Ministério da Economia revisa PIB para cima

O Ministério da Economia deve elevar para 3,5% sua projeção de crescimento para o Produto Interno Brasileiro (PIB) para 2021, apurou o Valor. Atualmente, a estimativa oficial do governo está em 3,2%. A divulgação do novo número está prevista para a manhã de hoje, quando será publicado o Boletim Macrofiscal, produzido pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia. O movimento do governo segue o que está ocorrendo no mercado nas últimas semanas. Bancos e consultorias já vinham elevando suas projeções há mais de um mês à medida que os números de diferentes indicadores do primeiro trimestre estava sendo divulgados. E essa tendência foi reforçada após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br, que tenta antecipar a trajetória do PIB) divulgado na última quinta-feira. Ontem, a pesquisa Focus mostrou que a mediana das estimativas de mais de uma centena de analistas para o PIB do ano subiu de 3,21% para 3,45%.

O Valor já havia informado na semana passada que havia um viés de alta na projeção do governo, mas havia dúvida se isso seria incorporado agora nas projeções ou se os técnicos aguardariam mais informações, como o PIB fechado do primeiro trimestre, que será divulgado no início de junho. Com os resultados de vários indicadores em março mostrando queda na atividade bem menor do que o esperado para aquele mês – quando muitos estados aumentaram suas restrições por conta da escalada de mortes por covid-19 – e os dados do primeiro trimestre indicando um número positivo, a equipe econômica resolveu fechar agora sua projeção mais otimista. Esse novo número para o PIB calculado pelo ministério da Economia será incluído na grade de parâmetros do relatório bimestral de receitas e despesas, que tem que ser divulgado até o fim desta semana. O dado do PIB afeta, por exemplo, a projeção de receitas do governo, que, por sua vez, afeta a estimativa de resultado primário. Um crescimento maior da economia também melhora o principal indicador fiscal do país, a relação dívida/PIB. No relatório bimestral a ser divulgado até o fim da semana, o governo também deve fazer uma revisão em sua projeção de despesas, abrindo espaço para gastos em algumas pastas que sofreram mais ajustes quando o presidente Jair Bolsonaro vetou parte das emendas parlamentares (R$ 19,8 bilhoes) e ainda anunciou o bloqueio de R$ 9 bilhões para poder cumprir o teto de gastos e atender despesas obrigatórias.

Segundo fontes da área econômica, as projeções para alguns gastos serão reduzidos, como o de seguro-desemprego. Essa rubrica será favorecida pela nova rodada do Benefício Emergencial (BEm, o programa de redução de jornada e salários), que, na visão dos técnicos, vai reduzir o desemprego e, consequentemente, o gasto com o seguro. O BEm será pago com crédito extraordinário e, por isso, não afeta o teto de gastos. Os valores da nova projeção de despesas estavam sendo fechados pela área técnica nos últimos dias. Com a abertura de espaço em algumas despesas obrigatórias, o governo vai poder recompor parte dos recursos para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o mais afetado pelos vetos e bloqueio presidenciais, e para outras pastas, como Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, bem como R$ 400 milhões para vacina contra covid-19.

VALOR ECONÔMICO

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