Walmart decide aumentar o salário de 425 mil funcionários nos EUA
O Walmart decidiu aumentar o salário de 425 mil funcionários nos Estados Unidos após o ano em que a pandemia impulsionou as vendas da rede. A empresa anunciou nesta quinta (18) que vai elevar a remuneração média do atual patamar de US$ 14 para US$ 15 por hora. Dentre os cerca de 1,5 milhão de funcionários da companhia no país, grande parte dos que têm previsão de receber o aumento atuam nas operações digital e de estoques. A rede tem competido com a Amazon e outros gigantes do varejo por funcionários para atender o aumento da demanda online e a distribuição na pandemia. Na Amazon, foi em 2018 que o salário inicial subiu para US$ 15 por hora. A Target, também concorrente, fez o mesmo no ano passado. O anúncio do Walmart acontece no momento em que o novo presidente Joe Biden defende a proposta de elevar o salário mínimo federal nos EUA, hoje de US$ 7,25, para US$ 15. FOLHA DE S. PAULO
Do currículo à entrevista: dicas para conseguir um emprego em 2021
Dar o primeiro passo para entrar no mercado de trabalho já é desafiador, e para quem busca uma colocação profissional em 2021 os obstáculos podem ser ainda maiores. Ao lado de um alto índice de desemprego no Brasil – 14,1% no trimestre encerrado em novembro do ano passado, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) -, a pandemia trouxe novidades, como processos seletivos online, a adaptação ao modelo híbrido de trabalho e o interesse das empresas em avaliar o que os candidatos fizeram durante os meses de quarentena. Aos novos desafios somam-se antigas preocupações de quem ainda não faz parte do mercado de trabalho, como por exemplo: Como fazer um currículo sem ter muita experiência? O que colocar no LinkedIn? Quais cursos são demandados pelas empresas? Por que mando currículo e ninguém me chama? Para ajudar quem está entrando no mercado de trabalho neste ano, o Sua Carreira convidou quatro especialistas no assunto para dar dicas sobre currículo e LinkedIn, entrevista, processos seletivos e estágios. Confira no vídeo a seguir ou na transcrição abaixo: Currículo e LinkedInPor Wendell Wagner, fundador do Currículo 10 e LinkedIn Top Voice Carreira • Dados pessoais que não devem ser colocados no currículo: CPF, RG, passaporte, nome da mãe e do pai. O que deve estar no documento: nome, endereço, e-mail e telefone; • Mantenha a formatação do seu currículo. Evite aquela cor ou modelo de currículo muito chamativo. Tenha padronização na fonte, utilizando apenas um modelo; • O objetivo profissional tem que ser bem focado, como mirar num cargo ou em alguma área. Se for mandar o currículo para uma empresa onde você não sabe o cargo disponível, coloque a área de interesse, como logística, marketing, atendimento, entre outros; • Crie um perfil no LinkedIn. Só no Brasil há mais de 40 milhões de usuários ativos. EntrevistaPor Priscilla Couto, Coach de Carreira e LinkedIn Top Voice Carreira • Faça um estudo sobre a empresa. Entenda missão, visão e valores, que tipo de cultura ela pratica, como ela está posicionada no mercado. Isso vai te ajudar a ser mais assertivo na entrevista; • Saiba contar a sua história. Existem candidatos muito bons que não conseguem ser selecionados em processos, porque não conseguem mostrar naquele momento crucial o que trazem e o que podem trazer de resultado para a empresa. Então, faça a sua linha do tempo, relembre as suas atividades, os resultados que você conseguiu, projetos que participou; • Tenha confiança no momento em que estiver com o recrutador. Foque os olhos na câmera, se for uma entrevista virtual, ou nos olhos do recrutador, caso seja pessoalmente. Demonstre para ele uma atitude de que você é a pessoa certa para a vaga. A entrevista é a oportunidade que você tem de se vender e mostrar como você vai ser crucial para aquela vaga; • Muitas empresas hoje fazem seleção com inteligência artificial, com busca por palavras-chave. Por isso, tenha no currículo um campo escrito “Objetivo” com o nome da vaga para a qual você está se candidatando. Assim, você facilita a busca do seu perfil pelo recrutador; Processo SeletivoPor Amanda Aragão, Head de atração e seleção na consultoria Mais Diversidade • 70% do que a gente aprende é na prática, 20% é na interação com outras pessoas e apenas 10% é aprendizado formal. Se você acha que ainda não tem tanta experiência para mostrar, se ofereça para fazer trabalho voluntário ou se envolva em coletivos universitários. Assim, você consegue ter experiências práticas para colocar no currículo; • Participe de feiras e eventos virtuais de carreiras. Normalmente, são gratuitos e te conectam com empresas que desejam contratar pessoas em início de carreira; • Além de conhecer a empresa, conheça a posição a qual você está se candidatando. Analise o descritivo do cargo, que geralmente está disponível quando você vai se aplicar à vaga; • Não se aplique para posições que não têm a ver com o seu perfil. Fique focado; • Sempre se conecte com outros profissionais. Temos redes sociais apenas para profissionais. É importante ter um perfil nelas mesmo que você esteja no início da carreira. EstágiosPor Tiago Mavichian, CEO da Companhia de Estágios • Mantenha o seu cadastro atualizado nas principais plataformas de vagas. Elas reúnem bastante vagas de diferentes empresas, então a sua chance de ver uma vaga e ser chamado para o processo seletivo é maior; • Muitas vagas são postadas nas redes sociais, então mantenha o seu perfil do LinkedIn atualizado e fique de olho nas vagas que são postadas pelas empresas; • O mercado valoriza muito cursos como Excel, inglês, metodologia ágil, além de trabalho voluntário. Tudo isso conta muito para o seu currículo ficar turbinado e chamar a atenção dos recrutadores; • A pergunta chave que será feita em um processo de seleção durante a pandemia é justamente sobre o que você fez durante a pandemia. Aproveite a chance para buscar um curso e atualizar os seus conhecimentos.; O ESTADO DE S. PAULO
Isenção tributária sobre o diesel só compensa o último reajuste anunciado pela Petrobrás
O presidente Jair Bolsonaro anunciou na quinta-feira, 18, a suspensão dos tributos federais que incidem sobre o óleo diesel, na tentativa de aliviar o preço do combustível para os consumidores. Essa decisão, no entanto, compensa exclusivamente o aumento de R$ 0,34 no litro do combustível que passa a valer nesta sexta-feira, 19, nas refinarias da Petrobrás. Mesmo sem a cobrança de PIS/Cofins, o diesel continua 10,8% mais caro do que no início do ano. O cálculo de quanto o diesel vai ficar mais barato para o consumidor final foi feito pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). Para chegar a esse número, o instituto utilizou dados da Petrobrás e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O valor de R$ 0,34 de queda para o consumidor final esperada pelo governo com a isenção tributária corresponde exatamente à diferença entre quanto a estatal cobrava até quinta pelo diesel (R$ 2,24) e quanto passou a cobrar nesta sexta-feira, 19, (R$ 2,58). A isenção do tributo vai anular, portanto, o maior reajuste feito pela empresa no ano, de 15,2%. Mas não resolve as altas de preço passadas nem as que virão a partir de maio, já que a suspensão dos tributos federais vale apenas para os próximos dois meses. Desde o início do ano, o diesel da Petrobrás já subiu 27,5%, o que tem efeito direto sobre os custos dos caminhoneiros, apoiadores de Bolsonaro. A categoria tem recorrido ao presidente insatisfeita com os reajustes da estatal e, no fim de janeiro, chegou a ameaçar o governo a parar o País em greve, como fez em maio de 2018. Em resposta, a Petrobrás reafirma sua autonomia política e, ao reajustar mais uma vez o diesel, sinaliza ao mercado que atua independentemente da vontade do governo. Sua política de preços é de paridade internacional, em que os seus preços de refino são alinhados aos do mercado internacional. Ou seja, os valores sobem no Brasil na medida que avançam nas principais Bolsas de negociação. A estatal enfatizou no anúncio do reajuste que não é a única a influenciar o valor cobrado na bomba. O preço final inclui as margens das distribuidoras e dos donos de postos, além dos tributos federais e estaduais. Além de aliviar os custos dos caminhoneiros, a decisão de reduzir a carga tributária do diesel deve mexer também com a inflação. A projeção de analistas era que, ao encarecer o combustível em 15,2%, a Petrobrás imporia ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março uma alta de 0,15 ponto porcentual. O ESTADO DE S. PAULO
Guedes tenta ganhar tempo para aprovar PEC
O ministro da Economia, Paulo Guedes, começou a acionar o novo protocolo de crise para o combate do recrudescimento da covid-19 enquanto busca ganhar tempo para aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de Orçamento de Guerra para garantir o pagamento de um auxílio emergencial. O protocolo da crise começou com essas medidas nesse vácuo jurídico depois do fim do estado da calamidade no dia 31 de dezembro. São medidas que não trazem impacto direto no caixa do Tesouro Nacional. Esse protocolo inicial foi acionado no início da pandemia no ano passado e agora se repete. Segundo apurou o Estadão,a medida de antecipação do 13º salário já passou pelo crivo técnico do Ministério da Economia e aguarda deliberação final pela Casa Civil, o que poderá ocorrer em breve. Já a concessão da primeira parcela do auxílio, na melhor das hipóteses com o cenário mais favorável só no final de março, a depender da tramitação da PEC. Por isso, o acionamento de novo protocolo é considerado pela equipe econômica como essencial para essa fase que o ministro chama de “cauda” da pandemia. Guedes tenta garantir medidas de ajuste na nova PEC de Guerra e para isso a área econômica já aceita que para um limite de gastos num patamar em torno R$ 30 bilhões para o pagamento de auxílio não haja necessidade de uma contrapartida de novas medidas de ajuste, valendo a economia que já foi obtida com o congelamento de salários dos servidores. Como mostrou ontem o Estadão, seria dado uma espécie de “waiver” (dispensa) em troca de aprovação de um protocolo de medidas de ajuste fiscal a serem acionados no futuro. A versão da PEC, no entanto, deverá ser bem mais compacta do que a pretendida pelo ministro que conseguiu emplacar nas conversas de ontem com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (DEM-MG), e do Senado, Rodrigo Pacheco, a garantia de que o auxílio será concedido por meio de um PEC e não via uma crédito extraordinário sem garantias jurídicas./A.F. O ESTADO DE S. PAULO
A hora da educação profissional
Enredado num emaranhado de desafios que o tempo tem feito agravar, lá se vão 40 anos de crescimento econômico abaixo da taxa média de expansão da economia mundial, e já tarda no país a tomada de decisão sobre questões consensuais na sociedade capazes de promover o necessário desenvolvimento. O imperativo da educação de qualidade é um desses consensos, em particular o ensino técnico profissional – uma área essencial para o progresso, mas subestimada nas discussões. Com a quinta maior população e território do mundo – e força de trabalho de mais de 100 milhões de habitantes -, o fato é que uma economia de US$ 1,7 trilhão, 12ª no ranking global, já tendo sido a 7ª, é pequena tanto em relação ao nosso potencial empreendedor quanto às oportunidades não realizadas de atividade empresarial e geração de bons empregos. As reformas para remover obstáculos à expansão da economia, como a tributária e a modernização da governança pública, são há muito tempo conhecidas. Mas há algo mais, menos falado, que também merece atenção, pois pode, a um só tempo, facilitar o acesso dos jovens ao trabalho e ao empreendedorismo, além de qualificar e requalificar os trabalhadores em geral com as aptidões requeridas pelas novas atividades. Trata-se da educação profissional tecnológica (EPT), que já conheceu tempos melhores no Brasil. A reforma do ensino médio, recentemente aprovada e em fase de implantação nacional, favorece a reavaliação desse valioso serviço, especialmente para a inclusão dos jovens e a promoção da produtividade sistêmica da economia, com a incorporação da formação técnica ao currículo convencional da educação básica regular. Todas as escolas de ensino médio do Brasil, assim, poderão ofertar EPT como parte de seu currículo. O novo ensino médio é a grande oportunidade para a valorização da formação profissional dos jovens e, portanto, para o desenvolvimento inclusivo do país, que não podemos perder. Os resultados são significativos nas áreas em que o ensino profissionalizante merece atenção. Apenas 8% dos estudantes brasileiros de nível superior estão matriculados em cursos na área de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, contra 32% na média dos países associados à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que estuda e recomenda a aplicação de boas práticas de governança pública e privada). No caso da EPT de nível médio, os nossos cursos técnicos recebem 11% dos jovens, enquanto os países da OCDE matriculam, em média, 42%. Ao contrário do senso comum, muito influenciado pelo modelo educacional dos EUA, é a educação técnica profissional, não a formação superior, a base vocacional dos países altamente bem-sucedidos na Europa e na Ásia, tais como Alemanha, Suíça, Holanda, Japão, Coreia do Sul e China. Neles, a EPT, com estágio remunerado pelas empresas e orientação vocacional concomitante ao ensino médio regular, cria forte sinergia entre a escola e o setor produtivo. Tais benefícios se tornam cruciais nestes tempos em que a pandemia tem feito acelerar o ciclo de inovações tecnológicas, que começa a ameaçar atividades tradicionais e seus empregos correspondentes, se a população não estiver habilitada a migrar para os novos setores. O assunto é grave e foi um dos temas de fundo do último Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, na Suíça, reunindo a cúpula das maiores empresas globais, governantes das grandes potências e pensadores. “Metade de todos os empregados no mundo precisará de requalificação até por volta de 2025, e esse número não inclui os desempregados”, diz o estudo, que teve colaboração da consultoria PwC, divulgado no fórum realizado virtualmente neste ano por causa da pandemia. O foco, diz o estudo, é a “percepção de que as economias não estão mais entregando o que as pessoas precisam”. A recomendação é uma “reforma sistêmica”, que priorize a formação e aquisição das habilidades que as pessoas precisam para “participar plenamente do local de trabalho do futuro”. Alguns países estão mais preparados que outros para essa transição, o que poderia incluir o Brasil, se o ensino médio contemplasse a EPT e o Sistema S se organizasse como centro irradiador de diretrizes e apoio a essa transformação. Nos países em que a população empregada ou em formação está mais preparada para as necessidades de formação profissional que se avistam, a EPT é parte decisiva do ensino e não coadjuvante. Certamente por isso as taxas de desemprego na Alemanha, Suíça, Áustria, Holanda e Dinamarca são as mais baixas entre jovens e adultos em toda a Europa. Em nenhum deles a indústria é considerada descartável, assim como nos países altamente industrializados da Ásia, como Coreia do Sul, Cingapura, Japão e Taiwan, em que os efeitos da pandemia têm sido menos graves e o desemprego, residual. Na Alemanha, 42% da população em idade escolar faz o ensino técnico e 5% da força de trabalho é de aprendizes em profissões reconhecidas de formação profissionalizante, segundo estudo de Wilson Risolia, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho e ex-secretário de Educação do Rio de Janeiro. Ao todo, 20% das empresas têm vagas de aprendizes, investindo €18 mil por ano, em média, por aluno. E 70% do aprendizado ocorre nas empresas. Na Áustria, 80% dos alunos que concluem o ensino fundamental optam pela EPT. Há dois modelos: o ensino médio em paralelo à EPT em escola específica e outro, mais prático, em que o aluno é treinado e formado por empresas parceiras. A EPT tem reconhecimento social, o que não acontece no Brasil, e apenas 14% da população tem diploma de educação superior. A Suíça é outro caso em que a EPT é dominante: dois terços dos jovens optam por cursos vocacionais; 41% da população possui diploma técnico; 30% das empresas oferecem programas de estágios; 60% dos custos de formação são pagos pelo setor privado, entre treinamento e remuneração. Os alunos passam um a dois dias na escola técnica e três a quatro aprendendo e trabalhando na empresa parceira. Não é por acaso, portanto, que tais países possuem alta qualidade de vida e conseguem enfrentar com sucesso a concorrência dos produtos baratos importados da Ásia, são exportadores de bens industriais para o mercado chinês e sua força de
Movimento para diversidade racial nas empresas ganha novos signatários
A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, movimento para superar o racismo no ambiente corporativo, recebeu o apoio de novas empresas, como Dasa, Kimberly-Clark, Reed Exhibitions e outras, chegando a mais de 60 empresas. Criada em 2015, a ação calcula que já reúne empresas com mais de R$ 1 trilhão em faturamentos somados. A ideia é acelerar a carreira de profissionais negros para cargos de liderança e desenvolver o acesso de empreendedores negros. FOLHA DE S. PAULO
Restrições a serviços afetam economia mundial (Editorial)
O aumento das restrições ao comércio internacional de serviços no ano passado tornou ainda mais grave a crise econômica mundial causada pela pandemia de covid-19, de acordo com relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O quadro poderia ter sido ainda pior se, em sentido contrário ao aumento das limitações, não tivesse havido uma redução nos obstáculos ao comércio digital entre fronteiras. Mais medidas de facilitação do comércio digital entre países foram tomadas no ano passado do que em anos anteriores. A pandemia afetou duramente o comércio de serviços, observou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría. “O transporte e as viagens entraram em colapso, mas o comércio por meio digital e os serviços de apoio, como telecomunicações, contribuíram para a resistência de nossas economias.” O estudo está baseado nas normas aplicadas por 48 países, entre eles o Brasil, que respondem por mais de 80% de todo o comércio mundial de serviços. Alguns desses países já ocupam posição destacada quanto às melhores práticas regulatórias para esse comércio. Entre eles estão República Checa, Letônia, Holanda, Japão, Lituânia e Reino Unido. Outros se destacaram em 2020 pelas reformas no seu sistema regulatório. Nessa lista o Brasil ocupa lugar destacado, na frente de China, Islândia, Indonésia e Casaquistão, que também modernizaram seu marco regulatório. No caso brasileiro, a OCDE destaca a mudança das condições para a autorização de operação de bancos e seguradoras estrangeiras e a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados. A abertura do mercado de transporte aéreo brasileiro em 2018 é igualmente citada como medida para facilitação do comércio de serviços. A persistência – e até o fortalecimento – de restrições em muitos países, no entanto, reduz a capacidade de recuperação da economia mundial. Por isso, “eliminar as restrições ao comércio de serviços será fundamental quando os governos tiverem de encaminhar a economia mundial para uma recuperação sólida, inclusiva e sustentável”, disse o secretáriogeral da OCDE. Segundo a organização, se as diferenças regulatórias entre os países foram cortadas pela metade, os custos do comércio de serviços poderiam cair 15% em três ou quatro anos. O ESTADO DE S. PAULO
Governo quer antecipar 13º e abono para injetar R$ 57 bi
O governo pretende injetar R$ 57 bilhões na economia com a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS e também do abono salarial, benefício extra a trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. A medida ajudaria a segurar os efeitos do agravamento da pandemia, sem ter impacto direto nas contas, e daria fôlego à atividade enquanto se define uma nova rodada de auxílio emergencial. O governo quer garantir uma injeção de R$ 57 bilhões na economia brasileira com a antecipação do 13.º de aposentados e pensionistas do INSS e do abono salarial, uma espécie de 14.º salário a trabalhadores com carteira que ganham até dois salários mínimos. As duas medidas não têm impacto nas contas porque só alteram o calendário de um pagamento já previsto para o ano, mas devem ajudar a segurar os efeitos negativos do recrudescimento da pandemia de covid-19 sobre a atividade econômica. A antecipação do abono é a única medida que já saiu do papel, com repasses que podem chegar a R$ 7,33 bilhões. Já o pagamento adiantado do 13.º dos beneficiários da Previdência ainda depende de uma definição sobre o calendário. Cada parcela representa uma injeção de cerca de R$ 25 bilhões, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A proposta em estudo é repetir a antecipação das duas parcelas, já realizada no ano passado. O recurso já foi utilizado em 2020, quando o 13.º dos aposentados e pensionistas foi pago nos meses de março e maio. A divisão em 2021 ainda está indefinida e depende da disponibilidade de caixa do Tesouro Nacional, que já precisa administrar mais de R$ 700 bilhões em compromissos com investidores da dívida pública do País nos primeiros quatro meses do ano. A ação, porém, deve garantir algum fôlego à atividade enquanto governo e Congresso se acertam em torno do tamanho da nova rodada do auxílio emergencial a vulneráveis. Em meio ao aumento do número de casos de covid-19, a economia brasileira começou 2021 dando sinais de perda de fôlego, e a queda no Produto Interno Bruto (PIB) pode se prolongar até o fim do segundo trimestre deste ano, minando a trajetória de recuperação aguardada pela equipe econômica. O auxílio é um ponto delicado das negociações porque depende de dinheiro novo, a ser obtido pelo governo via endividamento, já bastante elevado por causa das medidas de socorro adotadas em 2020. Nos últimos dias, as negociações caminharam rumo a um arranjo de quatro novas parcelas de R$ 250, mas parlamentares da base aliada do governo ainda tentam emplacar valores maiores, de R$ 280 a R$ 320. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, tem cobrado medidas de ajuste para compensar o novo esforço de ajuda à população, ainda que venham num segundo momento. Sem impacto. Para contornar as restrições, uma das frentes de trabalho da equipe econômica tem focado em medidas sem impacto fiscal. Uma das ações em estudo é direcionar recursos hoje parados no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), voltado a facilitar operações de crédito a pequenas e médias empresas por meio do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac), ao Fundo de Garantia de Operações (FGO), que deu suporte ao Pronampe, programa voltado a micro, pequenas e médias empresas que teve suas linhas esgotadas diante da alta demanda. Com a transferência dos recursos, seria possível viabilizar uma nova rodada de crédito mais acessível aos pequenos empresários. As condições devem ser alteradas para permitir que mais empresas acessem a linha, com uma parcela menor do crédito garantida pelo fundo em troca de uma taxa de juros levemente maior, mas ainda abaixo do cobrado em média pelos bancos. O governo também trabalha para baratear e facilitar o acesso de famílias beneficiárias de programas sociais a linhas de microcrédito, como já mostrou o Estadão. O uso de fundos garantidores ou mecanismos de aval solidário, em que todos os integrantes de um grupo são responsáveis pelos pagamentos em dia das prestações, são analisados para tornar a operação viável. Em outra frente, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) abriu uma renegociação de débitos tributários para empresas que postergaram os pagamentos de tributos entre março e dezembro de 2020 e ainda não têm condições de pagá-los. Redução de jornada. A restrição fiscal, por sua vez, tem colocado obstáculos à retomada do programa que permite às empresas reduzir salário e jornada de trabalhadores ou suspender contratos, acenada pelo próprio ministro Paulo Guedes. O ESTADO DE S. PAULO
Com 10 milhões de casos, covid agrava desigualdade
Além da marca humana trágica – 10 milhões de infectados e mais de 240 mil mortos até agora, e milhões de desempregados – a pandemia de covid-19 deve deixar como legado econômico o aumento na desigualdade e maior precariedade no mercado de trabalho, segundo analistas. Isso, além do já muito comentado aumento da dívida pública e uma queda de atividade, que não será totalmente recuperada neste ano. Também deixa lições, de que setores estratégicos, como o de saúde, devem ter estar no rol de prioridades do governo, com incentivo à inovação e melhor gestão de recursos. Para o curto prazo, como se tornou lugar comum, a avaliação corrente é de que acelerar a vacinação contra a covid19 é a mais urgente política macroeconômica. Assim, os tropeços do governo nesse quesito podem tornar ainda mais gradual a recuperação da atividade. “O que deve ocorrer no curto e médio prazo é um aprofundamento da desigualdade, que já atingiu, durante a pandemia, grupos menos favorecidos no mercado de trabalho, como os mais jovens, as mulheres e aqueles com menor nível educacional”, afirma o economista Gabriel Ulyssea, professor da University College London (UCL). Para Ulyssea, os efeitos negativos dessa crise terão uma duração mais longa na medida em que o choque provocado pela pandemia reverte ganhos que vinham ocorrendo, como a diminuição da diferença de salários entre homens e mulheres. O problema é particularmente grave para jovens pobres, que além de um mercado de trabalho hostil enfrentam um agravamento na queda na qualidade do ensino. Numa recessão, diz o pesquisador, o jovem tem maior dificuldade de se colocar no mercado, prejudicando um processo de acúmulo de conhecimento que não termina na escola. “As experiências de trabalho são importantes para uma vida profissional com acesso a melhores empregos e ganhos salariais ao longo da vida”. Os efeitos negativos não acabam quando a crise vai embora, perduram no que a literatura sobre o tema chama de “efeito cicatriz”. Neste sentido, a negligência dos governos com relação à educação piora o quadro, de acordo com Ulyssea. A falta de acesso às aulas por boa parte dos alunos de baixa renda desde o início da pandemia também deve ter efeitos duradouros que vão bater na falta de emprego. “Crises como essa têm mais impacto mais em capital humano que em outros quesitos”, diz Sergio Vale, economistachefe da MB Associados. Demissões em massa e uma forte restruturação no mercado de trabalho, que já vinha acelerada pela https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg, devem alimentar a desigualdade de renda, diz. O cenário não é exclusivo do Brasil, mas vai ser mais duro por aqui. “O legado ruim da doença por aqui é o aumento do empobrecimento e da desigualdade, sem que haja condições fiscais para contornar a crise, ao contrário do que ocorre em países com recursos para combater os efeitos da pandemia.” Margarida Gutierrez, economista e professora-adjunta da Coppead/UFRJ, afirma que, no curto prazo, é essencial que o setor de serviços, intensivo em mão de obra, volte a funcionar. “A melhor política macroeconômica do momento é a vacinação. Todo mundo já falou isso. Sem isso, os serviços não se recuperam, nem o mercado de trabalho”, diz ela, que defende a continuidade em alguma medida do auxílio emergencial. “Não sei qual o arranjo, mas terá que ser feito. É necessário porque os serviços estão funcionando à meia capacidade.” A demora na vacinação e na consequente retomada dos serviços, diz, gera um ciclo vicioso, em que o mercado de trabalho não se recupera e quem tem renda tem medo de gastar. Ela vê possibilidade de queda do PIB no primeiro e segundo trimestres do ano, mas estima um crescimento anual de 4%, após queda de cerca de 4% em 2020. “Não é nada porque tem um carregamento estatístico enorme. É uma estagnação”. Para Margarida, a pandemia evidenciou o debate sobre setores, como a saúde, que devem receber atenção dos formuladores de políticas públicas, algo já colocado pelo teto de gastos. “Não é gastar mais, é fazer uma gestão melhor. Os dirigentes têm que definir áreas estratégicas financiadas por políticas públicas, a produção de vacina, por exemplo. Investir nisso é fundamental. É uma discussão importante”. VALOR ECONÔMICO