A confiança volta às pequenas empresas (Editorial)

O alívio das restrições necessárias ao enfrentamento da pandemia e o aumento da oferta de vacinas estão devolvendo o otimismo a um dos segmentos mais afetados pelo avanço da covid-19: o das micro e pequenas empresas (MPEs). Em geral menos preparadas material e financeiramente para operar em crises, essas empresas foram muito afetadas no início do ano, quando o aumento rápido do número de contaminações e de mortes pelo coronavírus exigiu novas restrições. Em março, por isso, a confiança desses empreendedores teve forte queda. Mas a recuperação tem sido rápida.

A Sondagem de Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que em maio o Índice de Confiança desse segmento de empresas alcançou 93,5 pontos, o maior nível desde dezembro. Desde março, o crescimento foi de 11 pontos, sendo 5,4 entre abril e maio.

O Índice de Confiança resulta da combinação de medições relativas aos três principais segmentos em que atuam as empresas de menor porte, que são comércio, serviços e indústria de transformação. Todos vêm mostrando maior confiança, mas os melhores sinais de recuperação estão no comércio e nos serviços, mais duramente afetados na chegada da pandemia, em março do ano passado, e novamente em março deste ano, com o aumento das notificações de casos de contaminação pela covid-19.

Um ponto particularmente animador da pesquisa apontado pelo presidente do Sebrae, Carlos Melles, é a melhora da expectativa de geração de vagas nos próximos três meses, depois de meses de sinalização de demissão pelas empresas de pequeno porte.

“Uma das possíveis razões para o otimismo das MPEs é o fato de que medidas restritivas têm sido flexibilizadas, além da possibilidade do aumento na oferta de vacinas para a população em geral”, diz o presidente do Sebrae.

Em maio, em particular, além do Dia das Mães, houve redução no número de mortes diárias pela covid-19. Também houve a manutenção do pagamento do auxílio emergencial, que impulsionou a demanda. Em dois meses, a confiança do comércio aumentou 22 pontos. A dos empreendedores do setor de serviços cresce um pouco menos, mas a recuperação é consistente, segundo o Sebrae.

O ESTADO DE S. PAULO

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