Instituto Ipsos realizou uma pesquisa nacional a pedido da Dasa Empresas
Sílvia Haidar
SÃO PAULO
Além de afetar diretamente a saúde, a Covid-19 gera impactos econômicos, psicológicos e sociais. Para entender como os brasileiros avaliam o bem-estar após o surgimento do coronavírus, o Instituto Ipsos realizou uma pesquisa a pedido da Dasa Empresas, gestora de benefícios e soluções de saúde corporativa da rede de saúde integrada Dasa.
O levantamento foi realizado de forma virtual entre os dias 29 de novembro a 16 de dezembro de 2021 com 1.014 colaboradores de empresas que têm ao menos 400 funcionários. Foram ouvidas pessoas das cinco regiões do país, a partir de 18 anos, sendo 51% mulheres e 49% homens. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos.
Dos entrevistados, 4% se autodenominam pertencentes à classe A, 32% na classe B e 64% na classe C.
O questionário online teve como base três pilares: “Comportamento em relação à Saúde”; “Plano de Saúde” e “Performance das Empresas e Comunicação”.
“A pesquisa constatou que, apesar da satisfação geral com a qualidade de vida e a saúde, parte dos brasileiros estão insatisfeitos com alguns aspectos: um terço relata insatisfação com a qualidade do sono, quase um quarto está insatisfeito com a alimentação e a disposição e energia para realizar tarefas diárias, enquanto 20% estão insatisfeitos com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e 21% com a baixa capacidade de concentração”, afirma Rafael Motta, diretor-geral da Dasa Empresas.
Os destaques ficam para os entrevistados da região Norte: 40% afirmam estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos com sua disposição e energia para desempenhar as tarefas diárias, à frente da insatisfação de 26% na média nacional. Já os do Centro-Oeste possuem a menor média de descontentamento, com apenas 18%. “Além disso, um a cada três jovens, de 18 a 29 anos, relata problemas quando os assuntos são qualidade do sono e disposição e equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, completa Motta.
Dois terços dos entrevistados (66%) concordam que deveriam cuidar mais da saúde, mas não conseguem. Problemas considerados atitudinais, como a falta de disciplina (41%) e falta de tempo (29%), seguidos por financeiros (34%) e opções não tão saudáveis de alimentação (31%) são citados como os maiores impeditivos.
No que diz respeito à prevenção de doenças, 58% das pessoas afirmam que só vão ao médico quando identificam um problema. Além disso, menos da metade dos entrevistados (47%) faz exames preventivos uma vez ao ano, sendo que 28% argumentam que têm receio dessa prática por medo do que podem descobrir.
“Esse dado traz um alerta para que os players do setor reforcem as políticas de educação com ênfase na realização de exames corretamente indicados como fator primordial à prevenção e diagnóstico precoce. Assim, gaps de cuidado e de rastreio podem ser equacionados de maneira que doenças crônicas ou outras enfermidades possam ser descobertas no início, melhorando o prognóstico e encurtando a trajetória de superação ou controle das doenças”, afirma Leonardo Vedolin, diretor-geral médico e de cuidados integrados da Dasa.
Em se tratando de gênero, 32% das mulheres dizem estar insatisfeitas ou muito insatisfeitas com sua disposição e energia para desempenhar as tarefas diárias, ante 15% do público masculino. Além disso, cerca de 26% das entrevistadas também não estão felizes com a “capacidade de se manter concentrada em tarefas” e “na qualidade da alimentação”, frente a 17% dos homens.
As mulheres se mostram mais cuidadosas quanto à atenção com a saúde: 50% disseram fazer exames preventivos ao menos uma vez por ano, enquanto 44% dos homens dizem seguir essa regularidade. Por outro lado, somente 38% delas levam seu histórico de saúde e exames prévios quando vão ao médico, ante 48% deles.
Um dado apontado pelo levantamento é a utilização de aplicativos de saúde em todas as camadas sociais —com predominância para os entrevistados da classe A com 75% de frequência de uso. As consultas online, ou telemedicina, também são mais presentes nas classes economicamente mais altas (56% entre a classe A e 40% na classe B), mas mesmo entre os entrevistados que disseram nunca ter realizado consultas por telemedicina, a maior parte (60%) diz ter a intenção de realizar esse formato no futuro. A satisfação com o uso é alta, com notas entre 4 e 5, em que 5 representa a maior escala.
Entre aqueles que têm plano de saúde, 66% das pessoas que recebem o benefício integral se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos, enquanto apenas 50% dos coparticipantes demonstram os mesmos níveis de satisfação. Em ambos os casos, os principais motivos de insatisfação com os planos são cobertura, atendimento demorado, abrangência de exames e especialidades. Referente à realização de exames de rotina, 55% dos beneficiados têm essa prática, frente a apenas 29% dos que não usufruem do benefício.
Dos que não possuem plano de saúde, 24% dizem estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos com relação ao equilíbrio entre suas vidas profissional e pessoal, em comparação com 18% de quem possui o benefício. Outro dado interessante é que os beneficiários levam mais o histórico ou exames prévios a consultas médicas: um total de 45%, frente a 30% entre aqueles que não possuem planos.
Quando se avalia a performance das empresas com relação à oferta de benefícios, fica evidente uma diferença de expectativas quanto à “preocupação com a saúde emocional dos colaboradores” e a garantia de “um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal”. Quando perguntados quais os dois principais itens que uma empresa deveria oferecer, 39% dos funcionários disseram que as empresas deveriam oferecer planos de saúde de qualidade, 22% um ambiente seguro de trabalho e 19% deveriam se preocupar com a saúde emocional dos colaboradores.
Entre as piores avaliações está a capacidade das empresas em ouvir as demandas e críticas dos funcionários sobre temas de saúde, com classificações como “muito ruim” (8%), “ruim” (15%) e “nem boa, nem ruim” (28%).
Como diferenciais, os fatores que mais pesam na escolha dos pesquisados (“extremamente importante”) na escolha dos laboratórios e hospitais são atendimento (66%), limpeza (70% em laboratórios e 69% em hospitais), e cobertura do plano (68% em laboratórios e 66% em hospitais). Atributos que pesam mais do que a indicação do médico e do valor pago.
“Os resultados da pesquisa balizam as empresas a tomar decisões estratégicas oferecendo ou ampliando benefícios e, até dependendo, repensando o modelo de trabalho, seja para reforçar o engajamento dos funcionários, ou para atrair novos talentos”, finaliza Motta.