Quase 90% dos microempreendedores com auxílio emergencial negado opera sem reserva

Quase 90% dos nano e microempreendedores brasileiros que tiveram o auxílio emergencial negado operam sem reserva de emergência – ou porque nunca tiveram, ou porque a poupança acabou. Se for levado em conta que 21,7% dos empresários dessa categoria pediram o benefício, mas ele não foi concedido, conclui-se que 19,3% dos negócios estão funcionando sem nenhum tipo de auxílio ou reserva financeira. A maioria dos empreendedores (54,76%) solicitou o auxílio emergencial. Ao todo, 42% dos microempresários não têm reserva de emergência. Destes, 32% informam que já tiveram, mas que o dinheiro guardado acabou. Os dados são da pesquisa “Impacto da Covid-19 nos micronegócios”, realizada pela SumUp (empresa de soluções financeiras para micro e pequenos negócios). Foram 1.187 nano e microempresários brasileiros consultados, entre 3 e 10 de maio. Os resultados têm margem de erro de 3 pontos porcentuais. FreguesiaQuase metade (48,6%) dos negócios que começaram a vender pela internet por conta da pandemia está funcionando agora com atendimento ao público. Enquanto isso, 46% nunca venderam pela internet, mesmo com a pandemia. Já 23% adotaram a venda online após a pandemia. O WhatsApp é a principal ferramenta usada pelos microeempreendedores para vender online, seguido pelo Instagram. O app de mensagens teve mais respostas do que todas as outras plataformas somadas, com 60,8% dos empresários. O segundo colocado teve 24,4% das respostas. O ESTADO DE S. PAULO

O Pronampe como política permanente (Editorial)

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Criado em maio do ano passado em caráter de emergência para socorrer empresas cujas finanças haviam sido seriamente comprometidas pela crise decorrente da pandemia de covid-19, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) tornou-se uma política oficial de crédito permanente. Projeto nesse sentido de iniciativa do Congresso Nacional aprovado em 11 de maio foi sancionado na quarta-feira passada pelo presidente Jair Bolsonaro. O fato de as operações serem garantidas por recursos públicos, por meio do Fundo Garantidor de Operações (FGO), permite que empreendimentos em dificuldades para comprovação de garantias normalmente exigidas em financiamentos bancários tenham acesso a crédito. Relatora no Senado do projeto do Pronampe que deu a forma final ao programa, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) observou que, embora maltratadas no País há décadas, as micro e pequenas empresas respondem por 18 milhões de empregos e por nada menos do que 27% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). Para parte delas, a instituição emergencial do programa de crédito há pouco mais de um ano evitou o encerramento de suas atividades por causa da pandemia. O Ministério da Economia – que participou do debate do projeto de lei por meio da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade – informa que, de sua criação até o fim do ano passado, o programa permitiu a contratação de financiamentos de R$ 37,5 bilhões, em 516,9 mil operações. Sua renovação, por isso, era reivindicada pelas empresas. A perenização do Pronampe veio acompanhada do aumento do custo para o tomador do empréstimo. Na versão que vigorou no ano passado, os juros correspondiam à taxa Selic (definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central) mais 1,25% ao ano. Na sua forma definitiva agora em vigor, o custo passa a ser o da Selic acrescido de até 6%. Trata-se de um aumento significativo. Mesmo assim, como observou o Ministério da Economia, o custo da operação continua vantajoso para o tomador do empréstimo. Considerado o novo acréscimo sobre a Selic, a taxa do Pronampe continua inferior à taxa média observada no mercado financeiro para essas operações, que varia de cerca de 30% a 38,5% ao ano. O ESTADO DE S. PAULO

Norma do BC amplia crédito pequenas e médias empresas

Credenciadoras, fintechs, fundos de investimentos e bancos tradicionais já se movimentam para ocupar o espaço que se abre na oferta de crédito para micro, pequenas e médias empresas. Uma norma do Banco Central (BC), que entra em vigor a partir de hoje, facilita o uso do fluxo de pagamentos com cartões para garantir empréstimos por lojistas. Agora, todos os valores recebidos por vendas via cartões serão inscritos em câmaras registradoras, que atestarão a existência e a unicidade desses recebíveis. Eles poderão ser oferecidos como garantia para obter crédito mais barato. Os recebíveis de cartões já eram usados como garantia ou na antecipação oferecida pelas credenciadoras (as empresas de “maquininhas”) ou na obtenção de crédito bancário. No entanto, o registro torna esse lastro mais seguro. E dá ainda mais liberdade para os lojistas porque mitiga a chamada “trava bancária”. Era praxe que, para conceder crédito com essa garantia, o banco exigisse que todo o fluxo de recebíveis de cartões permanecesse na conta do lojista naquela instituição. A partir da mudança, os bancos só poderão segurar o volume de recebíveis equivalente ao saldo devedor. “Vai abrir uma gama para o estabelecimento negociar com mais de um agente e ter o limite de crédito ampliado, o que deve levar a taxas melhores”, afirma o diretor de fiscalização do BC, Paulo Souza. “O que esperamos é que lojistas repassem essa economia para o consumidor.” Nas contas do mercado, a antecipação de recebíveis movimentou R$ 290 bilhões em 2020, enquanto o chamado crédito “fumaça” – garantido pelo fluxo futuro de recebíveis de cartões – tinha saldo de R$ 45 bilhões em dezembro. As duas modalidades devem crescer, mas é a última que tem maior potencial. O “fumaça” poderia se multiplicar para cerca de R$ 300 bilhões, segundo fontes do setor. VALOR ECONÔMICO