Ministério Público do Trabalho convoca audiência com a Ford para discutir demissões

O Ministério Público do Trabalho e representantes da Ford terão nesta quinta-feira (14) uma audiência virtual para discutir demissões com o fim das operações nas fábricas de Taubaté, no interior de São Paulo, Camaçari, na Bahia, e Horizonte, no Ceará.

A empresa projeta a demissão de cerca de 5.000 empregados no Brasil e na Argentina.

Além do procurador-geral do trabalho, Alberto Balazeiro, e de representantes da Ford, deverão participar da audiência Ronaldo Lima dos Santos, da Conalis (Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social), e Bruno Bianco Leal, secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Na terça (12), o diretor jurídico da empresa americana, Luís Cláudio Casanova, participou de uma videoconferência com a presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Maria Cristina Peduzzi.

Segundo o tribunal, os representantes da empresa comunicaram ao TST o encerramento de parte das atividades no Brasil.

Casanova disse à ministra que o fechamento das fábricas decorre de uma reestruturação da empresa na América Latina. Segundo ele, a empresa buscou alternativas para evitar o fechamento das fábricas, mas a pandemia elevou o prejuízo anual da montadora, inviabilizando a permanência das operações no Brasil.

O advogado da Ford também afirmou, de acordo com o TST, que a empresa valoriza a negociação coletiva e busca manter “uma postura de apoio aos parceiros”.

A fábrica de motores e transmissões de Taubaté está parada desde o anúncio de encerramento das atividades, mas a montadora informou que ainda terá sua produção retomada no decorrer do ano para recompor estoque de pós-venda. Em Horizonte, a fabricação do utilitário Troller T4 continua até o fim de 2021. A planta de Camaçari já está totalmente parada.

A ministra Peduzzi, em nota, lamentou o fechamento das unidades e o desemprego decorrente da decisão. “Esperamos que seja possível resolver os conflitos de forma consensual para satisfazer de maneira efetiva a vontade das partes.”

A Ford diz que o plano de demissão dos funcionários será discutido com os sindicatos dos metalúrgicos. Em Taubaté, o acordo coletivo em vigor prevê a estabilidade no emprego até 31 de dezembro de 2021.

Nesta quarta (13), o Procon-SP pediu à Ford que explique como garantirá o atendimento aos donos de veículos. A notificação do órgão de defesa do consumidor também solicitou informações sobre o número de peças de reposição que ficarão disponíveis no país, bem como o prazo em que serão oferecidas.

A Ford disse que prestará todos os esclarecimentos necessários no prazo solicitado pelo Procon-SP.

FOLHA DE S. PAULO

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