Levantamento feito pela PwC apontou, ainda, que mulheres se sentem menos propensas a ocupar cargos de liderança que os homens nessas companhias
Por Fernanda Gonçalves
A expansão para novos setores e mercados, a adoção de novas https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpgs e a pauta ESG estão entre as principais preocupações das novas gerações de líderes em empresas familiares. No entanto, esses mesmos gestores têm tido dificuldades para colocar mudanças em prática. É o que mostra a pesquisa NextGen sobre sucessão familiar obtida com exclusividade pelo Valor e conduzida pela empresa de consultoria e auditoria PwC, que ouviu 1.306 companhias em todo o mundo.
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O estudo revelou que, embora a nova geração esteja ávida por promover mudanças na gestão das empresas, mais de um terço desses novos líderes afirma se deparar com certa resistência às transformações nas corporações. Nas palavras de Helena Rocha, sócia da PwC Brasil, estar preparado para a sucessão na prática é algo sobre o qual raramente se fala e, na ausência dessa discussão, muitos herdeiros acreditam que devem seguir o exemplo das gerações anteriores, em vez de forjar um caminho diferente. “Isso explica o porquê da convicção dos futuros líderes de que, apesar de o ESG estar vinculado ao crescimento, ainda não tenha sido traduzida em ação”, relata.
Além disso, o levantamento apontou que, entre as mulheres ouvidas, 43% entendem que podem ocupar cargos de liderança, em comparação aos 59% dos homens, e que 25% das mulheres acreditam que precisam de mais entendimento sobre o negócio; índice que é de 13% entre os homens. Ao mesmo tempo, 35% das mulheres percebem que há uma expectativa maior de que os homens sejam responsáveis pela administração das organizações.
“Se as empresas familiares estão em busca de resultados rápidos na ampliação da diversidade de seu pensamento, elas devem começar analisando o papel relativo dos gêneros”, destaca Rocha.
Ela lembra que as mulheres, assim como os homens, enxergam o crescimento dos negócios como prioridade máxima, mas estão ligeiramente mais preocupadas com os aspectos ESG. “Melhorar as condições de trabalho e a sustentabilidade são questões mais importantes para elas do que para eles”, pontua.
Na visão da sócia da PwC Brasil, um dos principais desafios que os novos líderes enfrentarão nos próximos anos ao comandar as empresas reside na aquisição do direito de alterar o status quo. “Conquistar a confiança da geração atual e demonstrar que o negócio vai prosperar sob seu comando exigirá trabalho. O mundo está mudando e as técnicas de negócios do passado não bastam”, enfatiza.
Segundo ela, para manter a estabilidade e alcançar o crescimento, os novos líderes terão de superar limites e desafiar mentalidades arraigadas dentro das companhias. “Manter a abordagem de negócios habitual da empresa familiar não será suficiente para lidar com o cenário atual de incerteza. Os futuros líderes terão que desenvolver seu próprio plano de sucesso”, comenta.
Nesse sentido, Rocha aconselha os herdeiros a formular e negociar contratos geracionais. “Novos tempos exigem novos tipos de líderes. Para que as empresas familiares tenham sucesso em um ambiente em rápida mudança, elas precisam de líderes visionários. O momento é decisivo”, completa.