Empresa poderá recolher FGTS pelo Pix
O Banco Central incluiu, nesta sexta-feira (13), o recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) entre os serviços que poderão ser feitos pelo Pix, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos que começa a funcionar nesta segunda-feira (16). A previsão é que a funcionalidade esteja disponível em janeiro do próximo ano, junto com o lançamento do FGTS Digital, plataforma que permite cobrança e cálculo do benefício por meio digital. “O BC aumentou as possibilidades de uso do Pix para incluir contas até então não abrangidas pelas regras do pagamento instantâneo. A partir de agora, algumas novas contas de varejo poderão receber Pix”, disse a autoridade monetária em nota. As contas de recolhimento do FGTS não se enquadravam no regulamento do Pix. “Sua integração ao Pix trará diversos benefícios ao Fundo, que ganha em agilidade no recebimento dos recursos, maior facilidade de conciliação e maior número de instituições aptas a receber esses recolhimentos”, afirmou o BC. A expectativa da autarquia é que o serviço reduza custos para o governo, que paga pela emissão das guias de recolhimento. “Havendo maior número de instituições aptas a recolher os recursos, espera-se uma diminuição das taxas que o FGTS paga pelo serviço de recolhimento. Em suma, o recolhimento do FGTS com Pix diminuirá custos para o FGTS, o que se reverterá em mais recursos nas contas dos cotistas”, explicou a nota. “Na outra ponta, a inclusão no Pix também beneficia os empregadores, tornando mais fácil o cumprimento de suas obrigações pelas facilidades ofertadas pelo Pix”, completou. Atualmente, o recolhimento só pode ser feito por boleto bancário, pago pelo emissor, que é o FGTS. Assim, a medida não deve trazer benefícios financeiros para o empresário. O BC também incluiu as instituições financeiras como usuárias finais do Pix. Com isso, os bancos também poderão realizar e receber pagamentos e transferências pelo Pix. “Essa hipótese acontece quando instituições participantes fazem transações decorrentes exclusivamente de obrigações e de direitos próprios, por exemplo, no pagamento de seus fornecedores, impostos e afins, vedadas transações em que a contraparte seja uma instituição financeira ou de pagamento”, disse a nota. A autoridade monetária espera que a inclusão facilite a liberação de operações de crédito em contas de outros bancos. “Um exemplo seria quando um usuário contrata uma operação de crédito com uma instituição, mas mantém sua conta transacional em instituição diversa. Nesse exemplo, o usuário não precisará abrir uma conta no na instituição na qual tomará crédito porque o recurso poderá ser transferido para sua conta que ele costuma usar”, destacou. “Desse modo, facilita-se o processo de concessão crédito e aumenta a competição pelo cliente”, afirmou o BC. Procurados sobre os gastos do governo com recolhimento de FGTS, a Caixa Econômica, o Conselho Curador do fundo e o Ministério da Economia não responderam até a conclusão deste texto. O QUE PODERÁ SER FEITO PELO PIX NO LANÇAMENTO?PagamentosCompras por QR Code no comércioTransferências para contas de bancos cadastradosContas de luz, água e telefone (depende da concessionária ou operadora)Pagamentos com vencimento futuro (semelhante a boleto)E NO FUTURO?Janeiro Recolhimento de FGTS (em janeiro)Primeiro semestre de 2021 Saque no comércioSegundo semestre de 2021 Pix Garantido (que simula o parcelado sem juros)Pagamento por aproximaçãoPrimeiro semestre de 2022 Pagamento offlineSegundo semestre de 2022 Débito direto FOLHA DE S. PAULO
As lições da gestão remota na primeira onda da covid-19
Justo quando você achava que era seguro voltar a trabalhar no escritório, uma segunda onda do coronavírus vem forçando muitos trabalhadores a ficar no home office. As cadeiras em casa já foram arrumadas, a banda larga incrementada e uma iluminação mais adequada para o Zoom, preparada. Ainda cabe aos líderes, porém, mostrar que aprenderam as lições da Quarentena 1. A opção de trabalhar em casa continua sendo um relativo luxo. O “lockdown” reabrirá as divisões entre os trabalhadores de melhor renda e aqueles mais pobres, trabalhando em apartamentos apertados. Isso ainda representa, nas palavras de Donna Flynn, VP de talentos globais da Steelcase, “o estado extremo do trabalho remoto e da liderança remota”. Ainda assim, os líderes que tiveram um curso intensivo forçado neste início de ano, agora, devem estar em melhor situação para ajudar seus times e prepará-los para uma situação em que passarão mais tempo trabalhando fora do escritório. Primeiro, eles precisam liderar com clareza. Segundo Flynn: clareza e propósito na forma como se comunicam com suas equipes a distância. Precisam encorajar a interconexão pessoal. As equipes descobriram durante a primeira quarentena que líderes ruins substituíram a ausência das interações presenciais por sequências intermináveis de reuniões e uma comunicação top-down. Ashok Krish, chefe global de ambiente de trabalho digital na Tata Consultancy Services (TCS), afirma que os líderes juniores têm dificuldade quando não têm a “consciência do ambiente” da vida de escritório – o instinto de que alguém em sua linha de visão precisa de ajuda. Logo no começo, ele descobriu que alguns estavam compensando isso com exagero, marcando 32 horas de reuniões em vídeo por semana. A TCS usa modelos para diferentes tipos de reuniões para limitar o tempo gasto on-line e garantir que tarefas de checagem da rotina (sobre o status de projetos, por exemplo) não atrapalhem discussões produtivas. A firma também descobriu que equipes cujos supervisores “falavam individualmente com o máximo possível de seus subordinados diretos se saíram melhor em comparação aos que recorriam a grandes reuniões de grupo”. Conseguir ter uma liderança remota eficaz leva tempo, acrescentou Guy Ben-Ishai, chefe de análise de políticas econômicas do Google. Ele deve saber do que fala: começou a exercer seu novo papel na semana anterior ao maior impacto da pandemia, trabalhando em casa, do Havaí. Para criar as interconexões pessoais adequadas, ele programou reuniões on-line de checagem frequentes com seus novos membros de equipe. Essas ligações virtuais ajudam as equipes a aplicar a terceira maior lição do lockdown: colaboração. Um executivo disse que sua empresa fez muitos “miniprojetos” para unir pessoas de equipes diferentes e dispersas. Os líderes precisam encorajar essas iniciativas, mas veteranos em trabalho remoto ressaltam que é vital dar autonomia aos funcionários. “O trabalho que fazemos hoje exige que as pessoas se comportem como adultos; isso exige que nós os tratemos como adultos”, disse Tammy Erickson, que fez amplas pesquisas sobre engajamento de funcionários. “Se você tem pessoas que são tolas demais para perceberem que podem trabalhar melhor colaborando, então você tem pessoas que são tolas demais e precisa ensiná-las ou se livrar delas.” Longe de inibir a formação de culturas de trabalho mais colaborativas, as ferramentas virtuais podem ajudá-las a desenvolverse. Para isso ocorrer, as empresas precisam conseguir restaurar uma real flexibilidade de trabalho. Essa opção estava disponível bem antes da pandemia. Em 2015, Nancy Dixon comentou sobre o que ela chamava de “o princípio da oscilação” do trabalho remoto (“isolar para concentrar; congregar para colaborar”). Assim que a quarentena for flexibilizada, empresas deveriam responder a dúvida levantada por Erickson: “Que ambiente de trabalho – remoto, coletivo, híbrido – é melhor para este tipo particular de trabalho?”. No meio-tempo, líderes precisam aplicar a quarta lição da primeira onda da covid-19: a necessidade de compaixão. Fique atento ao “cenário emocional” de sua equipe, esteja pronto para intervir se necessário e ajude o pessoal a gerenciar sua energia, coletiva e individualmente – além de gerenciar a sua própria. As lições da Quarentena 1 não são complicadas e os líderes já deveriam estar aplicando-as. Mas, por alguma razão, muitos ainda vêm exercendo a liderança remota de forma errada. Há uma segunda chance para mudar isso. VALOR ECONÔMICO
Ano escolar perdido ameaça renda e produtividade no longo prazo
Oito meses após o fechamento de escolas devido à pandemia do novo coronavírus, a falta de um plano concreto para retomar as atividades escolares acendeu o alerta para as consequências negativas que os prejuízos no aprendizado podem ter sobre a desigualdade de renda e o crescimento futuro da economia. No limite, o ano perdido poderia subtrair R$ 1,5 trilhão da renda dos brasileiros em meio século, estima o professor Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas em desigualdade do País (leia entrevista completa aqui). O dano seria equivalente a um Bolsa Família por ano. Um estrago desse tamanho não deve se concretizar porque alguns alunos seguiram tendo algum tipo de atividade remota ao longo de 2020. E mesmo quem foi prejudicado ainda poderá recuperar o tempo perdido. Mas o valor expressivo dá uma ideia do que está em jogo. Gestores, especialistas em educação e economistas se dividem entre o temor de uma reabertura desordenada e o risco de o déficit no aprendizado aprofundar o abismo salarial já existente entre classes de renda, afetando a produtividade dos futuros trabalhadores. Cada ano adicional de estudo significa maior capacitação e, consequentemente, mais oportunidades e melhores salários. Para uma parcela de alunos, aulas remotas se tornaram o principal canal de aprendizagem durante a pandemia. Mas a realidade está longe de ser homogênea entre os Estados. Em São Paulo, que tem uma das maiores rendas per capita do Brasil, 5,2% dos alunos do ensino fundamental não tiveram atividade escolar no mês de setembro, segundo dados da Pnad Covid-19 coletada pelo IBGE. No Pará, com menos da metade do PIB per capita paulista, essa proporção é de 39,3%. A situação se agrava no ensino médio, que abriga os jovens já mais próximos do mercado de trabalho e que, segundo os especialistas, estão mais expostos ao risco de largar a escola para antecipar a busca por emprego. No Pará, 63,9% dos estudantes do ensino médio não tiveram nenhuma atividade em setembro, contra 8,2% em São Paulo. Economistas reconhecem o risco para a geração que hoje está na escola, mas ressaltam que é possível reverter esse processo. Eles são unânimes em destacar a importância do Ministério da Educação como coordenador do processo de retomada das aulas. A avaliação é que será necessário traçar uma estratégia eficaz de recuperação das aulas e do aprendizado, possivelmente direcionando ações a grupos mais afetados ou com maiores dificuldades. Tudo precisaria ser feito respeitando protocolos sanitários. Desde o dia 23 de outubro, a reportagem tenta obter um posicionamento do MEC. A assessoria de imprensa foi contatada por e-mail, telefone e aplicativo de mensagens em mais de uma ocasião. Não houve resposta aos questionamentos. No fim de setembro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou ao Estadão que a volta às aulas no País e o acesso à internet pelos alunos não são temas da pasta. DanosNos últimos anos, a estagnação da produtividade brasileira tem sido apontada como um fator para o baixo crescimento do País. A desigualdade de renda havia interrompido o processo contínuo de queda e vinha se ampliando no Brasil. Os efeitos da suspensão das aulas podem potencializar os problemas, embora os especialistas ressaltem que um bom planejamento e um reforço em recursos podem dar conta da tarefa de conter os prejuízos. O economista Rodrigo Soares, professor licenciado da Universidade de Columbia e professor do Insper, avalia que há risco para os estudantes que estão em “momentos-chave” para a formação e o aprendizado, como aqueles em fase de alfabetização. “Os primeiros anos de educação formal são muito importantes para estabelecer uma base para o que será desenvolvido posteriormente”, afirma. “Prejudicando esses momentos chave, é possível acabar afetando os anos totais de escolaridade que essa criança venha a ter. É possível que ela acabe tendo menos anos de estudo, menos probabilidade de ir à faculdade, e tudo isso está relacionado à competitividade no mercado de trabalho”, avalia Soares. As diferenças socioeconômicas também podem ser ainda mais determinantes para o aprendizado – ou a falta dele – no período da pandemia. O nível de renda da família e até sua localização geográfica influenciam a qualidade da conexão de internet, por exemplo. Dados da Anatel de 2019 mostram que 3,4 milhões de brasileiros vivem em áreas sem qualquer antena disponível para conexão de dados móveis. “Claramente vai ter uma queda de aprendizado dos alunos este ano, que vai ser bastante desigual. Você tem alunos pobres, que vão aprender bem menos porque não têm acesso à internet, moram em casas lotadas, os pais não conseguem ajudá-los”, afirma o economista Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper. ObstáculosMesmo com o diagnóstico do prejuízo escolar já traçado, a falta de um controle mais rígido da contaminação por covid-19 é um obstáculo importante à retomada das aulas. Como mostrou o Estadão, oito em cada dez cidades ouvidas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) não veem condições sanitárias para reabrir as escolas. O economista Arnaldo Lima, diretor de Estratégias Públicas da MAG Seguros e ex-secretário de Educação Superior do MEC, lembra que as salas de aula no Brasil têm um número médio de alunos maior que os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São 23 alunos, em média, no ensino fundamental, e 27, no ensino médio, contra 21 e 23 na média da OCDE, respectivamente. “Isso prejudica a retomada. Quanto menor o número de alunos, mais fácil é fazer retomada observando os protocolos”, afirma Lima, que reforça o papel estratégico do MEC na discussão. “Seria importante o MEC liderar. Claro que ensino fundamental fica a cargo dos municípios, e o ensino médio com os Estados, mas a educação federal tem função suplementar e de coordenação”, avalia. A questão do uso da https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg no ensino também precisa ser discutida, na visão de especialistas. “É preciso que a inclusão digital deixe de ser um serviço para se tornar um direito fundamental”, defende o doutor em Educação Gregório Grisa, professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). A medida se torna
Distanciamento cria novas normas de etiqueta
Entrevistas apenas em lugares ao ar livre? Ao conhecer um candidato, aperta a mão ou faz um aceno? Como contratar alguém de máscara? Os encontros entre recrutadores e candidatos, que podem determinar o destino de um profissional ou até mudar a trajetória de uma empresa em plena crise, estão construindo novas regras de etiqueta com o distanciamento social. Ao mesmo tempo, nas entrevistas on-line, os headhunters “entram” nas casas dos executivos e obtêm informações pessoais que não aparecem nos currículos. Ricardo Basaglia, diretor-geral da consultoria de recrutamento Michael Page no Brasil, marca os ainda raros cafés em ambientes com áreas abertas, com todos de máscaras e mantendo o distanciamento. “Sempre há um certo estranhamento na hora de cumprimentar”, diz ele, headhunter há quase 15 anos. “Encosto o cotovelo ou aceno? É uma situação delicada.” Mas ele diz que o bate-papo presencial ainda é uma exceção. “Desde setembro, fiz menos de dez.” Antes do confinamento, os 200 especialistas da Michael Page no país entrevistavam cerca de seis mil executivos, ao mês, e 90% das consultas tinham etapas virtuais. Em média, 30% das contratações incluíam uma videoconferência. O número de entrevistas foi mantido no on-line. Em 2020, a equipe preencheu quase 70 mil posições, com uma demanda maior em vagas ligadas à transformação digital. O comparativo de 2019 não foi informado. Na visão de Luis Gustavo Giolo, diretor da prática de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e comunicação para a América Latina da Egon Zehnder, vale empenho e criatividade para driblar as dificuldades encontradas no isolamento obrigatório. Até agora, ele conduziu apenas três avaliações “ao vivo”: dois almoços em restaurantes e um no escritório, com uma distância de dois metros entre os participantes, numa sala aberta. “Chegamos de máscara, cumprimentamos de longe, no máximo com os cotovelos”, afirma. No auge da disseminação da doença, antes dos restaurantes abrirem, foi preciso improvisar. “Marcamos encontros em postos de gasolina, onde era possível conversar em frente às lojas de conveniência.” A Egon Zehnder concluiu 122 projetos de busca de executivos em 2019 e o plano para 2020 é crescer 11%. Tiago Salomão, sócio senior da Korn Ferry, especializada em headhunting para o C-Level e conselhos, diz que, antes do coronavírus, era importante visitar clientes e conhecer o local de trabalho do executivo a ser contratado. “Nessas ocasiões, percebíamos elementos da cultura corporativa”, diz. “Agora, isso não é mais possível.” Há 13 anos no ramo, Salomão tem feito análises mais aprofundadas durante as entrevistas 100% on-line e aumentou o uso de ferramentas de avaliação comportamental (“assessment”). Realiza de seis a 12 conversas remotas, por semana. Diz que os compromissos via vídeo estão ficando mais informais. Os candidatos já entendem que podem ser interrompidos, durante a entrevista, pela família, pelo gato, cachorro ou com barulho de obra. “Tem sido interessante, pois conhecemos mais a intimidade do executivo.” Ele já conversou com um profissional que estava sozinho com os filhos em casa e pediu um intervalo para ajudar um deles na aula, via Zoom. Uma executiva, com bebê de colo, também precisou parar a reunião, para amamentar. “Faz parte”, diz. No ano passado, a Korn Ferry concluiu cerca de 130 processos de seleção e atingiu 70, em 2020, até o final de outubro. Líderes da área digital, principalmente para companhias que estão estruturando negócios D2C (direto para o consumidor, na sigla em inglês) encabeçam as pesquisas. Também investiu na integração de sócios seniores reconhecidos nos seus nichos de atuação, como Manoel Rebello, que chegou em abril, depois de 20 anos na Heidrick & Struggles, e Dominique Einhorn. Márcio Gadaleta, consultor da Russel Reynolds Associates, firma global de advisory e com foco na alta liderança, acaba de finalizar a contratação de um CEO e de um CFO em uma companhia aberta da indústria de energia. “Desde o primeiro mês da pandemia, fechamos processos com clientes que conhecemos de forma digital e entrevistamos candidatos que só vimos por meio de videoconferência”, diz. Antes do confinamento, Gadaleta interagia com cerca de 40 candidatos, ao mês. Hoje, todos os encontros presenciais foram eliminados, atendendo à diretrizes de segurança da companhia. Com a digitalização das buscas, a agenda do executivo passou a comportar cerca de 60 conversas on-line, ao mês, um salto de 50%. Conferências para planos de sucessão podem levar até três horas. Há uma demanda crescente para posições na cadeia de suprimentos e logística, com o aumento do consumo via delivery, afirma. VALOR ECONÔMICO
Governo quer atingir 20 milhões de trabalhadores com programa de microcrédito
O programa de microcrédito que o governo pretende lançar como uma das alternativas após o fim do auxílio emergencial pode beneficiar algo em torno de 20 milhões de trabalhadores de baixa renda, segundo apurou o Estadão/Broadcast. No desenho do programa, a previsão é que os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) terão papel central para fazer a ponte com o público de informais, até então “invisíveis” ao governo. A medida tem sido discutida pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A Caixa, banco oficial que foi responsável pela operação do pagamento do auxílio, deve entrar com R$ 10 bilhões para financiar a nova linha de crédito, valor que pode chegar a R$ 25 bilhões com um eventual aumento de compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC), que seriam direcionados ao microcrédito. A expectativa é que o valor médio das operações fique em torno de R$ 1 mil, embora haja dentro do governo defensores de que os trabalhadores possam contratar financiamentos maiores, de até R$ 5 mil. O dinheiro seria usado como capital de giro ou compra de equipamentos e eletrodomésticos que ajudem o pequeno negócio. O microcrédito orientado tem um custo elevado para as instituições financeiras, e parte disso se deve à necessidade de obter informações de quem contrata o financiamento, realizar visita presencial do representante do agente financiador, além dos riscos da operação. Por isso, o governo trabalha em uma série de aprimoramentos para baratear e potencializar o alcance do crédito, tentando atrair outras instituições além da Caixa e reduzindo exigências dos clientes. A medida é estratégica num momento em que a equipe econômica não dispõe de recursos para turbinar o programa de transferência de renda. Crédito ‘solidário’Além do uso de fundos garantidores, que bancam as perdas no lugar do banco em caso de inadimplência, está em estudo a aplicação do modelo de aval solidário, já usado no Crediamigo, programa do Banco do Nordeste. Nesse desenho, um grupo é formado para a contratação do crédito, e cada um fica responsável pelo pagamento de uma parte da dívida, que é conjunta. O objetivo é estimular que uns cobrem dos outros que os pagamentos fiquem em dia. A inadimplência do Crediamigo é considerada baixa, ao redor de 2%. Os técnicos usam como ponto de partida a plataforma do programa Progredir, que já oferece microcrédito a trabalhadores registrados no Cadastro Único de programas sociais – base de dados que reúne brasileiros com renda de até R$ 522,50 por pessoa ou R$ 3.135 no total da família. Com o fim do auxílio emergencial, boa parte dos 38,1 milhões de “invisíveis” que receberam o auxílio emergencial devem ser incorporados ao CadÚnico para ter acesso ao novo programa de microcrédito. Eles não devem precisar se registrar como microempreendedores individuais para ter acesso à linha, embora o governo tenha o desejo de que cada vez mais os trabalhadores se formalizem de alguma maneira para ficarem cobertos pela Previdência. O ESTADO DE S. PAULO
Negócios sociais dão mentoria a quem precisa se recolocar no mercado
Quem busca o primeiro emprego ou uma recolocação no mercado de trabalho costuma ter suas angústias. “Será que meu currículo é bom?” e “tenho condições de mudar de carreira?” são dois questionamentos frequentes, mas que muitas vezes acabam travando candidatos. Empresas especializadas há um bom tempo já oferecem consultoria na área, mas em geral voltadas a executivos ou cobrando valores nem sempre acessíveis. Isso agora está mudando. Nos últimos anos, e em especial com a pandemia, surgiram iniciativas voltadas à recolocação de pessoas no mercado de trabalho a preços populares. São projetos, ONGs ou startups com gente especializada querendo compartilhar conhecimento e dar novos rumos a quem busca um emprego. Às vezes, até de graça. Um dos exemplos é o projeto Sabiah, gestado timidamente no início da pandemia. “Estava acontecendo muita coisa no Brasil e no mundo e eu não sabia como ajudar, porque tinha que ficar trancada dentro de casa. Na mesma época, uma amiga veio me pedir ajuda com o currículo. Era uma coisa que acontecia com frequência, de eu ajudar na elaboração de currículos ou em conversas sobre transição de carreira”, conta Mariana Busani, idealizadora do projeto. “Fiz um post no Linkedin me oferecendo para conversar sobre carreiras. Quando vi, tinha mais de 100 mensagens. Passei a ter quatro agendamentos por dia e minha agenda ficou lotada por dois meses”, relata Mariana, que é profissional da área de e-commerce. Amigas de Mariana se ofereceram para ajudar, e em dois meses o que era uma oferta de ajuda por post de Linkedin virou um projeto mais robusto. Uma plataforma foi criada e novos “conselheiros” – como são chamados os colaboradores – foram se juntando. Eles são profissionais de diversas áreas: engenheiros, comunicadores, pesquisadores, advogados, pedagogos, administradores. Quem tem dúvidas sobre carreiras ou outros assuntos, como intercâmbio, agenda um horário e tem cerca de uma hora para expor suas dúvidas (e aflições) e ouvir o que os profissionais pensam sobre isso. Tudo de graça. “A gente procura mostrar algum caminho de positividade. As pessoas vêm muito negativas. São desempregados que muitas vezes vêm e falam ‘eu fiz entrevista e fui recusado, já distribuí meu currículo, fiz meu Linkedin, não sei mais o que fazer’. E não sabem o que querem porque precisam de dinheiro e vão atrás de qualquer coisa”, conta a fundadora do Sabiah. “Uma dica que eu sempre dou é: estipule um horário para procurar emprego. Faça isso como se fosse um trabalho. Porque se você ficar 24 horas por dia procurando um trabalho, vendo se o e-mail chegou, você vai ficar doido.” Meio termo entre o serviço gratuito e o caroOutro projeto semelhante, mas dedicado a pessoas em vulnerabilidade social ou econômica, é o Revisores do Bem. Ele foi criado há dois anos por Lucy Nunes para ajudar quem precisa de orientação com currículo e entrevistas. Assim como no caso do Sabiah, o serviço é feito por voluntários. O projeto, porém, serviu como ponto de partida para Lucy atender a outro segmento. “Entendi que existia uma parcela da população que chegava até a gente e não estava em vulnerabilidade social, mas também não tinha condições de pagar pelo serviço que o mercado oferecia”, conta Lucy. “Então surgiu o Prepara.me.” O foco da empresa – que conta com profissionais da área de recrutamento e psicólogos – é oferecer orientação profissional para pessoas das classes C e D. “Como a gente trabalha com cargos de entrada, a gente recebe todo tipo de pergunta. Há casos de pessoas que querem escrever um e-mail para o recrutador e não sabem como. A gente ajuda nessas frentes.” Os pacotes de serviço partem de R$ 50. Há desde ajuda para confecção e análise de currículos até simulação de entrevista (R$ 85). Nesse caso, um profissional especializado em recrutamento age como o entrevistador e aponta pontos fortes e quais merecem mais atenção por parte do candidato. O Prepara.me também tem atuação em empresas. “Elas nos contratam e nos colocam como parte do pacote de benefícios. Quando os funcionários são desligados, a gente faz toda a preparação para o retorno deles ao mercado. É um serviço que já existia antes, mas ligado a executivos. Agora, a gente oferece isso a cargos de entrada, como atendentes de call center.” Ajuda de nicho: mulheresO Se Candidate Mulher é voltado exclusivamente para ajudar mulheres. Ele surgiu após a fundadora, Jhenyffer Coutinho, se deparar com uma pesquisa que apontou que a maioria das mulheres só se candidata a vagas de emprego ou promoção quando considera que tem 100% dos pré-requisitos necessários, enquanto homens o fazem com 60% deles. “Isso está muito ligado à síndrome de impostor. Ela pode atingir qualquer pessoa, mas acontece mais em mulheres. A gente é ensinada à perfeição, de sempre saber tudo, enquanto o homem é ensinado a conviver com o risco”, conta Jhenyffer. Assim como o Prepara.me, o Se Candidate Mulher também oferece serviços para candidatas e empresas. “A gente tem três trabalhos fortes com as mulheres: produção de conteúdo, cujo material é gratuito; mentoria, que é paga, mas selecionamos cinco bolsas gratuitas por mês; e trabalho na nossa comunidade, com atendimento todos os dias, tirando dúvidas”, explica. Os serviços oferecidos partem de R$ 35. Nos próximos meses, um clube será lançado para quem tiver interesse a ter acesso a todo o conteúdo oferecido. A ideia é cobrar uma mensalidade a preços populares. O ESTADO DE S. PAULO
Desemprego mais alto por períodos mais longos
Entre os países que adotaram políticas erráticas, e por isso de baixa eficiência, no combate à pandemia de covid-19, o Brasil é um dos que manterão alta taxa de desemprego mesmo depois que a economia começar a se recuperar. Dos dez países que registraram o maior número de mortos pelo novo coronavírus em relação à população, o Brasil deve fechar o ano com o maior índice de desemprego, além de alto endividamento do governo. São conclusões de um estudo do economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), que o Estado apresentou em reportagem publicada há dias. Além de alto, o desemprego no Brasil tem uma característica estrutural que o torna socialmente mais nocivo, e que a pandemia, longe de amenizar, pode ter acentuado. Trata-se do fato, constatado nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínuas e reafirmado pela Síntese de Indicadores Sociais – ambas do IBGE –, de que o desemprego é de longa duração para um número crescente de brasileiros. A consequência da combinação desses dois fenômenos é que há mais brasileiros sem ocupação e a condição de desempregado tende a ser mais longa para um número crescente de trabalhadores. Segundo o Ibre/FGV, o desemprego no Brasil deve alcançar 13,4% no fim do ano, acima da média de 9,6% dos dez países com mais mortes pela covid-19. Na comparação com os demais países, o Brasil só perde para a Espanha, onde o desemprego (16,8%) tem sido alto há bastante tempo. As indicações para os primeiros meses de 2021 não animam. O fim do pagamento do auxílio emergencial, que evitou o empobrecimento mais acentuado de quase 70 milhões de pessoas, tende a reduzir a demanda já no início do ano, o que deve afetar o ritmo da produção e, consequentemente, da geração de empregos. Além disso, o fim do pagamento de renda extra pelo governo deve levar mais brasileiros a procurar emprego, o que tende a elevar a taxa de desocupação. Antes mesmo de a pandemia ter destruído 14 milhões de postos de trabalho entre fevereiro e junho deste ano, o desemprego de longa duração já era amplo no País. A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE mostrou que, no ano passado, 27,5% dos desocupados estavam nessa situação há dois anos ou mais. O ESTADO DE S. PAULO
Mercado financeiro eleva previsão de inflação para 3,25% e vê tombo menor do PIB
Os economistas do mercado financeiro elevaram sua estimativa de inflação para 2020, pela décima quarta semana seguida, e também passaram a estimar uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. As projeções fazem parte do boletim de mercado conhecido como relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 16, pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, a expectativa do mercado para este ano passou de 3,20% para 3,25%. Há um mês, estava em 2,65%. No decorrer do ano, com a pandemia do novo coronavírus e a recessão na economia brasileira, o mercado baixou a estimativa de inflação. Nos últimos meses, porém, com a alta do dólar e com a retomada da economia, os preços voltaram a subir. Em setembro, a inflação oficial avançou 0,64%, a maior alta para o mês desde 2003. Em outubro, subiu para 0,86%, a maior desde 2002. Apesar da alta, a expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e acima do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020. Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic). Para 2021, o mercado financeiro subiu de 3,17% para 3,22% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%. Retração da economia Sobre o comportamento da economia brasileira em 2020, os economistas do mercado financeiro baixaram sua estimativa de tombo do PIB de 4,80% para 4,66%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 5%. Para 2021, o mercado manteve em 3,31% a estimativa de expansão do PIB. A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado uma retomada da economia brasileira. Taxa básica de juros Após a manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano no fim de outubro, o mercado segue prevendo estabilidade na Selic neste patamar até o fim deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado ficou estável em 2,75% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta dos juros no ano que vem. O ESTADO DE S. PAULO
PIX: o que é e como funciona o novo sistema de pagamento instantâneo
O sistema bancário brasileiro começa a passar por uma transformação nesta segunda-feira, 16, com a chegada do Pix, o meio de pagamento instantâneo do Banco Central. Após 12 dias de operação restrita, na qual alguns clientes selecionados pelas instituições financeiras puderam testar o sistema, o Pix agora está disponível para todo mundo. O novo sistema será mais rápido e prático que as transações feitas por DOC, TED ou boleto bancário e deve transformar o modo como o consumidor paga contas à vista, transfere valores e faz compras, dispensando o uso de cédulas e de cartões. Tudo será feito pelo smartphone. Instituições financeiras e de pagamento com mais de 500 mil contas, que incluem os principais bancos do País, serão obrigadas a oferecer a opção a seus clientes – os sistemas hoje disponíveis, como o cheque e os pagamentos com cartões de débito, continuarão existindo. Modelos equivalentes já funcionam em outros 50 países, como China, Índia e Reino Unido. O QUE É O PIX O Pix é um sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central. É um meio de pagamento, assim como são os boletos, a TED, o DOC, as transferências entre contas e os cartões de pagamento (de débito ou de crédito). A diferença é que o novo sistema permite que a operação seja feita em qualquer horário e com mais rapidez. A expectativa do Banco Central é que as operações sejam liquidadas em até 10 segundos. Isso significa que, quando um cliente pagar um restaurante durante a madrugada com o Pix, o dinheiro cairá quase instantaneamente na conta do estabelecimento O Pix não é um aplicativo, mas um meio de pagamento que será oferecido pelos prestadores de serviço de pagamento, como bancos e fintechs, em seus diversos canais de acesso, principalmente o celular. QUEM PODE USAR Qualquer consumidor ou empresa que tenha conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga em instituição financeira ou de pagamento participante do Pix. As transações podem ser feitas entre pessoas físicas, entre pessoas físicas e empresas, entre empresas e entre pessoas físicas e o poder público. O serviço poderá ser usado, por exemplo, para pagar por uma faxina em casa, pelas compras na feira, no e-commerce ou para quitar a conta de luz. As operações serão concentradas no celular, mas também poderão ser feitas pelo internet banking (computador). Desde que seja um smartphone, não há requisitos técnicos para o modelo do celular, é preciso apenas ter conexão com a internet. LIMITESOs parâmetros de valores para transferências e pagamentos por meio do Pix precisarão ser os mesmos de produtos concorrentes. Se um banco estabelece limite de R$ 20 mil para a TED de um cliente, esse também será o limite para o Pix. Se um cliente tem teto de R$ 5 mil para compras com cartão de débito, esse valor será a referência para pagamentos por meio do Pix. Com isso, o Banco Central busca fomentar a concorrência entre os diferentes produtos e garantir que os bancos ofereçam o novo modelo. CUSTOQuem fizer pagamento ou transferência pelo Pix não terá nenhum custo. No caso de pagamentos, a lógica será semelhante à do uso do cartão de crédito ou débito: o cliente não paga nada para usar o plástico numa compra. Nas transferências, o Pix terá uma vantagem em relação à TED e ao DOC – o custo das operações será pago pelo recebedor. Assim, quando o cliente pagar uma conta, o estabelecimento comercial poderá ter de arcar com a despesa pela transação. Isso porque a instituição financeira responsável pela transferência terá um gasto – de R$ 0,01 para cada dez transações. COMO FUNCIONA O PIXAs transações serão feitas principalmente por QR Code e pelo uso da chamada “chave Pix” (um dado pessoal previamente cadastrado), mas também há a possibilidade de fazer o preenchimento manual dos dados. CHAVE PIXO cliente pode registrar CPF, CNPJ, e-mail, número do celular ou ainda uma chave aleatória (formada por números, letras e símbolos gerados aleatoriamente), que ficará vinculado a uma conta. Com essa chave será possível receber e fazer transferências e pagamentos. O cadastro da chave não é obrigatório. No entanto, o Banco Central diz que é “altamente recomendável” para receber um Pix. Ainda que o consumidor possa receber transações apenas informando os dados da conta, essa forma não tem a mesma praticidade da chave e pode causar demora na iniciação da transação. Os clientes pessoa física podem ter 5 chaves para cada conta da qual forem titular, enquanto os clientes pessoa jurídica podem ter 20 chaves para cada conta do qual forem titular. Quem tem mais de uma conta em instituição financeira ou de pagamento pode incluir todas no Pix, vinculando a cada uma delas diferentes chaves. Por exemplo, o número do telefone celular pode ser vinculado à conta corrente da instituição X; o CPF, à conta poupança da instituição Y; o e-mail, à conta de pagamento da instituição Z. Não é possível vincular a mesma chave a mais de uma conta. No entanto, é possível vincular todas as chaves (CPF, número de celular e e-mail) a uma mesma conta. Dessa forma, quando o pagador iniciar o pagamento a partir de qualquer uma dessas informações, os recursos serão disponibilizados nessa mesma conta. COMO FAZER O CADASTRO DAS CHAVES 1 No app da instituição financeira onde tem conta, informe o dado que quer vincular ao PIX 2 Para confirmação da posse da chave, a instituição vai enviar um código por SMS para o número de celular utilizado como chave (ou para o e-mail que se quer utilizar como chave, se for o caso) 3 Insira o código enviado pelo banco e confirme por meio de sua senha, biometria ou reconhecimento facial COMO USAR A CHAVE NO PIX 1 Acesse o app da instituição financeira onde tem conta, clique na opção do PIX e defina se será pagamento ou recebimento 2 Selecione o tipo de chave para identificar o recebedor, insira a senha da instituição financeira e confirme a operação QR CODE Bastante difundido em alguns países,
Abstenções crescem em eleição com pandemia e chegam a 23%
Com 99,89% das urnas apuradas, o país registrou 23,14% de abstenções no primeiro turno das eleições, o maior índice para pleitos municipais dos últimos 20 anos. Nas eleições anteriores, ocorreram sucessivos aumentos nas taxas de pessoas aptas a votar que não compareceram às urnas. No pleito municipal de 2016, a abstenção foi de 17,6% no primeiro turno e no anterior, em 2012, a taxa foi de 16,9%. “Os níveis de abstenções foram inferiores a 25%, portanto, em plena pandemia, nós tivemos um índice de abstenção pouca coisa superior a das eleições passadas”, disse em entrevista coletiva o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, neste domingo (15). “Eu gostaria de cumprimentar, de coração, o eleitorado brasileiro que compareceu em massa apesar das circunstâncias.” Em São Paulo, com 99,67% de urnas apuradas, a taxa de abstenções é de 29,29%. Em 2016, o índice foi de 21,8% e, em 2012, 18,5%. Com 99,99% dos votos contabilizados, a capital do Rio de Janeiro registrou 32,79% de abstenções, superior aos 24,3% registrados em 2016. O aumento de abstenções foi registrado também em outras capitais do país. Florianópolis, por exemplo, teve 28,65% de abstenções, mais que o dobro do registrado em 2016 (12,2%). Manaus também registrou acentuado aumento e passou de 8,6% no primeiro turno de 2016 para 18,23% neste ano. Já Vitória, que teve 10,8% de abstenções nas eleições municipais anteriores, registrou 25,45% em 2020. Curitiba também apresentou índice elevado, com 30,18% —em 2016, a taxa foi de 16,4%, número já superior às eleições municipais de 2012 (9,1%). Em Macapá, capital do Amapá, que passa por um apagão, as eleições para prefeito e vereador foram adiadas na última quinta-feira (12). O primeiro turno deste ano foi marcado por problemas registrados no aplicativo e-título, tentativas de ataques cibernéticos a servidores da corte e lentidão da divulgação da apuração dos resultados, que, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não teve relação com as investidas hacker. Segundo Barroso, houve uma falha no supercomputador que processa a totalização dos votos. O ministro garantiu que o episódio não afeta o resultado da votação. “Não há nenhum risco de o resultado não expressar o que foi votado”, afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, por volta de 21h de domingo (15), que começou com uma hora de atraso por causa dos problemas. No levantamento realizado nos dias 13 e 14 de novembro pelo Datafolha, 13% dos entrevistados indicaram que poderiam deixar de votar em função do coronavírus. O índice diminui em relação à pesquisa feita pelo instituto entre os dias 21 e 22 de setembro, que apontou 21%. O levantamento de novembro ouviu 2.987 eleitores e está registrado no Tribunal Regional Eleitoral com o número SP-01587/2020. Encomendado pela Folha em parceria com a Rede Globo, ele tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. O pleito acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 165 mil mortos no Brasil até este domingo. Para evitar o contágio durante a votação, o TSE elaborou um plano de segurança sanitária com especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês. Entre as regras estão a obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamento mínimo de 1 metro entre as pessoas, com marcação de adesivos no chão, e disponibilização de álcool em gel antes e depois da votação. O horário de votação também foi ampliado em uma hora para evitar aglomerações e aconteceu das 7h às 17h. O TSE orientou que o horário das 7h às 10h fosse preferencial para pessoas acima de 60 anos, um dos grupos considerados de risco para a Covid-19. Além disso, identificação biométrica foi excluída para diminuir o risco de contágio em superfícies e evitar a formação de filas e aglomerações, já que o protocolo é um dos mais demorados nas etapas de votação. O protocolo sanitário também prevê a higienização constante de outras superfícies do espaço, como as mesas e cadeiras usadas pelos mesários, e o uso do aplicativo e-título para justificar ausência, com verificação por georreferenciamento. No entanto, a medida, que foi tomada para reduzir o fluxo de pessoas nos locais de votação, apresentou problemas neste primeiro turno das eleições. Eleitores relataram dificuldade para acessar o aplicativo tanto para concluir o cadastro quanto para justificar a ausência. Todos os eleitores e mesários que receberam diagnóstico de Covid-19 ou tiveram febre nos 14 dias anteriores ao dia de votação também não deveriam comparecer aos locais de votação e podem justificar a ausência.