Serviços confirmam retomada mais tímida à frente

Valor Econômico – 15/10/2021

O setor de serviços continuou em recuperação em agosto, confirmando que será o motor da economia brasileira no segundo semestre, enquanto a indústria enfrenta gargalos e o comércio já sente mais a inflação.

Após quatro altas mensais seguidas acima de 1%, no entanto, o crescimento moderou, como esperado pelo Valor Data, para 0,5% e deve prosseguir com taxas nesse patamar mais baixo até o fim do ano, dizem economistas.

Na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo IBGE, o volume prestado avançou 16,7% sobre agosto de 2020 (devido à baixa base de comparação) e, em 12 meses, acelerou de 2,9% em julho para 5,1%, ante queda de 5,3% até agosto do ano passado. Na margem, os serviços tiveram taxas positivas em 14 dos últimos 15 meses – a exceção foi março de 2021, quando caíram 3% em meio à segunda onda da pandemia.

Desde abril deste ano, o setor acumula alta de 6,5%. Em agosto, alcançou o nível mais elevado desde novembro de 2015 e agora está, em média, 4,6% acima do pré-covid (fevereiro de 2020).

“O resultado confirmou o que já era esperado, serviços vêm reagindo, mas não uma reação muito forte, é mais fraco do que nos últimos meses, porque o mercado de trabalho enfrenta dificuldades, a confiança do consumidor está baixa”, afirma Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre).

Há, porém, muito espaço para crescimento entre os segmentos mais afetados pelo isolamento social, como os serviços prestados às famílias, que aceleraram de 2% em julho para 4,1% em agosto e, desde abril, acumulam 50,5%, mas ainda estão 17,4% abaixo do pré-pandemia. Já o transporte aéreo passou de queda de 4,9% em julho para alta de 7,4% em agosto, mas continua 7,7% aquém do pré-covid.

O avanço dos segmentos em agosto, diz Tobler, está em linha com o andamento da vacinação e o retorno da circulação de pessoas. Segundo o economista, a vacina “tem mostrado que dá efeito” e “as pessoas voltam a consumir serviços”. “Mas ainda tem espaço muito grande para esses grupos se recuperarem e eles precisam, porque empregam muita gente, é muito importante para o andamento da economia”, afirma.

Das cinco atividades na pesquisa, quatro cresceram em agosto. Além dos serviços às famílias, houve avanço em outros serviços (1,5%), informação e comunicação (1,2%) e transportes (1,1%). O único resultado negativo foi de serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%). “Temos esses dois movimentos. Por um lado, reduzindo as perdas no caráter presencial. Na outra parte, o dinamismo das empresas que não foram tão afetadas pela pandemia e aproveitaram as oportunidades trazidas por ela, como os serviços de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg da informação”, diz Rodrigo Lobo, gerente da PMS.

O comportamento dos próximos meses vai depender, segundo ele, de quanto os serviços às famílias poderão crescer antes que o desemprego e a renda em queda se tornem obstáculos. “Não sabemos também qual é o limite do avanço expressivo de https://sindeprestem.com.br/wp-content/uploads/2020/10/internet-cyber-network-3563638-1.jpg e informação. São duas incógnitas que vamos ter de esperar as próximas informações para ver até quando vai o fôlego do setor de serviços.”

Embora a PMS reforce que é o setor de serviços que tem trazido alento para a economia, após desempenhos “bastante enfraquecidos” da indústria (-0,7%) e do varejo (-2,5% no conceito ampliado) em agosto, para os próximos meses é possível que sejam vistos episódios de queda mensal na PMS, afirma César Garritano, economista da Renascença DTVM.

De um lado, diz, o processo de reabertura econômica deve estar muito próximo da consolidação. De outro, a conjuntura econômica contempla lenta diminuição do desemprego, forte contração da renda do trabalho, inflação elevada e disseminada, contínua piora do endividamento das famílias e recente intenso recuo da confiança dos consumidores.

Até o fim do ano, a recuperação dos serviços deverá ocorrer a taxas parecidas com a de agosto, “mais tímidas”, diz Tobler. O Safra, por exemplo, projeta 0,1% para a PMS de setembro, enquanto MCM e XP esperam 0,6%.

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