo relataram à Folha que, por não haver compensação pelas perdas de arrecadação, o Ministério da Economia deverá recomendar o veto. Esse argumento —falta de medida que equilibre a queda de receita com tributos— é comum para que o Palácio do Planalto barre projetos aprovados pelo Congresso. O governo abriria mão de arrecadar R$ 8,3 bilhões por ano, caso o benefício seja prorrogado para os 17 setores. Essa perda de receita não está prevista no Orçamento de 2022. Uma nota técnica da Consultoria de Orçamento da Câmara aponta a mesma falha no projeto que avançou na Casa nesta quarta. Por não dizer de onde sairá o dinheiro para bancar a desoneração dos setores beneficiados atualmente, a proposta contraria regras orçamentárias, segundo o documento. A desoneração da folha, adotada no governo petista, permite que empresas possam contribuir com um percentual que varia de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto, em vez de 20% sobre a remuneração dos funcionários para a Previdência Social (contribuição patronal). Isso representa uma diminuição no custo de contratação de mão de obra. Por outro lado, significa menos dinheiro nos cofres públicos. Atualmente, a medida beneficia companhias de call center, o ramo da informática, com desenvolvimento de sistemas, processamento de dados e criação de jogos eletrônicos, além de empresas de comunicação, companhias que atuam no transporte rodoviário coletivo de passageiros e empresas de construção civil e de obras de infraestrutura, entre outros. Representantes desses segmentos e deputados que articulam a prorrogação da medida até dezembro de 2026 argumentam que a retirada do benefício elevaria os custos das empresas, o que colocaria empregos em risco em um momento em que o país tenta se recuperar da crise provocada pela Covid-19. Com apoio de aliados do governo, a proposta foi aprovada na comissão de finanças e tributação da Câmara nesta quarta. Mas ainda precisa passar foi votação em mais uma comissão, no plenário da Casa e depois no Senado. O governo já foi derrotado no ano passado quando tentou impedir a prorrogação da desoneração desses setores até o fim de 2021. Nos últimos anos, o clima no Congresso tem sido favorável a essa iniciativa. Agora, o plano do time de Guedes é aproveitar o desejo dos parlamentares em aprovar mais uma rodada de desoneração para enfim conseguir destravar uma troca definitiva da tributação sobre a folha de salários. Isso, porém, envolve a criação de um imposto nos moldes da CPMF, que enfrenta forte resistência de alguns partidos com representação no Congresso. Por isso, até mesmo integrantes do Ministério da Economia não veem esse plano como uma prioridade, já que a pasta está focada em buscar uma solução para o aperto no Orçamento de 2022 e em aprovar a reforma do IR (Imposto de Renda). O acordo para tentar avançar com uma nova CPMF prevê que a PEC (proposta de emenda à Constituição) de criação do tributo seja apresentada pelo próprio Congresso, provavelmente pela frente parlamentar do empreendedorismo. A articulação dos empresários seria fundamental para reduzir as críticas à proposta e convencer o Congresso a desonerar todos os setores da economia, na avaliação de integrantes do governo.

Tendência de concentração e competitividade serão obstáculos do varejo nos próximos anos

O Estado de S.Paulo Nos próximos três anos, a vida no varejo não será fácil: a competitividade e a concentração das empresas devem aumentar, enquanto a rentabilidade do negócio deve cair. Uma das saídas para esse cenário mais hostil traçado pelos próprios empresários do setor é avançar no comércio online. A digitalização, iniciada na “marra” por muitos varejistas por causa da pandemia, virou mote de sobrevivência. Isso é o que revela a segunda edição da pesquisa para saber qual será o futuro do varejo, feita pelo do Centro de Excelência em Varejo da FGV/SP em parceria com a Gouvêa Experience. Os resultados serão apresentados hoje no Latam Retail Show 2021, o maior evento do setor. Concluída na primeira semana deste mês, a pesquisa ouviu mais de 150 executivos, a maioria em cargos de direção e presidência de grandes companhias de diferentes segmentos. De acordo com a pesquisa, 87% dos entrevistados acreditam que o nível de competitividade no varejo deve aumentar. É um avanço de 8 pontos porcentuais em relação a 2020. Também mais da metade deles (52%) espera queda na rentabilidade das vendas. E 63% acreditam que a fatia das cinco maiores varejistas deve crescer. “Os três pilares pioraram em relação ao ano passado”, afirma Maurício Morgado, chefe do centro de varejo. Muitas empresas quebraram ou deixaram de operar em 2020 por causa da pandemia. E as que sobraram passaram a ter de competir com as gigantes que são ecossistemas. Estas travam uma disputa acirrada por preço, serviço e pela melhor entrega. Fora isso, o pano de fundo é uma economia que dá sinais de que não deve se recuperar rapidamente, com um consumidor mais exigente e comprando online. Um ponto que chama atenção é a alta representatividade das vendas online. A crença dos varejistas é que o e-commerce responda por quase 35% as vendas do seu setor em três anos. “É um número surpreendentemente alto”, diz Eduardo Yamashita, diretor de operações da Gouvêa Ecosystem. Essa marca é alcançada só pela China. No Reino Unido e na Coreia do Sul, a fatia do e-commerce no varejo total é de 22%. E nos EUA, no Canadá e na França está na faixa de 10%. No Brasil, o total do e-commerce chegou a 5% com a pandemia. Mas, dependendo do segmentos, está em 30%, como em eletroeletrônicos. A perspectiva, diz, é de que o online responda por 10% das vendas em seis anos. ‘Me chama no WhatsApp’ Morgado diz que a chacoalhada provocada pela pandemia que fez avançar o braço digital deve, a partir de agora, crescer ainda mais e também se sofisticar. “O me chama no WhatsApp não basta e para virar o jogo.” É preciso começar a tocar o negócio de uma forma menos intuitiva e mais científica, baseada em dados. É exatamente nessa direção que a quase cinquentenária Caedu, rede de artigos de vestuário para classe C, com 67 lojas na Grande São Paulo, está caminhando. Antes da pandemia, a rede não vendia online, conta a presidente do Conselho de Administração, Leninha Palma. Com o lockdown, a rede começou a vender por WhatsApp, que chegou a representar o faturamento de uma loja média. Em setembro, a companhia já estava com o próprio site. Agora, estrutura o banco de dados para conhecer os clientes. Leninha quer ingressar num marketplace e criar o próprio ecossistema. Hoje, a lição de casa da varejista é respaldar cada passo com dados sobre a clientela. “Não existe mais aquele comércio de abrir as portas, deixar a loja bonita e ficar esperando o cliente”, afirma.

Comissão da Câmara aprova prorrogação da desoneração até 2026 para setores que mais empregam

O Estado de S.Paulo A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 15, a prorrogação da desoneração da folha de pagamento. A medida está em vigor desde 2011 e beneficia 17 setores que mais empregam no País ao reduzir os encargos cobrados sobre os salários dos funcionários. Pelas regras atuais, a validade da desoneração acaba no fim de 2021. O texto aprovado de forma simbólica na comissão, de autoria do deputado Efraim Filho (DEM-PB), prorroga os efeitos da desoneração para o fim de 2026. A proposta segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois para o plenário da Câmara. A desoneração beneficia as empresas porque reduz os encargos trabalhistas que são pagos por elas. A medida consiste em trocar os tributos sobre os salários dos empregados por uma alíquota sobre o faturamento. Hoje, essas empresas podem escolher: ou pagam 20% de contribuição previdenciária sobre os salários dos funcionários ou uma alíquota que vai de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto. Juntos os setores de construção civil, calçados, tecidos, transporte rodoviário, proteína animal e comunicações empregam mais de 6 milhões de trabalhadores. A presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Suruagy, defendeu a manutenção do benefício. “A medida é decisiva para planejarmos e definirmos investimentos e capacitação de recursos humanos. Caso não seja mantida, haverá aumento médio de 7,5% no custo e risco de quebra de empresas”, declarou. Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), comemorou o avanço da medida na Câmara. “Não há um programa social mais relevante do que o emprego e isso o setor têxtil e confecção é extremamente capaz de fazê-lo em todo o território nacional, pois está distribuído em todas as unidades da federação”, disse. Relator do projeto, o deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS) tenta votar um requerimento para que o projeto não passe pela CCJ e vá direto ao plenário. Ele não descarta mudanças, que podem acontecer por meio de emendas na votação do plenário da Câmara. Uma das soluções que podem ser construídas com o governo é a diminuição do prazo da prorrogação para 2023, em vez de 2026. “Vamos votar como está. A construção está sendo feita, mas vai ser uma longa caminhada”, disse Jerônimo ao Estadão. A equipe econômica do governo federal teme o impacto que a medida pode ter nas contas públicas, pois significa redução da arrecadação federal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem feito diversas reuniões com Jerônimo para chegar a um acordo, mas não houve perspectiva de entendimento.

A retomada dos serviços – Editorial

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O Estado de S.Paulo Com a vacinação e a retomada gradual das atividades presenciais, como em restaurantes, hotéis e viagens aéreas, o setor de serviços já acumulou nos 12 meses até julho uma produção 2,9% maior que a do período anterior. Maior fonte de empregos, embora em grande parte informais, os serviços poderiam ter avançado mais velozmente, com grande benefício para a economia brasileira, se o poder central tivesse aderido mais cedo ao trabalho de imunização. Desprezando as primeiras ofertas de vacinas, o Executivo continuou tratando a saúde dos brasileiros com a negligência demonstrada desde o início da pandemia. Apesar dos entraves, a produção de serviços cresceu 1,1% em julho e avançou 5,8% em quatro meses. O volume de sete meses foi 10,7% maior que o de um ano antes. Em julho, o setor alcançou um patamar 3,9% superior ao da pré-pandemia, em fevereiro de 2020. Os números são da pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A recuperação tem sido, no entanto, muito desigual entre os vários segmentos do setor. Em julho, só dois dos cinco grandes grupos de serviços tiveram resultados positivos. O amplo conjunto de serviços prestados às famílias teve crescimento mensal de 3,8% e superou por 76,3% o volume produzido um ano antes. O outro grupo foi o dos serviços profissionais, administrativos e complementares, com expansão de 0,6% no mês e 14,1% em relação ao desempenho de julho de 2020. Os dois segmentos foram os mais prejudicados no pior período da pandemia, no ano passado. Mesmo depois do choque inicial, o surto de covid-19 continuou afetando seriamente esses dois segmentos. A persistência do problema é bem visível quando se considera o balanço de 12 meses. Nesse período, o volume de serviços prestados às famílias foi 12,4% menor que o dos 12 meses terminados um ano antes. As perdas nos trabalhos de restaurantes, bares e hotéis, incluída, naturalmente, a redução do turismo, estão representadas nesses números. No caso dos serviços profissionais, administrativos e complementares, as perdas foram menores, mas o desempenho em 12 meses foi negativo, com recuo de 1,9%. Também muito afetado pelas limitações sanitárias e pela crise do turismo, o transporte aéreo continua com recuperação incompleta. Em julho, a atividade da aviação foi 95,8% superior à de um ano antes, mesmo com recuo mensal de 7,8%. No ano, superou por 28,6% o desempenho de janeiro a julho de 2021. Mas o acumulado em 12 meses foi 7,3% menor que o do período anterior. No caso dos serviços prestados às famílias, a covid-19 afetou os dois lados do mercado, prejudicando a demanda e enfraquecendo a oferta. “Alguns estabelecimentos fecharam e outros reabriram, mas ainda não operam com plena capacidade”, comentou o analista Rodrigo Lobo, do IBGE. Do lado da demanda, acrescentou, o avanço é prejudicado pela estagnação da massa de rendimentos e pelo desemprego. A recuperação do setor, apesar dessas limitações, é explicável principalmente pelo desempenho dos segmentos de serviços não presenciais, desde o primeiro grande impacto da pandemia. Esse grupo inclui os serviços de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação, as atividades financeiras, correio, a armazenagem e diversos trabalhos na área de transportes. O conjunto formado por transportes, serviços auxiliares de transportes e correio produziu de janeiro a julho 15,7% mais que um ano antes e acumulou expansão de 5,8% em 12 meses. Dentro desse conjunto, o transporte aquaviário cresceu 10,7% nos 12 meses até julho. No mesmo período, o grupo armazenagem, serviços auxiliares de transportes e correio apresentou produção 9,5% maior que a dos 12 meses anteriores. A mesma comparação apontou resultado positivo de 4,5% para o transporte terrestre. Apesar da recuperação, o volume de serviços ficou em julho 7,7% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014, embora tenha sido o maior desde março de 2016. Uma retomada mais forte dependerá do controle da pandemia e do aumento da renda familiar, prejudicada pelo desemprego e pela inflação.