EUA criam empregos, mas faltam trabalhadores
O presidente Joe Biden defendeu seu plano econômico nesta semana, enquanto dados do mercado de trabalho nos EUA revelaram dois fatos intrigantes: milhões continuam desempregados após perderem o emprego durante a pandemia, mas empresas reclamam que não conseguem encontrar pessoas para contratar. A dificuldade das empresas de atrair novos trabalhadores gerou um debate polarizado sobre possíveis causas, no qual republicanos e alguns empresários dizem que os benefícios generosos demais aos desempregados desestimulam as pessoas a buscar um emprego. Para eles, a culpa é principalmente da prorrogação do complemento federal de US$ 300 por semana ao seguro-desemprego. Nos Estados com salários mais elevados, o valor combinado dos benefícios pode chegar a US$ 600 por semana, o equivalente a quase US$ 16 por hora. Isso é mais que o dobro do salário mínimo federal. Essa inesperada dificuldade de encontrar trabalhadores ameaça o que muitos economistas e empresários esperam que seja uma recuperação econômica robusta. Ao falar na Casa Branca, Biden disse que seu plano econômico estava “funcionando”, apesar da desaceleração na criação de empregos em abril, quando as empresas acrescentaram mais 266 mil trabalhadores ao nível de emprego, bem menos do que o 1 milhão esperado. Ele insistiu em que não havia “muitas evidências” de que os benefícios estariam desestimulando a busca por empregos. Mas um dado divulgado ontem reforçou o descasamento entre oferta e demanda no mercado de trabalho dos EUA. O número de vagas de empregos em aberto cresceu quase 8% em março, para 8,1 milhões, um recorde desde o início da série histórica em 2000, segundo o Departamento do Trabalho. Empresários afirmam que há uma escassez de mão de obra real em setores como os de alimentação, transporte e construção. Donos de franquias da rede de lojas de conveniência 7-Eleven imploraram à empresa que não os obrigue a voltar a funcionar 24 horas por dia, pois não conseguiam encontrar ninguém para trabalhar nos turnos da noite. Gerentes de um McDonald’s com falta de pessoal no Texas puseram um aviso na placa de menu do drive-thru em que pedem paciência aos clientes pois “ninguém quer mais trabalhar”. A Post Holdings, que faz cereais matinais, informou que a falta de funcionários tem causado graves atrasos na produção. Na segunda-feira, Donnie King, diretor de operações da Tyson Foods, a maior processadora de carnes dos EUA, relatou o mesmo tipo de problema. “Temos demorado cerca de seis dias para fazer o trabalho que se fazia em cinco dias por causa da rotatividade e do absenteísmo.” A Federação Nacional de Empresas Independentes, associação que representa pequenas empresas, disse que 42% dessas empresas dizem que não conseguem preencher cargos vagos. É o que diz Matt Glassman, dono do Greyhound Bar & Grill, em Los Angeles. Duas semanas antes de reabrir seu estabelecimento, Glassman agendou 15 entrevistas para contratar pessoal de cozinha. Mas contou que uma dúzia de candidatos não apareceu e, dos três que o fizeram, um era “totalmente inadequado” e outro desistiu no primeiro dia, o que o deixou com apenas um funcionário contratado. “Seguimos os caminhos tradicionais”, disse. “Nada deu certo.” Dirigentes trabalhistas e economistas dizem que os riscos maiores do trabalho presencial durante a crise da covid-19 levaram muitos trabalhadores de baixa renda a reconsiderarem se seus empregos valiam a pena. Para quem tem filhos, o prolongado fechamento de escolas e outras instalações para o cuidado de crianças tornou a volta ao trabalho ainda mais difícil. “A ideia de que preciso voltar a trabalhar e com isso pôr minha família a risco para ganhar um terço [das gorjetas] que conseguia antes é o tipo de decisão que eu provavelmente não tomaria se fosse minha equipe”, admite Glassman. Outros dizem que o seguro-desemprego tem desestimulado o trabalho. Nos campos de petróleo da Bacia Permian, no oeste do Texas, “há muita gente contratando e a atividade de petróleo e gás tem se recuperado”, disse Wesley Burnett, diretor da Câmara de Comércio da cidade de Odessa. “Mas o programa federal meio que empurrou todo mundo um pouco para trás, à medida que eles querem ficar em casa em vez de ir trabalhar.” O republicano Henry McMaster, governador da Carolina do Sul, determinou que seu Estado pare de pagar os benefícios federais adicionais no fim de junho, dois meses antes do programado pela Casa Branca. “O que visava ser uma assistência financeira de curto prazo para pessoas vulneráveis e desalojadas durante o auge da pandemia se tornou um benefício federal perigoso, que incentiva e paga aos trabalhadores para que fiquem em casa em vez de encorajá-los a voltar ao local de trabalho.” Outros Estados governados por republicanos estão fazendo o mesmo. Grupos de esquerda dizem que há um modo simples de atrair mais trabalhadores: pagar mais. “Empregadores agora dizem, ‘bom, não conseguimos encontrar pessoas para essas vagas’, mas o que deveriam dizer na verdade é: ‘não conseguimos encontrar pessoas para essas vagas com os salários que oferecemos’”, disse Melissa Boteach, da entidade National Women’s Law Center. “Quando há demanda por trabalho, deve-se subir salários para atrair a oferta.” Dados do Departamento de Trabalho dos EUA indicam que alguns empregadores começaram a fazer exatamente isso. Empresas dos setores de lazer e hotelaria aumentaram os salários em abril, embora ainda estejam abaixo da tendência anterior à pandemia. Outros vão mais longe. O Uber lançou um programa de “estímulo” próprio de US$ 250 milhões para atrair novos motoristas. Fabio Sandri, CEO da processadora de carne de aves Pilgrim’s Pride, contou que gastou US$ 40 milhões para elevar salários no primeiro trimestre do ano e que continua a investir em automação para depender menos de mão de obra. A expectativa de muitos economistas é que a falta de mão de obra vá acabando aos poucos, à medida que trabalhadores hesitantes voltem com o declínio nos casos de covid-19, a reabertura das escolas e o fim dos benefícios em setembro. VALOR ECONÔMICO
Custo de despesas básicas sobe 30% acima da inflação e corrói orçamento
Na casa do executivo Marcio Douglas Moura de Araújo, algumas mudanças tiveram de ser adotadas para equilibrar o orçamento com a escalada das despesas essenciais. O cardápio foi readaptado com produtos mais baratos. No lugar da carne, frango, fígado e, às vezes, peixe. Para reduzir o consumo de energia elétrica e gás, ele virou um verdadeiro fiscal. “Desligo o aquecedor de manhã e só ligo à noite. Apagamos todas as lâmpadas, tiramos os eletrodomésticos das tomadas e evitamos o uso do ar-condicionado em dias mais arejados”, diz ele. Mesmo assim, com quatro pessoas mais tempo dentro de casa, a conta de luz subiu 15%. No final do mês, diz ele, não sobra praticamente nada. O aperto na renda de Araújo é uma realidade na vida da maioria dos brasileiros, que tem visto despesas essenciais, como alimentação, energia elétrica e combustível, corroerem boa parte do salário mensal. Isso tem ocorrido porque o preço de alguns desses gastos subiu acima da inflação, conforme levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada a pedido do Estadão. No ano passado, a inflação média dos itens essenciais ficou 30% acima do IPCA, de 4,5%. Mas, em alguns casos, a diferença foi bem maior. A energia elétrica, por exemplo, subiu 9,12% e a alimentação em casa, 18,16%. Esse movimento continuou no início deste ano, com a explosão de 21,65% dos preços dos combustíveis (veículos e gás) até março. Os aumentos já foram suficientes para deixar a inflação das despesas essenciais 22% acima do IPCA neste ano – os números não consideram o índice de abril, anunciado nesta terça-feira, 11, de 0,31%. Isso significa que boa parte da renda disponível está sendo comprometida com apenas algumas despesas, diz a economista da Tendências Consultoria Integrada, Isabela Tavares, responsável pelo levantamento. “Na prática, tem sobrado menos dinheiro para gastar com bens e serviços.” De janeiro de 2020 para cá, a renda disponível (depois do pagamento de despesas essenciais) para gastar com esses itens caiu de 42,11% para 41,33% – o menor patamar, pelo menos, desde 2009. Só no ano passado, essa queda representou R$ 45 bilhões a menos de consumo para o brasileiro. O movimento, no entanto, não é recente. Em 2012, a renda disponível do brasileiro era de 45,47%. Nesse período, a escalada dos preços de despesas essenciais acima da inflação vem corroendo gradualmente a renda do brasileiro. “A pressão inflacionária aliada à deterioração do mercado de trabalho tem restringido cada vez mais o consumo de outros bens e serviços”, diz Isabela. O problema é que essa escalada não deve parar por ai, afirmam especialistas. Na energia elétrica, por exemplo, é esperado para este ano novos e salgados aumentos na conta de luz do brasileiro. Rodrigo Moraes, especialista em Planejamento Energético da Go Energy, explica que, apesar de haver sobreoferta de energia, a expectativa é que preço continuará elevado durante todo este ano. “Estamos enfrentando um período crítico de chuva, que afeta os reservatórios e obriga o acionamento de termoelétricas, mais caras. Neste ano, não teremos bandeira verde”, diz ele. No momento, a bandeira definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é vermelha, que indica que haverá acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final. “No meu orçamento, o que mais tem pesado são os preços de energia, gás e alimentação”, afirma o consumidor Marcio Douglas Moura de Araújo, que mora com a mulher e duas filhas. Para ele, como não dá para cortar mais o consumo de energia, o jeito tem sido mudar a alimentação. Além da carne, que saiu do cardápio, a ida à feira tem sido restringida. “Também mudei o supermercado. Antes ia ao Pão de Açúcar. Hoje vou ao Dia.” Na avaliação do economista Christiano Arrigoni, professor do Ibmec/RJ, a estratégia de Araújo está correta, mas nem tudo dá para ser substituído. É por isso que a renda cai, já que os salários não acompanham essa escalada de preços. Embora a inflação tenha ficado baixa no ano passado, o custo de vida para famílias mais pobres aumentou bastante, diz ele. “A inflação é um índice de preços de uma família típica, representa uma média. Para uma família mais pobre em que o grosso do orçamento vai para alimentos, energia e transporte, esses aumentos pesam muito.” Por isso, a sensação de que a inflação é maior do que aquela mostrada nos índices. “É nítido que a renda vem despencando. E isso é um drama, pois afeta toda a estrutura de consumo das famílias”, afirma o economista do Insper Otto Nogami. “E assim, o salário fica insuficiente para as necessidades do dia a dia.” O orçamento das famílias, segundo a Tendências, só não está mais apertado porque houve um arrefecimento em alguns itens nos últimos meses, o que compensou parte do aumento da conta de luz, da gasolina, do gás de cozinha e dos alimentos. Com a pandemia, a educação teve uma queda com os descontos dados pelas escolas por causa das aulas online. O mesmo ocorreu com os alugueis. Para a especialista em gestão empresarial Erika Pellini, o novo normal com a pandemia reduziu alguns gastos e elevou outros. Em home office, ela diminuiu o consumo de gasolina, mas elevou os gastos com alimentação e energia elétrica. “Tento ficar vigilante e evito deixar luzes e aparelhos ligados sem necessidade e, ainda assim, a despesa aumentou.” Ela conta que começou a fazer uma revisão do orçamento e pretende enxugar alguns gastos, como por exemplo, telefonia celular. Veja depoimentos de quem teve de fazer ajustes nos gastos para manter o orçamento doméstico equilibrado. ‘Cortei supérfluos e troquei algumas marcas’Para a fisioterapeuta Andrea Chiara Ferreira Silva, de 50 anos, o aumento no preço da gasolina achatou consideravelmente sua renda mensal. Ela faz atendimento domiciliar e usa o carro diariamente. “Apesar disso, não consegui repassar o aumento para os clientes, já que muitos deles também estão passando por um aperto no orçamento”, diz ela. Além do combustível, a fisioterapeuta também teve aumento no preço do plano de saúde, de R$ 800 para R$ 1,7 mil por
Plataforma premia hacker do bem que encontra falha em sistemas de empresas
A startup BugHunt quer trazer os hackers para mais perto das empresas. Para isso, a empresa formada pelos irmãos Caio Telles, 32, e Bruno Telles, 34, donos de consultoria em segurança digital e que também atuam como hackers éticos, criou serviço em que as empresas podem anunciar pagamentos para quem descobrir falhas em seus sistemas. A identificação de vulnerabilidade gera recompensas diferentes para quem as encontrou dependendo da gravidade, que vai de baixa a crítica, com valores escolhidos pela empresa que pediu o teste. Uma base de dados com CPFs e cartões de créditos de clientes, por exemplo, pode render até R$ 10 mil para quem descobre a vulnerabilidade, diz Caio. O modelo, apesar de incipiente no Brasil, é adotado internacionalmente pelas grandes empresas de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, incluindo Google, Facebook, Microsoft e Amazon. Apesar de a parceria com hackers ser comum internacionalmente, um dos desafios da startup no Brasil, afirma Caio, é mudar a visão negativa que muitos têm dos hackers, associando sua atividade ao crime. “Muitas empresas, quando recebem um aviso sobre um problema feito por um hacker, fica com receio de ser vítima de uma chantagem, por não saber se ele é do bem”, diz. Apesar dos prêmios, Caio diz que as motivações dos hackers vão além do dinheiro. Muitos que dedicam seu tempo a achar falhas nos sistemas querem se qualificar. A maioria deles trabalha em consultorias ou está na universidade e quer colocar o que estudam em prática. As empresas clientes da BugHunt podem deixar para que seus desafios sejam públicos para todos os hackers ou apenas para os qualificados, que acumularam mais pontos na plataforma. A startup não informa quantidade de hackers cadastrados, mas há desafios públicos propostos por empresas como a operadora Tim, que paga até R$ 2.500 por problema crítico identificado, e a fintech Warren, que oferece até R$ 1.500. Claudio Creo, diretor de segurança da informação da Tim, diz que a parceria com os hackers éticos, com variados estilos e estratégias de trabalho, agiliza a identificação de possíveis falhas. A empresa diz já ter corrigido problemas com indicações dos hackers. Também afirma que deve ampliar o número de ferramentas abertas para os testes deles. André Gusmão, diretor de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da Warren, diz que os relatórios gerados pelos hackers são enviados diretamente para o a conta de Slack das pessoas da equipe que cuida de segurança da informação na empresa para que sejam avaliados rapidamente. A fintech já recebeu 150 indicações dos especialistas, sendo que 6 delas exigiram correções, conta. Segundo Gusmão, os comentários recebidos também ajudam a pensar formas de melhorar as funcionalidades oferecidas aos clientes. Plataformas como a da BugHunt são importantes por deixarem claro as regras do que [é permitido pela empresa e sob quais condições, na avaliação do advogado Adriano Mendes, especialista em dados pessoais e sócios do escritório Assis e Mendes. Isso porque, uma invasão de sistema de empresa feita sem autorização é criminalizada pela lei Carolina Dieckmann, de 2012. Para o especialista, iniciativas como essa devem ser impulsionada pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que entrou em vigor em setembro e prevê punições para falhas no gerenciamento de dados pessoais de clientes por empresas. “É uma forma de descobrir problemas preventivamente em vez de ter de remediar depois.” Rodolfo Fücher, presidente da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software), diz que a parceria com hackers oferece para empresas uma forma barata de testar seus sistemas e, por isso, tem potencial de crescimento no Brasil. Por outro lado, ele ressalva que empresas com sua segurança digital pouco desenvolvida devem ter cautela no uso do serviço. Além de correr o risco de gastar muito com recompensas, podem ter sua reputação abalada caso a comunidade hacker identifique muitos problemas, afirma. O especialista em segurança digital José Filippe Albano já conseguiu ganhar US$ 4 mil (R$ 21.600) ao encontrar uma falha de segurança que dava acesso ao banco de dados da empresa usando plataformas internacionais para encontrar desafios. Ele diz localizar alguma vulnerabilidade, com nível variável de gravidade, cerca de duas vezes ao mês. “O tempo que tenho livre é dedicado a isso.” Albano conta que começou a caçar recompensas há dois anos, após descobrir que seu hobby, de examinar sistemas em busca de falhas, poderia dar dinheiro. Antes ele usava plataformas que simulam ambientes de empresas para competições entre os hackers. O modelo adotado pela BugHunt é importado das startups americanas HackerOne e Bugcrowd. Entre as clientes da Hacker One estãoStarbucks, Nintendo, Spotify e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, para quem começou a realizar desafios em 2016. Em 2020, a empresa divulgou relatório imformando que 60 hackers, em parceria com militares, encontraram mais de 460 vulnerabilidades nos servidores da Força Área americana em quatro semanas de desafio. O grupo recebeu no total US$ 290 mil (R$ 1,5 milhão). Pesquisa da empresa divulgada em março afirma que o número de hackers cadastrados no serviço avançou 63% e está acima de 1 milhão. Eles ganharam US$ 40 milhões (R$ 216 milhões) a partir da plataforma em 2020. A principal motivação dos hackers, citada por 85% dos usuários da plataforma ouvidos para o estudo, é o aprendizado, mais mencionado do que as recompensas (76%). Entre os usuários do serviço, 82% exercem a atividade em tempo parcial e 55% têm menos de 25 anos. A Bugcrowd, principal concorrente da HackerOne, recebeu um investimento de US$ 30 milhões (R$ 162 milhões) em abril do ano passado para acelerar sua expansão para a Europa. Entre as clientes da startups estão a empresa do mercado de pagamentos MasterCard e a montadora Stellantis. FOLHA DE S. PAULO
Indústria pressiona governo por liberação de recurso para ciência e tecnologia
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) pressiona o governo para que reavalie o Orçamento e libere os recursos previstos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vetados pelo presidente Jair Bolsonaro em abril. Segundo a entidade, dos R$ 5,5 bilhões que deveriam ser destinados ao financiamento de ciência, https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e inovação neste ano, R$ 5,1 bilhões estão bloqueados —o maior volume de contingenciamento já feito. A CNI diz que o governo estaria descumprindo a lei complementar 177/2021, que proíbe o bloqueio de recursos destinados ao Fundo. A diretora de inovação da CNI, Gianna Sagazio, diz que a falta de recursos pode acarretar descontinuidade de projetos e perda de pesquisadores, que vão para outros países. Procurado pelo Painel S.A., o governo não respondeu. FOLHA DE S. PAULO
Quase 60% dos varejistas com pelo menos 50 lojas vendem em vários canais
A omnicanalidade – possibilidade de atender o consumidor, sem que ele perceba diferença entre os canais de venda físico e digital – parece estar se tornando realidade para varejistas mais estruturadas. Pesquisa realizada pela AGR Consultores junto a 50 redes, com pelo menos 50 lojas, mostrou que 59% delas oferecem as modalidades “compra online e retira na loja” e “compra na loja e recebe em casa”. A pesquisa também mostrou que as vendas digitais feitas por canais sociais está disponível em 46% das entrevistadas, embora a maioria (83%) tenha o site como principal plataforma de negócios. Para a AGR, assim como em países mais maduros, esses porcentuais devem se aproximar rapidamente. O ESTADO DE S. PAULO
Atacadistas criam shopping virtual para pequenos mercados e restaurantes
O setor atacadista brasileiro, um dos poucos que conseguiram registrar crescimento real de vendas em meio à pandemia, também vai se digitalizar. Em julho deste ano deve começar a funcionar um marketplace para venda de grandes volumes, como acontece em suas lojas físicas. O shopping virtual será destinado a pequenos supermercados, bares, restaurantes e até ao consumidor final, que compra em atacarejos. “Estamos na fase de escolha da empresa que irá operar o nosso marketplace”, afirma Leonardo Miguel Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), que desenhou o projeto, aberto a 3 mil empresas do setor. A iniciativa de criar um shopping virtual para vendas no atacado, que comercializa um grande volume de alimentos e produtos de higiene e limpeza, se deve aos números significativos que o comércio online tem registrado desde o início da pandemia. O presidente da Abad ressalta que o comércio online representou 15% do movimento em lojas de alimentos e produtos de perfumaria no ano passado. Além disso, com tantas ondas de covid-19, os atacadistas acreditam que a tendência de menos compras presenciais é irreversível e enxergam boas perspectivas para esse novo canal. Tanto é que uma enquete realizada pela empresa de consultoria Nielsen com 660 atacadistas que respondem por mais da metade do faturamento do setor constatou que o comércio online lidera as intenções de investimento para este ano. De acordo com a enquete, 54,2% dos entrevistados pretendem expandir os investimentos no e-commerce. Esse resultado está muito à frente do segundo maior foco de atenção dos atacadistas, que são os investimentos em novos formatos de lojas, com 49,2%. No ano passado, o setor atacadista faturou R$ 287,8 bilhões e cresceu 0,7% em termos reais, já descontada a inflação, enquanto o Produto Interno Bruto(PIB), a soma de todas as riquezas geradas no País, encolheu 4,1%. “O número pode parecer pequeno, mas comparado ao encolhimento do PIB, é um resultado robusto frente a desorganização da economia provocada pela pandemia”, afirma o economista Nelson Barrizzelli, pesquisador da Fundação Instituto de Administração (FIA). No ano passado, o varejo tradicional, atendido por 95% do setor atacadista, caiu 0,4% sobre o ano anterior e os bares e restaurantes, a maioria abastecida pelo atacado, registraram queda de 18,6% nas vendas em razão dos fechamentos por causa da pandemia. Dentre os vários tipos de atacado, o autosserviço, onde o cliente faz sozinho as compras, registrou o maior avanço nas vendas, 24,9%, com faturamento de R$ 64,7 bilhões, segundo ranking da Abad/Nielsen. O crescimento se deve à abertura de novas lojas e por continuarem funcionando enquanto outros comércio foram fechados em razão da pandemia. No ranking geral da Abad, o Atacadão se manteve na liderança, com R$ 51,8 bilhões de vendas em 2020 e crescimento de 23,2% sobre o ano anterior, seguido pelo Grupo Martins, de Minas Gerais, que faturou R$ 6,5 bilhões e expandiu 28,3% a receita em igual período. O ESTADO DE S. PAULO
Confiança sobe nas pequenas empresas
Na esteira da retomada do auxílio emergencial, as micro e pequenas empresas tiveram melhora de confiança em abril. Segundo a pesquisa Sondagem Econômica MPE, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) de abril apresentou uma alta de 6,6 pontos e atingiu o patamar de 88,1, de acordo com o estudo. Como está abaixo de 100 pontos, o indicador ainda não aponta otimismo das empresas de menor porte. Segundo o documento, a melhora do IC-MPE deve-se, sobretudo, ao aumento do índice de expectativas, que subiu 10,4 pontos e chegou ao patamar de 87,1 pontos. Há uma leitura de que nos próximos três meses haverá aumento da demanda, impulsionando os negócios. Em nota, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, destaca a recuperação da confiança no comércio e no setor de serviços. Ele lembra, porém, que, apesar de a indústria de transformação ter apresentado um arrefecimento, o índice está acima dos demais setores econômicos. O índice de confiança da indústria caiu pela quinta vez consecutiva e recuou 0,9 ponto, para 95,8 pontos, atingindo o menor nível desde junho de 2020 (75,5 pontos). O do comércio cresceu 11,6 pontos, passando de 68,3 pontos para 79,9 pontos. E o de serviços avançou 4,6 pontos, depois de duas quedas consecutivas, atingindo o valor de 79,7 pontos. “A continuidade desta recuperação dependerá de programas de manutenção de emprego e auxílio às empresas; sinalizações mais positivas em relação à pandemia, como a ampliação do programa de vacinação e novos programas para micro e pequenas empresas”, afirmou Melles, na nota. Apesar da melhora da confiança das empresas de menor porte, o nível delas está abaixo do índice geral, que em abril marcou 90,8 pontos, também com alta, de 4,8 pontos, ante março. O índice de expectativas apresentou alta mais intensa que do que o índice de situação atual, que teve elevação de 1,5 ponto (para 84,5 pontos), mas ambos permanecem abaixo do nível considerado neutro, ou seja, a situação ainda é negativa para esse grupo de empresas. VALOR ECONÔMICO
Com piora da pandemia, serviços têm queda de 4% em março
O recrudescimento da pandemia de covid-19 derrubou o volume de serviços prestados no País em março. O setor encolheu 4,0% em relação a fevereiro, após ter avançado 4,6% no mês anterior, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta quarta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor depende do avanço da imunização da população contra a covid-19 para engatar uma recuperação mais consistente, apontou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. “Dadas as medidas restritivas, dado o aumento de casos de covid e número de óbitos, ainda há algum tipo de impedimento de funcionamento das empresas de caráter presencial. Isso dificulta uma recuperação mais acelerada do setor de serviços nesse momento”, justificou Lobo. O pesquisador do IBGE lembra que o mês de março teve uma série de decretos com medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus, o que abalou o desempenho de segmentos de serviços de caráter presencial, como restaurantes, hotéis, transporte aéreo e transporte rodoviário coletivo. “Todos esses serviços de caráter presencial trazem as perdas mais intensas desde abril de 2020”, pontuou. O destaque de março ante fevereiro foi o tombo de 27,0% nos serviços prestados às famílias, mas também houve perdas nos transportes (-1,9%) e nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,4%). Os avanços ocorreram nos setores de informação e comunicação (1,9%) e de outros serviços (3,7%). “Um bom termômetro de como anda a parte de serviços presencial é olhar um pouco as atividades turísticas, que em março mostraram queda bastante acentuada”, observou Lobo. O agregado especial de atividades turísticas recuou 22,0% em março ante fevereiro, precisando crescer 78,7% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado, no pré-pandemia. “Serviços como um todo vão avançar com vacinação, mas já se observa um dinamismo positivo. As empresas começaram a lidar melhor com a pandemia, com digitalização, adaptando-se às circunstâncias. Serviços de informação estão acima do patamar pré-pandemia, assim como transportes e outros serviços”, avaliou o economista Lucas Maynard, do banco Santander Brasil. Na média global, o setor de serviços chegou a março 2,8% aquém do pré-pandemia, depois da melhora registrada em fevereiro. Rodrigo Lobo ponderou que a adaptação de empresas à crise sanitária limitou a magnitude das perdas recentes e que as restrições de março de 2021 foram mais suaves que as de março de 2020. No entanto, a retomada mais consistente dos serviços “só vai acontecer quando tiver ao menos um porcentual maior de pessoas vacinadas”, defendeu o pesquisador do IBGE, lembrando que o avanço da imunização da população brasileira reduzirá a necessidade de medidas restritivas. “(A vacinação servirá) Para que os próprios consumidores desses serviços possam se sentir mais confiantes e usufruir novamente desse tipo de serviço”, completou. O volume de serviços prestados no País cresceu 2,8% no primeiro trimestre de 2021 ante o quarto trimestre de 2020. “Tem crescimento nos últimos três trimestres, crescimentos cada vez menos intensos”, observou Rodrigo Lobo. Embora a atividade econômica tenha apresentado resultados melhores que o esperado no primeiro trimestre, a falta de um fechamento total no período mais impactante da pandemia do novo coronavírus impõe riscos para a sequência do ano, como o de uma terceira onda, alertou o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Não foi uma paralisia total, grave e aguda da atividade como no início da pandemia. É meio caminho andado para a retomada. Mas não é tudo, porque a sociedade está esgarçada, e não ter fechado tudo, como precisava, traz risco lá na frente. Aparecer uma terceira onda antes de vacinar todos e ter que pensar em parar, fechar fábricas. É um risco difícil de dosar”, analisou Vale. Dado o cenário atual da atividade, a MB deve revisar para cima a projeção para o PIB de 2021, de 2,6% para cerca de 3,0%. “Conseguimos ter resultados melhores do que a expectativa de um primeiro trimestre mais afetado”, justificou Vale. O ESTADO DE S. PAULO
Desistência de busca por emprego diferencia crise atual de anteriores
A pandemia de covid-19 contribuiu para o aumento das desigualdades no mercado de trabalho, principalmente entre os mais vulneráveis, de forma diferente do que foi visto em crises anteriores. Desta vez, o impacto da pandemia foi maior na chamada taxa de inatividade entre mulheres, negros e jovens do que na taxa de desemprego desse público se comparado com os anos de 2015 e 2016. A taxa de inatividade agrega os brasileiros desempregados e que deixaram de procurar o posto de trabalho. Considerando os dias atuais, as medidas restritivas de isolamento social impostas pela crise sanitária fizeram com que uma parcela maior de jovens, mulheres e negros simplesmente desistiram de procurar emprego. O diagnóstico consta de análise sobre “Desigualdades no mercado de trabalho e pandemia da covid-19” feita pelos pesquisadores Joana Simões Costa, Ana Luiza Neves de Holanda Barbosa e Marcos Hecksher, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e antecipada ao Valor. Pelas estimativas apresentadas no levantamento, a transição de pessoas ocupadas para inatividade entre o primeiro e segundo trimestre de 2020 aumentou no mercado de trabalho, especialmente entre mulheres, negros e jovens. Por outro lado, a transição da ocupação para o desemprego não apresentou mudança significativa. No período, a taxa de inatividade das mulheres passou de 7,60% do primeiro para o segundo trimestre de 2019 para 11,8% no mesmo período de 2020. Enquanto para os homens, saiu de 4,8% para 7,8%. Situação parecida é verificada nas estimativas que consideram raça e cor. No caso dos não brancos, a taxa de transição da ocupação para a inatividade passou de 7,10% do primeiro para o segundo trimestre de 2019 para 11,2% na mesma base de comparação e para os brancos subiu de 4,70% para 7,60% no mesmo período. “A diferença da crise de 2020 em relação à crise anterior, ocorrida em 2015 e 2016, se caracteriza não apenas por sua magnitude, mas também pela intensa transição dos ocupados, não para o desemprego, e sim para a inatividade. Assim, apesar de ter sido observado um aumento da taxa de desemprego, é a queda expressiva na taxa de participação que mais se sobressai na pandemia da covid-19”, informa a análise do Ipea. Segundo o levantamento, entre o primeiro e segundo trimestres de 2020, a pandemia se refletiu em um intenso aumento nas chances de sair da condição de ocupado para inatividade e redução das chances de conseguir um emprego. “Foi uma crise marcada pela forte retração tanto da oferta quanto da demanda de trabalho. Tais movimentos levaram a taxa de ocupação a patamares sem precedentes no mercado de trabalho brasileiro”, destaca a análise. Questionada sobre se o pagamento do auxílio emergencial pelo governo para minimizar os efeitos da crise entre os mais vulneráveis não seria uma justificativa para o aumento da taxa de inatividade, Joana negou essa possibilidade e disse que o benefício foi importante para que as pessoas pudessem ficar mais tempo em casa pois tinham a subsistência garantida pelo governo. A expectativa é que com a retomada da economia seja reduzida a taxa de inatividade, mas destacou a necessidade de adoção de medidas estruturais para diminuir as desigualdades. A pesquisadora afirmou que a inatividade teve alta significativa em 2020 porque o país foi atingido pela pandemia quando ainda se recuperava dos impactos da crise de 2015. “A taxa de desemprego não subiu tanto quanto subiu a de inatividade. As pessoas estão participando menos do mercado de trabalho. Elas não foram para situação de desemprego, mas direto para inatividade”, disse Joana. VALOR ECONÔMICO
Inflação desacelera em abril, mas alívio deve ser apenas temporário
Sem maiores surpresas, a saída do impacto de reajustes de combustíveis deu alívio à inflação em abril, mas a desaceleração será temporária e pressões remanescentes nos bens industriais não devem sair de cena tão cedo, avaliam economistas. Por isso, a alta de 0,31% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado, divulgada ontem pelo IBGE, não foi considerada uma boa notícia no front inflacionário, que segue desconfortável para o Banco Central. O resultado ficou praticamente em linha com mediana de estimativas de 35 analistas ouvidos pelo Valor Data, que previam aumento de 0,29% no período, depois de 0,93% em março. Em 12 meses, porém, a inflação acumulada até abril atingiu 6,76%, nível mais elevado desde novembro de 2016 (6,99%) e acima do teto da meta para 2021, de 5,25%. Na passagem mensal, a descompressão do IPCA foi influenciada principalmente pelos combustíveis, que deixaram alta de 11,23% no mês passado e registraram deflação de 0,94%. Juntas, a retração de 0,44% da gasolina e de 4,93% do etanol “retiraram” 0,07 ponto do indicador no mês, calcula Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco. Outras ajudas vieram da parte de habitação, que desacelerou de 0,81% para 0,22%, e da inflação do setor de serviços, que, com dificuldade de recompor margens em meio à pandemia, subiu apenas 0,05% no mês, vindo de 0,12% em março. Nos 12 meses terminados em abril, o conjunto que reúne preços como cabeleireiro, empregado doméstico e aluguel aumentou apenas 1,44%. Segundo Pedro Kislanov, gerente do IPCA, os números mostram que não há pressão de demanda nesse ramo de atividade e refletem o aumento de medidas de restrição à mobilidade após o agravamento da covid-19. Apesar do comportamento dos serviços e da perda de ímpeto do IPCA, a evolução de outros grupos impediu uma leitura favorável do índice pelo mercado. Após a autorização de reajustes no início do mês, os medicamentos subiram 2,69%. “Há uma discussão sobre a suspensão desses reajustes no Senado, mas os preços já subiram e o IPCA capturou a alta”, observa Julia. Os alimentos no domicílio também ficaram mais caros, ao avançarem 0,47%, após queda de 0,17% na medição anterior. Desta vez, a alta veio da parte de proteínas, com aumento de 1% de carnes, destaca a economista do Itaú, que relaciona os preços maiores à valorização recente das commodities agrícolas. Para ela, no entanto, o principal exemplo de que a dinâmica inflacionária ainda desperta atenção é um núcleo de inflação subjacente de bens industriais e serviços, o IPCA-EX3. No ano terminado em abril, essa medida subiu 3,8%, mas em um cálculo dessazonalizado e anualizado, a alta é de 5%, nível em que está rodando desde o terceiro trimestre do ano passado, ressalta Julia. “Esse é um patamar alto frente à meta, que ainda inspira monitoramento. Do ponto de vista da política monetária, ele está em linha com a leitura do Banco Central, de que as medidas de inflação subjacente apresentam-se no topo do intervalo compatível com a meta de inflação.” Também mencionando uma medida subjacente, Luciano Sobral, economista-chefe da NEO Investimentos, observa que a inflação de bens industriais aumentou de 0,3% para 0,8% entre março e abril. Nesse cálculo, explica ele, a autoridade monetária exclui os preços de etanol, cigarros e automóvel novo. Numa média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, esse núcleo está acima de 5%, nota Sobral. “Essa parte de industrializados não deve gerar alívio tão cedo”, diz o economista, que aponta a valorização das commodities, a escassez de alguns insumos e o encarecimento de fretes como fatores que pressionaram os preços de bens manufaturados em todo o mundo. “Alguns custos explodiram e isso vai parar na inflação ao consumidor.” Para o economista Fabio Romão, da LCA Consultores, os bens industriais serão um dos novos “protagonistas” da inflação. Ele estima que esses preços vão subir 4,75% em 2021, ante 3,16% no ano passado. “Temos pressões de custos espraiadas em vários estágios de produção até chegar no varejo, de commodities, bens intermediários… Essa pressão já tem chegado e vai continuar”, diz ele. “Mesmo com o risco de perder a clientela, o empresário acabará repassando esse custo.” De acordo com Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays, choques de custos no atacado devido aos preços maiores de commodities e à depreciação do câmbio continuam chegando ao consumidor, ainda que em ritmo mais fraco do que nos meses anteriores. Outros impactos de alta na inflação devem vir dos alimentos, assim como dos combustíveis, uma vez que os preços domésticos da gasolina ainda estão cerca de 15% abaixo dos externos, acrescenta Secemski. Incorporando esses efeitos sobre a inflação anual, ele elevou sua projeção para o aumento do IPCA em 2021, de 5% para 5,2%. No curto prazo, o acionamento do patamar 1 da bandeira tarifária vermelha, que encarece as contas de luz, deve acelerar o IPCA para cerca de 0,70% em maio, estima o economista, o que vai levar o índice em 12 meses a 7,9%. “As tarifas de eletricidade podem subir mais em junho ou julho se as condições hidrológicas ruins persistirem”, alertou. Para Sobral, da NEO, a inflação de alimentos tem uma alta “contratada” em razão da elevação já observada nas commodities. Por isso e também pelo aumento das contas de luz, a gestora estima que o IPCA vai avançar a cerca de 0,60% neste mês. Para 2021, o economista prevê alta de 5,7% do indicador, acima do consenso de mercado (5,15%). VALOR ECONÔMICO