A frágil economia brasileira

O Estado de S.Paulo – 24/01/2022 –

É notória a fragilidade da economia brasileira na comparação com o desempenho das maiores economias do mundo ou com a evolução dos demais países da América Latina. A inflação brasileira em 2021, de 10,06%, foi a terceira mais alta entre as principais economias mundiais. Nesse campo, o Brasil só perde para a Argentina e para a Turquia, países que enfrentam dificuldades excepcionais na economia ou na política. Quanto ao crescimento, o quadro brasileiro é ainda mais preocupante.

Numa região para a qual as previsões são bem menores do que para o restante do mundo, as expectativas são ainda piores para o Brasil. As estimativas para as economias avançadas são de crescimento de 4,2% em 2022. O crescimento médio da América Latina neste ano deve ser de 2,1%, de acordo como o Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2021 feito pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à ONU. Já o Brasil deverá crescer apenas 0,5%.

Pesquisas semanais do Banco Central do Brasil com as principais instituições financeiras do País mostram queda constante nas previsões para o crescimento da economia em 2022. As mais recentes já estão abaixo de 0,5%.

Problemas que os países latino-americanos tiveram de enfrentar desde o início da pandemia continuam a desafiar os governos da região. Outros podem ter surgido, tornando ainda mais difícil a retomada do crescimento em ritmo mais intenso. A persistência da pandemia e sua evolução com o surgimento de novas cepas, a forte desaceleração do crescimento, o baixo nível de investimentos, a estagnação da produtividade, a lenta recuperação do emprego, a persistência ou agravamento de desigualdades sociais por causa da covid-19, a redução da capacidade financeira dos governos, o aumento das pressões inflacionárias são problemas conhecidos dos brasileiros e que se estendem por toda a região.

São igualmente conhecidos os meios para enfrentar esse conjunto de dificuldades. A combinação sensata de políticas monetária (para conter a inflação) e fiscal (para estimular o crescimento sem gerar desequilíbrios) é a mais óbvia deles. Colocar os países latino-americanos nesse rumo exigirá competência, firmeza e racionalidade dos governantes, sobretudo num ambiente marcado por baixo crescimento, riscos cambiais, queda de demanda internacional, entre outros problemas.

“É necessária uma visão estratégica do gasto público que vincule as demandas de curto prazo com investimentos de longo prazo e que contribua para o fechamento das lacunas sociais”, recomenda a Cepal.

São recomendações que, se seguidas, contribuirão para atenuar as muitas dificuldades por que passam as populações latino-americanas. Deverá haver na região governos sensíveis a questões como essas. Não é, lamentavelmente, o caso do Brasil, cujo governo é chefiado por um velho político que, interessado apenas em proteger a si, seus familiares e apoiadores extremistas, ignora os dramas que seu desgoverno causa a milhões de brasileiros, agravando-os.

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