Revisão do Caged não altera trajetória do emprego, mas faltou cuidado ao tratar dados, diz economista do FGV Ibre

Valor Econômico –

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Daniel Duque afirmou que a nova revisão dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) relativos a 2020 não muda a trajetória de recuperação observada no mercado de trabalho formal. Para ele, no entanto, faltou mais cuidado do governo na divulgação dessas informações.

Uma nova revisão dos dados do Caged levou o saldo de empregos formais em 2020 para o campo negativo. Considerando os dados mais recentes, o país fechou 191.502 vagas no ano passado. Em janeiro deste ano, o governo havia divulgado a criação de 142.690 postos de trabalho no período.

Para o pesquisador, mesmo com a revisão, os dados do ano passado ainda indicam recuperação no segundo semestre de 2020, embora menos expressiva. “Não muda a história geral, o que muda é que a recuperação não foi tão forte”, disse, acrescentando que o movimento de revisão observado é natural dado que o Caged estava deslocado da atividade econômica.

“O principal ponto de crítica é que o governo estava divulgando esses números vultosos do Caged como um sinal inegável de que a economia estava indo bem e de que estava tudo ótimo. Deveria ter se tomado mais cuidado”, afirmou.

O economista disse não avaliar a situação como uma “anomalia intencional ou manipulação dos dados”, mas como consequência do processo de implementação do novo sistema de captação dos dados. O Caged passou por mudanças metodológicas em 2020. Duque foi um dos economistas que alertaram para o risco de subnotificação de desligamentos pelas empresas no ano passado.

Em nota técnica, o Ministério do Trabalho e Previdência afirma que, a partir de outubro, foram realizadas atualizações, já programadas, para “aumentar a precisão de toda a série de dados do Novo Caged”.

Assim, houve mudanças relativas à declaração fora do prazo das empresas do Simples Nacional no eSocial a partir de maio de 2021; exclusão de informações de movimentações que tenham sido informadas equivocadamente pelas empresas; e adequação na consolidação dos dados do eSocial com as declarações feitas no sistema do Caged.

“Considerando os tópicos acima mencionados, tem-se alterações que representam 2,78% do total de movimentações desde o início do novo Caged”, diz a nota.

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